Ligando os Pontos: Angelo De Augustine

Obra do “folker” pode agradar fãs de nomes como Elliott Smith, Nick Drake e José González

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Não é incomum novos músicos surgirem e roubarem a cena, deixando seus ouvintes boquiabertos com o tamanho talento que exibem mesmo sendo tão jovens. Angelo De Augustine, com apenas 22 anos, é um desses nomes que se encaixam perfeitamente nesse séquito de artistas que fazem com que seus ouvintes se apaixonem quase que instantaneamente pela sua obra.

A impressão que tive ao ouvir seu primeiro single, How Past Begins, é a de que havia muito talento ali e a alma de um verdadeiro artista, de alguém que se sente compelido a se expressar através de sua música. Essa impressão virou certeza ao ouvir as faixas que o músico lançaria em seguida, Old Hope e You Open To The Idea, ambas, que estarão em seu álbum de estreia, Spirals of Silence, a ser lançado em 18 de novembro.

O talento prematuro de Augustine me lembrou o de outros artistas que se revelaram tão singulares logo em seus primeiros anos da vida adulta. Nomes como os geniais Elliott Smith, Nick Drake e José González estão listados nesse seleto grupo de mestres no que fazem e que parecem servir de inspiração para Angelo com seu Folk intimista, intenso e sincero.

E é através desses três pontos que contamos como nasce a música de Angelo, que, por mais que se sinta lisonjeado pelas comparações, deixa claro que quer se estabelecer como um artista diferente e que segue seu próprio caminho.

Elliott Smith

A leveza sonora e o peso lírico de Smith aparecem bastante na obra de Augustine, dualidade que encanta e emociona. A fragilidade sua voz e harmonias simples de seu violão se encontram em uma mistura amena e delicada é outro ponto em que os dois nomes se correlacionam e que pode render comparações entre os dois músicos. O tom Lo-Fi das gravações também permite equiparar faixas como How Past Begins e as vistas em Roman Candle, disco de estreia de Elliott, lançado em 1994.

Nick Drake

A melancolia Folk do músico inglês também pode ser vista em peso na obra de Angelo. Através de seu vilão dedilhado e harmonias acolhedoras, o músico norte-americano pode comunicar ao ouvinte suas histórias tocantes e narrar seu perpétuo “espiral de silêncio”, uma metáfora para o medo de dar o primeiro passo e acabar sempre voltando ao início ou mesmo ficando preso nele, temática que, de certa forma, pode ser observada também na obra Drake (que lançou somente três álbuns de morrer de overdose de um antidepressivo, em 1974).

José González

Usar o gravador como diário e a música como meio de transformar sentimentos em palavras é algo que, ambos, González e Augustine, sabem fazer muito bem e que fica patente em suas obras. Se o sueco gravou seu mais recente álbum, Vestiges & Claws, em sua cozinha, Angelo gravou Spirals of Silence em seu quarto, ambientes propícios a capturar não só a essência caseira das obras, mas que também descortinam a intimidade dos músicos, que os despem de seus bloqueios por estarem em seus próprios terrenos.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts