Soundcloud ainda é uma boa plataforma para DJs?

Serviço de streaming causa polêmica entre produtores por questões de direitos autorais

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Faz um tempo que eles vem reclamando grandemente do Soundcloud. Para quem não conhece, a plataforma é a maior no quesito de compartilhar sons pela Web, e vinha numa crescente absurda, em todos os públicos, sem perder espaço para as maiores redes sociais. Isso acontecia porque ali sempre reunia quem realmente se importava com música, quem queria pesquisar os sons mais novos, os novatos e até os trabalhos mais recentes dos produtores que acompanhamos. Mas por que a reclamação?

De um ano pra cá, o Soundcloud vem apertando seus usuários no que diz respeito a direitos autorais. Você gastava um tempo enorme de trabalho de curadoria e mixagens de sua mixtape, na sua capa e até no upload, para ser avisado antes, ou ainda pior, depois de publicado, que seu trabalho foi excluído por usar músicas de outros artistas – algo que saiu do controle por totalidade foi desde que o site garantiu carta branca à gigante Universal. Desde que isso aconteceu, a plataforma lavou as mãos e se recolheu deixando o selo mandar e desmandar (leia-se “manter e excluir qualquer material que desejar”) ali dentro. O problema não é cobrar direitos autorais, mas não ter o apoio da plataforma com a qual se dedicou tanto tempo de trabalho e divulgação.

Antes de tudo, é válido pontuar que estou tentando distanciar, ao máximo, essa discussão aqui no que se diz a respeito ao Direito e sua legislação. Aos poucos, o mercado vai tropeçando e se encaixando no que o público acha que é válido e na liberdade de cada artista (e sua gravadora). Independentemente de tudo, o Soundcloud continua sendo uma boa plataforma quando se tem material original e de direito próprio. Para bandas e produtores, consiste em uma excelente alternativa para compartilhamento.

Porém, nos fóruns especializados, gurus já vinham avisando DJs e produtores a não publicarem materiais mistos em suas contas, sob risco de exclusão sem aviso prévio. Depois desse aperto de mão da indústria dos gigantes, o local praticamente se tornou perigoso para ser “escritório” desses profissionais. Mas, por que chegamos a esse ponto?

O que começamos a ter aqui é o início de uma segmentação entre a cena de profissionais. O serviço só se vale a pena quando se trata de bandas e produtores. Mas, e quanto aos DJs? Quando seu trabalho é justamente a mistura de músicas, exposição de técnica, é normal que isso aconteça com músicas de outros artistas. Isso, desde sempre, serviu como uma base de divulgação, sempre foi troféu para quem teve sua música tocada por um DJ de prestígio. Por que agora seria diferente?

Partimos, mais uma vez, do pressuposto de que as “mixtapes” são materiais neutros, usados desde um DJ de uma casa para 300 pessoas até para um profissional com 300 mil seguidores no Soundcloud que nunca teve como propósito usar essas compilações com objetivo de ganhar dinheiro. Uma mixtape tem como missão divulgar um trabalho, seja para promoters ou para uma estação de rádio consagrada, como a BBC. E então, como conseguimos resolver um impasse entre uma indústria que não quer perceber uma realidade diferente no mundo da música e profissionais que dependem de um trabalho de divulgação e, principalmente, de música para se trabalhar?

Isso prejudica uma cena inteira. A falta de material prejudica o DJ, que diminui a captação de fãs, que influencia na escolha dos promoters, que impacta diretamente no que você ouve na noite ou até na rádio. Isso gera uma rotina chata na música que estávamos muito próximos de quebrar trazendo sempre – e estimulando com diversas plataformas – novos rostos.

Enquanto a discussão se estende no que é legal ou não, bons profissionais estão sendo prejudicados e carentes de uma plataforma que acolha suas costas. Para aqueles que não temem uma mudança, é bom que saibam da existência de outras opções. Mixcloud é a mais conhecida. Com um layout bem intuitivo, é possível publicar suas mixtapes da mesma forma, dar crédito aos devidos artistas e divulgar seu trabalho. O ponto negativo é a audiência, que é bem menor, o conteúdo que é escasso e a falta de opção de se fazer download do material. Caso não se adapte, dê uma pesquisada no Mixcrate e no House Mixes. Talvez você perca um pouco em alguns pontos que tornaram o Soundcloud a potência que é, mas ganha em outros aspectos, como liberdade criativa e, principalmente, em tranquilidade em saber que não vai se perder nenhum segundo dedicado à criação da boa música.

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MARCADORES: Discussão

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King