A reinvenção do Punk na nova cena dinamarquesa

O gênero tomou conta de Copenhague com o surgimento de uma novo cenário que faz uma releitura do estilo mantendo a mesma estética e sonoridade, porem sem a ideologia

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Fotos: Show do Iceage, expoente da cena Punk dinamarquesa

Copenhague nunca esteve tão agitada. A capital dinamarquesa é o epicentro de uma nova cena musical que tem muito do Punk e Hardcore. Regada a muito barulho, sangue e distorção, ela vem ganhando destaque primeiramente pelo seu resgate às raízes da sonoridade e estética Punk e também pela confusão e desordem que promovem seus shows. Uma das bandas que está atualmente sob a luz dos holofotes é a Iceage, que ultrapassou as barreiras de seu país e caiu nas graças de grandes sites e revistas especializadas.

Pode parecer meio estranho um movimento que surgiu dos jovens operários ingleses, que se encontravam nas piores condições de trabalho, ressurgir com jovens da classe média de uns dos países mais ricos da Europa. Mas o movimento não é exatamente uma cópia dos primórdios do Punk, já que a cena se estabelece como uma releitura da estética e da sonoridade, não como uma mera imitação, e a temática política não faz parte da pretensão dos artistas.

Quem começou com tudo isso foi a banda de “Raw Black Metal Punk” Sexdrome, que em 2008 começou a despontar na cena local e atrair bastante gente para seus shows. A partir daí, começaram a surgir outras bandas que se inspiravam nesta e começaram aos poucos a se unir para fazer shows juntas. O movimento foi ganhando força e mais bandas e os shows ficaram cada vez mais populares, começando a se espalhar lentamente pela Europa.

Foi a própria Sexdrome que trouxe a Iceage para esse novo cenário. Ou seja, além de “fundar” a cena, ela deu visibilidade à banda que fez o movimento dinamarquês finalmente ser conhecido fora do velho continente. O interessante é que, na noite em que as duas bandas se conheceram, os mais velhos desdenharam os novatos – que estavam abrindo seu show -, mas elas logo começaram a fazer shows juntas em diversas cidades do país em uma amizade que segue forte até hoje.

A entrada da Iceage a este jogo mudou tudo. A banda ficou famosa por seu disco de estreia, New Brigade (2011) e caiu nas graças de muita gente, indo até fazer uma curta turnê nos Estados Unidos e integrando o Line-up do Pitchfork Festival. As apresentações desse expoente da cena leva um monte de fanáticos às casas de show dinamarquesas, e – seguindo o melhor do espírito de performances Punk – eles saem de lá machucados e ensanguentados, levando mais que lembranças do show pra casa.

Outra banda que ganha destaque nesse cenário é a Lower, que traz muito do Post-Punk e Post-Hardcore com seu recém-lançado EP Walk On Heads, remetendo muito à cena nova-iorquina do começo da década de 90.

Boa notícia: O Punk não está morto. Ele pode não ser mais o mesmo, mas ainda está por aí agitando muita gente com sua crueza e seu espírito “faça você mesmo”. A cena de Copenhague mostra uma reinvenção de um estilo que foi desfigurado durante os anos (principalmente com o surgimento do Pop Punk) e como ele pode tomar novas formas para ressurgir depois de muitos anos em silêncio.

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ARTISTA: Iceage, Lower, Sexdrome

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts