Entrevista: Gouveia Phill

Felipe Augusto comenta sobre seu futuro EP, como é fazer música instrumental e as diferenças em compor para Glue Trip

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Felipe Augusto, também conhecido como Gouveia Phill, se lançou em um projeto solo depois de um ano cultivando um dos trabalhos mais legais que apareceram nos últimos tempo por aqui, Glue Trip, é claro.

Para sua viagem solo, o músico escolhe não utilizar palavras para se comunicar com seu ouvinte e o faz muito bem explorando as barreiras da Música Experimental e Psicodélica. Até agora, o músico lançou três ótimas faixas, que contam sozinhas um pouco das inspirações e referências de sua criação. O que elas não nos contam, perguntamos para Felipe em um bate-papo por e-mail.

Abaixo, além de escutar as tais faixas, você vai encontrar o músico comentando também sobre como é fazer música instrumental, seu processo de composição e mais.

Monkeybuzz: Para você, qual a principal diferença em compor para um projeto solo e para uma banda, como a Glue Trip? Como se dá o processo criativo em cada um desses pólos?

Gouveia Phill: A diferença em compor está no envolvimento e no controle conceitual que se dá ao trabalho. No projeto solo, o envolvimento é mais denso e 100% das idéias você sente fluindo e se adaptando aos arranjos, criando uma identidade. Já em grupo, o trabalho é entender o que a outra pessoa sente quando apresenta um arranjo novo, essa noção de continuidade e aprimoramento é o que torna um trabalho em grupo um pouco mais complicado.

Mb: De onde surgiu a vontade de fazer música puramente instrumental? Ao seu ver, quais os benefícios e dificuldades em se expressar sem o elemento lírico?

Phill: Minha necessidade natural é compor e registrar qualquer ideia musical, seja ela organizada ou meramente um esboço. Aprendi no instrumental que a necessidade de uma voz guiando o arranjo não passa de uma burocracia que impede uma possível liberdade musical. Liberdade musical é um conceito difícil, mas entendi bem como posso trabalhar. Trabalhar os instrumentos como vozes e as situações que interpreto e que preenchem o momento, fazendo com que todos os arranjos compartilhem de uma mesma importância.

Mb: Quais são suas principais influências e como elas se agrupam em seu som?

Phill: Falar de influencia é complicado. Focando no meu trabalho, escuto música direcionando o que tento explorar. Escutei muito Nick Drake, Tom Waits, John Frusciante, Mark Lanegan, Nino Nardini, Omar Rodriguez-Lopez, Ximena Sariñana e outros. Tento muito chegar a um resultado bem minimalista.

Mb: O principal atrativo das faixas Serena e Salvat’oria vem principalmente de como as camadas sonoras unem-se para contribuir com as ótimas melodias e criar músicas cheias de detalhes e elementos. Como surge para você a ideia dessa união e como é dosar os elementos para que ela não fique “viajada” demais? 

Phill: É onde me divirto mais na criação. Mantenho o controle apenas na base da música, que pra mim é a espinha dorsal, é a cama onde os outros arranjos se mostram. A partir daí, deixo fluir. As peças aparecem e a música se forma. O que eu tento também equilibrar são as sensações específicas, detalhes que acrescento no pan (lados esquerdo e direito nas caixas de som e fones de ouvido). A música se movimenta muito.

Mb: Ao longo dos últimos anos, o interesse do público por música instrumental parece ter sido renovado, seja para bandas nacionais ou estrangeiras. A que você atribui isso?

Phill: Maturidade musical, eu acho. A música instrumental pode ter a sua parte de dificuldade por conter muita informação, muitos elementos se comunicando. A maturidade chega quando entendemos aos poucos o lugar de cada voz na música.

Mb: Como é, agora com Glue Trip e seu solo, lidar com dois projetos simultâneos?

Phill: Hoje em dia, lido mais na criação do meu projeto. GlueTrip está em outro processo de produção que não posso lhe contar por agora.

Mb: Desde o começo do projeto, as músicas tem sido compostas visando formar seu primeiro EP. Você pensa nas faixas separadamente ou em como elas vão se fundir quando agrupadas na obra?

Phill: Eu penso apenas no momento em que crio a música, me apego a ele e tento ao máximo finalizar e lançar. O propósito de se ter um EP ou disco vai surgindo de acordo com a produção e minha empolgação. Espero não parar de compor e lançar o máximo de músicas que eu puder.

Mb: Quais são os próximos passos de Gouveia Phill para 2014, além do lançamento do EP? 

Phill: É complicado controlar isso. Mas quero lançar o máximo de material e transpor para o ao vivo alguns singles e sentir o que pode ser feito no palco.

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ARTISTA: Gouveia phill
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts