Passion Pit e as Confissões Dançantes De “Manners”

Primeiro registro do quinteto mostrava muita pessoalidade inserida em um ambiente bailante

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

Passion Pit – Manners (2009)

Creio que, entre 2008/2009, era quase impossível não saber quem era esse quinteto de Massachusetts que começava a movimentar muita gente através da blogosfera e a fazer muitos dançarem pelas pistas de dança ao redor do mundo. A novidade não demorou a chegar por aqui e me lembro que, por algum tempo, a expectativa para o lançamento desse álbum era tópico constante nas minhas conversas com diversos amigos.

A banda já vinha chamando atenção desde o lançamento do EP Chunk of Change (2008), em especial com o single Sleepyhead, e, creio que para muita gente, assim como foi para mim, seu debut era um dos álbuns mais esperados para 2009. Aquela faixa fez direitinho seu papel em mostrar as adocicadas, viciantes e extremamente dançantes melodias da banda e as letras confessionais de Michael Angelakos, uma receita que o grupo seguiria desde então. Não é à toa que esse seja ainda um dos maiores hits do quinteto.

O grupo não reinventou a roda, é claro, e muito do que se ouve nesta obra é derivado de sons dançantes dos anos 80 (afinal, estamos falando de Synthpop) e também de alguns contemporâneos (na época lembro de muitas comparações com MGMT, Black Kids e Empire of The Sun), mas, a verdade seja dita, isso pouco importa quando se ouve hits como Little Secrets, The Reeling ou Make Light.

A pretensão do grupo nunca me pareceu ser a de soar como algo completamente novo, mas dar vazão à sua arte através de músicas dançantes. E ao ouvir as faixas que precederam o lançamento de Manners, nota-se facilmente que essa musicalidade surge de forma muito espontânea. Outra impressão que tenho é a de que Angelakos precisava exorcizar seus demônios e colocá-los para chacoalhar na pista de dança.

Cinco anos se passaram e ainda hoje acho esse um dos discos mais potentes e icônicos do estilo lançados na década “mais Indie” até então, os anos 2000. Esse é um álbum Pop e de comunicação quase instantânea com o ouvinte, queria ele somente dançar por aí ou se conectar com a lírica de Michael. Little Secrets mostra muito bem isso. Nela, versos como “and now I’ve hit the mark / stabbing at the dark / and I cannot help but ignore the people staring at my scars” coexistem com um misto eufórico de sintetizadores, batidas propulsivas e os vocais em falsete de Angelakos, tudo isso surgindo de forma muito orgânica.

O álbum começa com a quadra Make Light, Little Secrets, Moth’s Wings e The Reeling, e aí o ouvinte já está ganho, já está dentro do mundo dançante e confessional do grupo. A partir daí a banda começa a apresentar outros lados de sua produção, com músicas mais calmas, como a bela Swimming In The Flood, a noventista Folds In Your Hands, a “fofa” To Kingdom Come e radiofônica Let Your Love Grow Tall, passando nesse caminho pelo seu maior hit na época, Sleephead.

Ver tudo isso acontecendo ao vivo foi simplesmente incrível. Tudo o que está presente no álbum parece ganhar ainda mais força (e aqui os destaques vão para o vocal de Angelakos e para o incrível ritmo do baterista Chris Hartz). Apesar do show feito no Lollapalooza em 2013 ter também muito de seu mais recente lançamento, Gossamer, as faixas de Manners foram as mais comemoradas e cantadas pelo público, que pulava no meio da lama naquele começo de noite outonal.

Ah, sobre as altas expectativas para o álbum, nem preciso dizer que foram mais que supridas, se não superadas. Manners é um ótimo álbum, daqueles que se ouve do começo ao fim sem precisar pensar em pular uma faixa sequer e, além disso, consegue transcrever a dor de muita de gente através de suas letras na tentativa de fazê-las menos nocivas ou pelo menos mais suportáveis.

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ARTISTA: Passion Pit
MARCADORES: Fora de Época

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts