Quero Fazer Carreira Na Música – Parte 2

Saiba quais são as diversas carreiras que você pode embarcar saindo do porto da música

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(Leia aqui a parte 1)

Quantos são os rockstars frustrados? Pessoas que amam música, mas que ninguém consegue ouvir, que não tem habilidade nem pra segurar uma guitarra ou coordenação pra botar a mão na bateria? Muitos, eu mesmo me incluo nessa lista. E quanto mais o tempo passava, mais me via chateado com o fato de que eu nunca conseguiria trabalhar com a maior paixão da minha vida. Mas então cresci, me aproximei da cena musical e percebi que as possibilidades são bem maiores do que eu imaginava. Se você ama música, quais são as possibilidades de construir uma carreira fora dos palcos?

Várias. Muitas mesmo. E pra responder essa pergunta de forma bem legal pra quem tá cheio de fazer teste vocacional, eu conversei com muita gente inserido na cena, seja na produção, na construção e suporte de carreira, no audiovisual e até em veículo de mídia. E todos eles foram unânimes em dizer que o mercado nunca esteve tão aquecido. Não só o público está mais bem informado, mas como a economia está indo em uma crescente, mais pessoas vão tendo essa perspectiva de que um concurso público ou um emprego formal não são os únicos caminhos e que os artistas não precisam ficar reféns da rádio ou da TV. Hoje em dia, cada vez mais, as empresas estão abertas a novos projetos que não sejam necessariamente de “música de massa” porque entendem que cresce muito o número de pessoas que consomem outras mídias.

Bati um papo com duas, das cinco, cabeças pensantes da A Construtora Musica e Cultura, Edimar Filho e Daianne Dias. O escritório goiano, que é berço de bandas como Black Drawing Chalks, Boogarins e Banda Uó, realiza várias ações dentro dessa cadeia do mercado de música. Os caras trabalham hoje com produção de eventos/festivais, curadoria, booking e gestão de carreira. A ideia geral é tanto realizar atividades que buscam aumentar o potencial dos artistas que eles trabalham dentro do mercado de música em que cada um se encaixa quanto realizar atividades que possam fomentar a cena de música da cidade, gerando cada vez mais estímulos para novos artistas, além de tentar ampliar cada vez mais o público que consome esse tipo de produto cultural. Amplo, né? E tem bem mais.

Foram enfáticos em dizer que o lugar que menos tem lugar pra trabalhar dentro do circuito é no palco. A cadeia produtiva do mercado de música em si é enorme, desde publicidade a jornalismo, produção à parte técnica. Quase qualquer área que a pessoa estude ou pesquise, provavelmente vai conseguir achar um link onde ela possa, de alguma forma, estar ligada ao mercado musica/cultural. É válido lembrar que a maioria de pessoas que entra nesse meio é por uma afinidade e não por uma especialização profissional. É muito o que acontece em produção. Cada festival tem uma dinâmica específica porque dependendo de seu formato todas as ações realizadas nele vão se encontrar em algum momento. O mais importante é saber exatamente qual é seu foco e o que ele pretende mostrar para as pessoas. As duas rodas básicas que vão fazê-lo funcionar e correr perfeitamente são a pré-produção e a parte técnica. Muita antecedência na pré-produção e um profissional que seja realmente especializado na parte técnica, porque as demandas são diferentes para cada banda/artista que se apresenta, e uma pessoa inexperiente pode fazer com que muitos imprevistos de última hora não se resolvam. Segundo Edimar, as 4 bases principais de um festival são: Para quem e o que se quer mostrar, Curadoria, Pré produção e Parte Técnica. Toda a outra parte de comunicação, prestadores de serviço, line up, e etc… vão meio que se basear nessas 4 coisas para determinar o que e como fazer, para o sucesso de um festival.

Os “peça-chave” nessa história são equipe de produção e equipe técnica. Profissionais de palco como Dir. de Palco, um Dir. Técnico, e roadies, são quem fazem a coisa acontecer no palco, com 10 bandas por dia as vezes em cada palco. São eles que mantem toda aquela “mágica” de som e luz acontecerem na hora certa, e colocar os shows pra começarem no horário. A equipe de produção, vai cuidar no dia de todos os detalhes, como bar, bilheteria, estacionamento, atendimento ao público, lidar com fornecedores e prestadores de serviço. Mas pra quem não sabe as funções de cada um desses profissionais e quer saber se pode se encaixar em algum dos papéis, se liga:

Produtor Geral: Responsável por tudo, de que horas uma banda chega até quem é o eletricista responsável da casa.
Produtor Executivo: Quem acompanha desde o início a produção, mesmo antes da pré começar. É quem molda como vai acontecer, quem faz a conta, quem levanta a grana, quem consegue a parceria.
Produtor de palco: Responsável por colocar a banda no horário certo pra tocar, coordena a equipe de som e luz, roadies pra que tudo aconteça da melhor forma sem atraso e sem pepinos.
Roadie: responsável pela montagem dos palco, marcação do palco, cabeamento dos instrumentos.
Técnico de PA: comandando o som do meio do público, afinando pra som saia bacana no volume certo e com o peso certo.

Fora isso, também existe o “outro lado”, quem cuida das bandas e faz a ponte para que esses nomes cheguem em apresentações e/ou festivais. A dupla diz que qualquer banda que tiver a companhia destes cinco profissionais tá bem aparentado e assistido para percorrer shows afora:

Manager: É quem abre as portas, vende o peixe. Quem acredita que é a melhor banda do mundo e que vai atrás das oportunidades.
Booking: Responsável por agendar as datas da banda em festivais e turnês.
P.R.: Faz o trabalho de imprensa e divulgação.
Produtor: Faz o trabalho de escritório e acompanha a banda nos shows.
Tour Manager: Alguém que esteja com a banda o tempo todo na estrada, acompanhando a banda durante toda a turnê.

Claro que isso tudo é pensando em uma micro esfera. Se abrirmos o leque e irmos para profissões até indiretas, chegamos em produtor de gravação, engenheiro de gravação, promoter de eventos, técnico de áudio, professor de música, diretor de música, DJ, gerente de palco, gerente de casa noturna, gerente de loja de discos, musicoterapeuta, terapeuta de voz, designer de instrumento, diretor de clipes e por aí vai. E pra chegarmos à especialização de todas essas carreiras, seria ideal ter um melhor planejamento dentro da academia, para que se construa profissionais preparados, embasados e respeitados pelo público e pelas empresas. Discutimos um pouco sobre isso na primeira parte do artigo.

Espaço tem e hoje mais do que nunca. Não somos reféns do palco e podemos explorar nossa paixão pela música das formas mais variadas possíveis. Com comprometimento, curiosidade e insitência é possível se moldar como um bom profissional da área. Qual papel você vai escolher eu não sei, mas torçamos para que os incentivos sejam mantidos, que qualidade dos festivais continue alta. A partir disso coisas legais acontecerão, bandas surgirão, novos sons vão vir e propostas boas vão aparecer.

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MARCADORES: Discussão

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King