Ty Segall, um Cara que Não Para

Veja como o passado do prolífico músico ajudou a moldar seu futuro álbum

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Se você acha que Dave Grohl, Jack White ou Beck trabalham bastante e estão envolvidos com todos os tipos de projeto, é por que ainda não sabe do que Ty Segall é capaz. Somente em sua carreira solo, o músico lançou oito discos em um periodo de seis anos, sem contar os outros inúmeros álbuns lançados em forma de parceria, banda paralela, colaboração, algum tributo ou ainda como produtor.

Nesses dois anos e pouco de existência do Monkeybuzz, nós resenhamos cinco álbuns em que ele participou como músico (contado dois solos, uma colaboração e dois discos com bandas diferentes), além ser produtor em mais dois e participar ainda de um disco tributo ao Velvet Underground. O melhor de tudo é que tudo o que ele pôs a mão teve um resultado excelente. Além da alta produtividade, Segall mantém grande qualidade em tudo o que faz.

Se 2008 marca o início de sua carreira “solo”, antes disso (ou mesmo após sua estreia) Ty fez parte de diversas outras bandas do fervilhante cenário californiano (The Traditional Fools, Epsilons, Party Fowl, Sic Alps e The Perverts). Seja para lançar EPs, singles, discos de 7” ou que quer que fosse, Segall estava presente em tudo, fazendo seu nome ser reconhecido na cena e fazendo amigos, como John Dwyer, membro de Thee Oh Sees e um dos donos do selo Castle Face Records, responsável por lançar o primeiro registro do músico em vínil.

Ty Segall

Nossa ideia com este texto não é exatamente contar tudo o que o músico já fez, citando projeto por projeto ou construir uma linha do tempo de sua carreira. A ideia é mostrar como tudo isso que aconteceu em seu passado, moldou seu novo álbum, Manipulator, esperado para 26 agosto, pelo selo Drag City.

Este será seu oitavo álbum solo e, pelo streaming liberado no começo dessa semana, dá para notar que ele varre em toda sua carreira atrás sonoridades das mais variadas. É claro que o som tipiciamente garageiro de Ty continua lá, mas há também algo mais “Pop” e pegajoso em sua música desta vez. E seus singles não me deixam mentir. Sua banda de apoio (com Mikal Cronin) também.

Esse é um antigo colaborador de Segall e já esteve junto com o músico no disco Reverse Shark Attack, de 2009. Na época da gravação, ambos tinham menos reconhecimento fora de sua cena e um som pouco mais sujo. Ambientado na psicodelia e no Rock garageiro, o disco trazia ainda alguns ecos Punk. A mistura era extremamente Lo-Fi, mas ainda assim cativante. As melodias fáceis e pegajosas da dupla ainda continuam presentes no trabalho de Ty e esse seja talvez seu maior mérito para que tanta gente abrace sua música, mesmo com tamanha abrasividade vinda dos timbres de sua guitarra ou mesmo da “qualidade” da gravação.

Por mais que esses mesmos estilos sejam usados para descrever basicamente todos os álbuns ou projetos de Ty, a mistura entre cada um deles em cada obra é diferente. O que gerou, por exemplo, o álbum Sleeper (2013), bem mais calminho que seus outros e com faixas quase que guiadas só por voz e vilão – é só comparar The Man Man com Don’t Want To Know? de seu novo álbum – ou ainda Ty Segall Band (2012) (ou ainda o Fuzz (2013)), com um som bem mais abraviso e sombrio – teste a comparação de Tell Me What’s Inside Your Heart com The Crawler.

Mas as comparações não param por aí. Ty Segall volta em mais uma colabração, deste vez com White Fence, para buscar um pouco mais de psicodelia. De Hair (2012), ele parece tirar aquela lisergia tipicamente californiana e o requinte de uma instrumentação mais incorpada, sem contar os timbres de guitarra usados em faixas como Stick Around, uma das faixas mais classudas de Manipulator.

É claro que o lado Pop de Ty não ficaria de fora. Who’s is Producing You? de seu novo álbum, tem muito de Twins (2013), o disco mais Pop já produzido pelo músico.

Se nem todas as facetas da música de Ty aparecem em Manipulator, é porque ele tem muitas novidades a mostrar e pelo que podemos ouvir nesse streaming ele realmente ainda tem muitas cartas em sua manga. Se ainda não ouviu esse álbum, não perca mais tempo e ouça agora! E fique ligado que na próxima semana nossa resenha sobre a obra estará no ar.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts