O que aconteceu com a New Rave?

Assim como um incêndio, o estilo que fez muita gente dançar se espalhou rapidamente e logo se apagou. Conheça um pouco mais dessa cena iniciada na Inglaterra

Loading

Fotos: O Klaxons foi uma das bandas mais expressivas da vibe festeira da New Rave

Aindo me lembro de todo o burburinho causado pela chamada New Rave entre 2005 e 2007. A cena era tão localizada que o fogo começou e se apagou na Grã-Bretanha, alguma coisa dele se espalhou pra alguns cantos como Japão e Brasil, mas o verdadeiro “foco do incêndio” estava concentrado nas casas noturnas inglesas.

Há quem diga que o movimento (ou cena, se preferir) de fato nunca existiu e que, na verdade, só agrupou varias bandas com estilo parecido para “marketizar” e criar uma hype em cima delas. Vejo isso de uma forma bem diferente: a cena existiu de fato, tanto que muitas das bandas faziam turnês juntas e sempre dividiam os palcos. Quanto à sonoridade, todas elas bebiam da mesma fonte, os anos 80, e cada uma delas usava essa referência de uma maneira, mas no fundo a estética de revival dessa época e a pegada festeira existiam em todas aquelas bandas.

Quem começou com toda essa história e cunhou o nome New Rave (ou Nu Rave) foi a Angular Records, gravadora da Klaxons (uma das bandas mais importantes do movimento), que escrevia isso em flyers de seus shows. Esse nome surgiu por um trocadilho com “New Wave”, mas, como a como a vibe aqui era festejar, “Rave” ficou mais adequado ao termo.

A pluralidade de bandas que surgiram ali foi incrível. No geral, elas misturavam tudo o que podia se tornar dançante: do Indie Rock à música eletrônica, da New Wave ao Breakbeat Hardcore. Dessa mistura estranha, saíram Klaxons, Trash Fashion, New Young Pony Club, Hadouken!, Crystal Castles e Late of the Pier, entre outras.

Além de queridinhas da NME, a Klaxons fez um disco que pode ser considerado o álbum fundamental do gênero. Myths Of The Near Future foi lançado no auge do movimento e o ajudou a chegar ao mainstream, saindo do mundinho indie e tocando em tudo quanto é radio britânica. O trio ainda lançou mais um disco em 2010, mas Surfing The Void não chegou nem perto do sucesso do seu debut.

O Late of the Pier foi outra que fez bastante sucesso na época – bem mais discreta que a Klaxons, porém não menos poderosa. Com um som intenso dos sintetizadores, a banda embalou muita gente com suas danças convulsivas e ritmo frenético. O álbum Fantasy Black Channel foi o único que lançado até agora, mas a banda sinalizou uma volta soltando dois singles entre 2010 e 2011.

Os ecos da New Rave chegaram ao Brasil com as meninas do CSS, as pioneiras em “importar” o estilo. O misto de música eletrônica e garotas com a cabeça fora do lugar acabou por fazer mais sucesso fora do país do que dentro, com seu primeiro disco sendo relançado um ano depois pela gringa Sub Pop. Depois disso, a banda emplacou alguns sucessos com seus outros dois discos, Donkey (2008) e La Liberación (2011).

A mesma NME que declarou o nascimento o estilo declarou seu óbito no meio de 2008. Muitas das bandas que surgiram na época ainda continuam na ativa, porém sem uma cena que as una. Com tantos movimentos de revival por aí, espero que tenha logo um da New Rave, já que festejar nunca é demais.

Loading

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts