Alguns Motivos pra Você Ouvir “Antics” Hoje

Interpol lançou seu segundo álbum há dez anos

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Não que você precise de alguma justificativa para dar o play em Antics, porém creio que fazê-lo hoje vai ter uma conotação especial, mas já chegamos lá. Antes de apontar o principal motivo pelo qual você deveria ouvir essa obra-prima de um dos quartetos nova-iorquinos mais revelavantes das últimas décadas, vamos investigar um pouco mais a fundo por que o segundo álbum de Interpol é uma obra tão completa.

Sem mais enrolações, te damos algumas poucas razões pra você ouvir essa obra hoje mesmo. Vamos a eles:

Pressão do segundo álbum? Acho que não

Já batemos nesta tecla algumas vezes: o Rock feito no começo dos anos 2000. A explosão do Indie Rock ainda era recente, a Internet se estebelecera de vez como novo veiculo para música e diversas das bandas que surgiram nesse boom estavam chegando a seus segundos discos. Todos, nomes muito jovens lutando contra suas próprias limitações como músicos e enfrentando uma pressão gigantesca para manter o mesmo padrão e qualidade das obras que os alavancaram. Se diversas das bandas da época foram criticadas na época (The Strokes foi um desses), Paul Banks e companhia se saíram muito bem com sua segunda obra.

Digo isso não só pelo resultado, mas também pela aparente tranquilidade com que os músicos conduziram todo o processo – o que pode ficar bem claro por entrevistas e vídeos vindos daquela época. Apenas dois anos haviam se passado desde o lançamento de Turn on the Bright Lights (disco que já mostrava uma banda muito madura) e o grupo embarcou em uma obra que não diria ser tão diferente assim, mas com muitos elementos novos e, sem dúvida alguma, muito mais ambiciosa que seu antecessora. O que nos leva ao segundo motivo pelo qual você deveria ouvir Antics.

Não é só sobre estilo

Se muitos bradavam que o debut do grupo não passava de um mero exercicio de Post-Punk (o que está bem longe de ser verdade), o quarteto mostra aqui que sabe fazer muito mais do que isso. É claro que a estética do estilo continua presente, mas aqui há também elementos do Indie Rock e Rock Alternativo se juntando a ela e levando-a a outro nível. Se Turn on The Bright Lights comumente era descrito como um álbum “monocromático”, o quarteto nova-iorquino resolveu trazer mais cores à sua palheta. Com melodias mais vivas e, de certa forma, mais Pop (como em Evil, por exemplo), o disco se desenrola por dez faixas de uma instrumentação impecável, melodias muito bem arquitetadas e de muitos momentos marcantes – ingredientes que o fazem um disco ainda mais completo e vigoroso, se comparado não só ao primeiro lançamento do grupo, mas a tudo o que os outros artistas contemporâneos estavam lançando.

O álbum já começa com um desses momentos marcantes – e talvez chocante. Next Exit inicia-se com alguns acordes de orgão, a expressiva voz de Banks e a bateria lenta de Sam Fagorino, quase em um clima fúnebre – a guitarra cheia de eco de Daniel Kessler e o pesado dedilhar de um piano complementam a lenta progressão da faixa. Carregada e volumosa, ela estebelece desde ali que aquele é um novo álbum e que podemos esperar coisas diferentes dele. Na sequência, Evil mostra outras dessas facetas do álbum, revelando um som mais radiofônico e upbeat. Conduzida pelo baixo pulsante de Carlos Dengler e por uma bateria animada, a canção mostra a grande mobilidade que o disco terá a partir daí e a maleabilidade do som do quarteto, alternando bastante entre humores, referências e elementos durtante o restante do álbum.

Vale também ressaltar o groove de Public Pervert, o clima oitentista da melacólica A Time To Be Small e sua progressão à la The Cure (que cria uma atmosfera vagorosa e densa), o balanço suave de Narc, o peso Post-Punk de Not Even Jail. Cada faixa segue uma vibe especifica, se alternando entre a urgência de algumas músicas e o peso de outras, todas se tornando um ótimo combustível paras a liríca única de Banks. E o que nos leva ao próximo motivo.

Suas letras ambíguas

Se Black Francis e Stephen Malkmus começaram a tradição de letras enigmáticas e ambíguas no Indie Rock, Paul Banks foi um bom pupilo e mostrou-se à altura desses mestres com refrãos como “We spies / Yeah we slow hands / You put the weights all around yourself / We spies / Oh yeah we slow hands / Killer, for hire you know not yourself” ou versos como “You make me want to pick up a guitar / And celebrate the myriad ways that I Love you” (ambos de Slow Hands). Sua subjetividade liríca parece crescer ainda mais neste álbum e fazer com que o ouvinte possa trazer sua própria interpretação para muitas das músicas. É claro que que dor e sofrimento seja o principal propulsor da obra e, por mais livre que possa ser a leitura dessas faixas, esses sentimentos inevitavelmente estão envolvidos, tornando este o álbum tematicamente mais pesado de toda a discografia da banda.

O disco tem uma grande carga urbana também, como se Banks tivesse a tarefa de croniquizar suas histórias vividas na cidade de Nova York ao transcrevê-las em versos como “Time is like a broken watch / I make money like Fred Astaire” (Take You On A Cruise) ou “We ain’t goin’ to the town / We’re going to the city / Gonna trek this shit around / And make this place a heart to be a part of” (Next Exit). O músico trata também de dores amorosas e romances mal resolvidos em letras como “It’s way too late to be this locked inside ourselves / The trouble is that you’re in love with someone else / It should be me. Oh, it should be me” (C’mere) e “Baby you can see that the gazing eye won’t lie / Don’t give up your lover tonight / ‘Cause it’s just you, me, and this wire, all right / Let’s tend to the engine tonight / Look out” (Narc).

Seus ótmos hits

Um bom disco é feito de músicas boas, não? Antics está cheio delas e, principalmente, está cheio de hits:

Em 27 de setembro, o álbum completa 10 anos

Pois é, já se passou uma década desde o lançamento de Antics. Se muita coisa mudou desde então, uma não mudou: esse continua sendo um ótimo álbum e que merece ser saudado em seu aniversário. Então, dê o play agora e venha comemorar os 10 anos dessa obra-prima.

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ARTISTA: Interpol
MARCADORES: Aniversário

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts