Ben Pearce é muito mais que um single

Produtor londrino luta para desmistificar seu sucesso em cima do hit “What I Might Do”

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O olho no britânico é evidente desde o ano passado. What I Might Do foi lançado em agosto de 2013 e botou Ben Pearce no mapa. Saiu completamente do anonimato para liderar os charts ingleses e, desde então, sua vida mudou. Do nada, apareceu para o mundo, passa maior parte do seu tempo em aeroportos cruzando oceanos para mostrar seu trabalho, ganhou disco de platina na Itália, primeiro lugar do estilo e acordou para sua realidade: o sucesso veio, mas junto à expectativa e, consequentemente, à pressão.

É difícil acreditar que um garoto nascido em berço Rock e Post-Metal poderia se tornar um dos nomes mais aclamados de 2013 e mais esperados de 2014. Ben Pearce se aproximou do House somente aos 18 anos, quando frequentava clubes com seus amigos. Apaixonou pelo gênero e começou a ganhar residências assim que seu trabalho de DJ foi se consagrando. Aos poucos, foi deixando fluir seu processo criativo e chegar mais perto dos programas de produção. Em pouco tempo, Pearce sairia de seu trabalho convencional dentro de um call center e dedicaria tempo integral à música. Pra nossa felicidade.

Quem se faz presente em uma pista que o produtor toca fica surpreso com sua familiaridade com o processo. Isso é natural para Ben, que já era DJ antes mesmo de começar a escrever suas músicas. Dessa forma, o cuidado com o set é maior e o olho se torna bastante treinado para absorver a vibe de cada público. Seja para aquecer ou para soltar o banger que tanto gosta.

Mesmo que com, relativo, pouco tempo de carreira, Ben Pearce divide seu pouco tempo livre com seu selo. Purp & Soul não tem ambição das maiores agências do mundo, mas funciona bem como uma vitrine de artistas talentosos. Seja amigos próximos do produtor ou até um som descoberto do outro lado do mundo, Pearce dedica sua experiência a ensinar um pouco sobre a dinâmica do mundo da música, desafia seus pupilos e os prepara para a indústria. Tudo com preocupação de quem trata seus apadrinhados como, de fato, família, sem estrelismos e em prol da disseminação de bons trabalhos.

Como pode-se perceber, o que envolve a vida e carreira de Ben Pearce não são as tendências nem uma ambição fora do comum. Podemos ver, em seu último EP lançado, que seu processo criativo é feito de forma natural, apenas focando no que faria as pessoas dançarem, em formas inusitadas de fazer música de qualidade. Em Lego a estrutura é bem mais pesada que What I Might Do, mas isso reflete diretamente no que Pearce vem tocando nas últimas gigs, sem rodeios ou máscaras ou pensar demais na resposta consciente dos gêneros, “é Disco ou Techno?”. Com single pronto vindo com a Black Orange Juice, a vida do produtor vai leve, evitando tropeçar por andar rápido demais. Um trabalho feito forçado soaria forçado e não é isso que movimenta esse tipo de artista. Ben Pearce toca com o coração e só naturalmente isso iria acontecer.

Sem projetar muito o que acontecerá até o fim do ano, ou os próximos passos da vida vida de empreendedor, Ben Pearce segue na luta de provar que seu nome não é sinônimo de um single. Quem conhece seu trabalho e acompanha a carreira desde o início sabe que é bem mais que isso. Seja em seus remixes, planos de EP com colaborações, mixtapes para rádios e até seu trabalho no selo, é possível botar o nível de perfeccionismo de Pearce como um veterano. 2014 é a oportunidade que ele tem para dirigir à frente do palco e receber as palmas da certeza de ter agregado ainda mais nesse ano. Seu legado só começou.

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ARTISTA: Ben Pearce

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King