Música Compartilhada Hoje, Inspirada Sempre

Tecnologias vão e vem, mudando a forma com que consumimos música – mas nem tudo

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Todos gostamos de covers, queremos ver cada vez mais remixes e um mash up sempre nos diverte. Fica difícil imaginar a música de hoje em dia sem essas coisas. E talvez elas sejam reflexo direto da época em que vivemos: a do Compartilhamento.

Com um botão em que você clica e um arquivo chega logo pra outra pessoa e a capacidade de cortar e colar só um trecho de algo para compor algo novo, a possibilidade de criar obras híbridas a partir do que outras pessoas já fizeram seria quase inevitável. Mais do que isso, vieram coisas ainda mais interessantes do que as originais a partir daí (ou você nunca ouviu um remix ótimo de uma faixa mais ou menos, ou um cover incrível de algo que você não curte?).

A questão que eu quero trazer é que é esse o momento em que vivemos e a música não poderia ficar de fora disso. Uma discussão anterior era se algo reproduzido (ou seja, não-original) teria valor. Hoje, é difícil chegar em um acordo ao que é sinceramente “original”, com tantos samplers usados nas composições e referências nas letras e arranjos.

A imagem que ilustra o artigo não poderia ser outra: É um compilado de reproduções de uma fotografia de Christian Marclay, um artista visual, músico e “culpado” em parte pela maneira com que ouvimos música hoje. Foi ele quem começou a usar as pick ups para criar música ao vivo a partir das faixas de discos (sim, ele foi o primeiro DJ/produtor como conhecemos a função) – imagine o que seria so Hip Hop, por exemplo, sem isso? – e foi criativo o bastante pra levar isso também para a fotografia e artes plásticas, isso tudo nos anos 1970.

Ao ver tudo o que aconteceu nesses 40 anos, não é difícil perdermos a visão do quanto tudo na música contemporânea é recente, por mais que muita coisa mude de uma década pra outra. Porém, o que acontece hoje é, da mesma forma, um resgate sem querer à forma que se ouvia música no momento anterior.

Antes das gravações e do rádio, qual era a maneira que as pessoas ouviam suas músicas favoritas fora dos concertos? Elas compravam partituras para tocar em casa. Não sei você, mas eu acho isso o máximo: Do it yourself sempre esteve na música popular. Ou você tocava a música de alguém na sua voz (cover), ou improvisava e fazia ali do seu jeito (remix). O jeito de fazer isso mudou com a tecnologia, mas o espírito é o mesmo.

A música está por aí, solta, pronta pra inspirar. O que vem por aí, não sabemos, mas é possível que a dinâmica do mercado continue mudando, ao mesmo tempo que continue revelando suas características imutáveis, como o espírito de reimaginar a composição dos outros.

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MARCADORES: Discussão

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.