Tantas Coisas com Vitor Brauer (Lupe de Lupe)

Vocalista citou discos recentes, shows marcantes e Belo Horizonte

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Toda terça-feira, o Monkeybuzz conversa com alguém para entender mais do seu trabalho e da sua música através das coisas que compõem sua vida – sejam discos, faixas, outras bandas ou o que quer que tenha ajudado a moldar sua estética e criatividade.

Três perguntinhas, sem enrolação, para…

Vitor Brauer (Lupe de Lupe)

Quais os discos recentes que você mais tem ouvido?
“Os discos que mais ouvi esse ano são Piñata, do Freddie Gibbs com o lendário Madlib, e o To Be Kind, do Swans. Dois discos ambiciosos de gêneros praticamente opostos que eu ouvi muito esse ano. E dois CDs longos. Os dois tem uma potência particular e me acompanharam muito nesse ano em tudo que fiz, até influenciaram no disco duplo da banda, eu acho. Mais recentemente, conheci o Síntese por um amigo. O Síntese é, de longe, um dos melhores Raps nacionais que eu já ouvi na minha vida. É loucura esse cara, sem métricam umas coisa meio fluxo de consciência. O negócio do Projetonave com ele eu tenho ouvido mais ultimamente, mas não ouvi tudo ainda. Só queria dar uma moral pra uma coisa que tenho ouvido e espero ouvir ainda mais”

Quais shows mais marcaram sua vida?
“Hoje em dia eu vou em poucos shows, mas já fui em alguns grandes que me marcaram muito. Meu primeiro grande show acho que foi o Tim Festival 2007, eu gostava de todos os artistas do festival (o que é uma coisa rara). Björk, Hot Chip, Arctic Monkeys e The Killers eram gigantes pra mim na época. Depois disso, vi um show do Interpol em BH que serviu de pólo de encontro de muita gente da nossa geração que tava vindo pra cá pra BH estudar na época e que foi maravilhoso. O maior e melhor que já fui foi o Radiohead na Chácara do Jockey, mas acho que aquilo ali tá em outra escala, não tem lógica comparar nada com aquilo. Mas assim, os shows que mais me marcaram como músico foram shows menores. O primeiro show que fui do Jair Naves em BH (na Obra) em que tinham pouquíssimas pessoas, numa quarta feira. Esse show foi um troço que me marcou muito e foi um pontapé na carreira da Lupe também. Assim como shows pesadíssimos de bandas como Cães do Cerrado (daqui de BH) e especificamente o primeiro show que assistimos da Single Parents (que tem um show inacreditável que a gente inveja e sempre vai invejar). Eu dou muito valor pra força de alguns artistas no palco, nem é questão de som é mais de energia mesmo, coisa que eu admiro muito, nosso show é muito bagunçado eu acho e nós somos feios no palco, desajeitados, não sei se um dia teremos a força e o jeito que a Single Parents ou o Jair tem”

Quais as coisas que você mais gosta em BH?
“Pergunta difícil. Eu gosto do clima de Belo Horizonte (a cidade de onde eu vim é muito muito quente o ano inteiro). As pessoas em geral (quem não tá envolvido com cultura ou música, as pessoas que nem ouvem música) são super gentis. Apesar de BH ser uma grande província e isso ter suas desvantagens (as pessoas são burras), isso também traz vantagens. As pessoas são mais tranquilas aqui do que em outras cidades do sudeste. Eu gosto do Atlético e do Cruzeiro e das torcidas dos times também, apesar de eu ser corintiano. Acho que o futebol mineiro tem de brilhar muito mais do que já brilha. Belo Horizonte é uma cidade muito bonita também, com muitos lugares para ir. Eu vim de Governador Valadares, em Minas qualquer lugar é melhor que o interior, do ponto de vista de lazer, emprego, segurança, cultura, tudo. É uma evolução de verdade vir pra cidade grande. Então, minha visão é meio distorcida, eu não sei dizer o que eu mais gosto em BH direito. Pra mim, parece uma roça grande até hoje, com mais lugares pra ir, com mais opções pra sua vida e pra você fazer o que quiser. Com tudo de bom e ruim que vem do fato de ser uma roça grande. Não daria pra ter uma banda igual a Lupe de Lupe em Governador Valadares, lá o povo tem um nível de falta de cultura e burrice que cê não tem noção. Aqui em BH, o povo é burro também, mas tem muito mais gente aberta. Não tem comparação. As pessoas em Valadares nem ouvem música pela Internet direito até hoje, elas não conseguem acompanhar, é muito pra elas. Devem ter umas 30 pessoas que ouvem a nossa banda lá. E olha que a Lupe tem dois integrantes de lá, que cresceram lá e que tão levando o nome da cidade pra tudo quanto é lugar do país. Hahahaha! E devem ter cinco pessoas em Valadares que conhecem Swans e Madlib, numa cidade de 300 mil habitantes. Eu nem sei se isso é uma vitória ou uma derrota completa pra dizer a verdade. Se você for mais fundo, tipo um Aesop Rock, acho que deve ter tipo uma pessoa que conhece, ou talvez ninguém. Então, BH é ótima”

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ARTISTA: Lupe de Lupe
MARCADORES: Tantas Coisas

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.