Entrevista: Kakkmaddafakka

Banda norueguesa comenta sobre música, turnês, salsichas e skate

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Após passar por Chile e Argentina, a banda norueguesa Kakkmaddafakka chegou nessa quarta, 26, ao Brasil para shows em São Paulo (hoje, 27, no Beco 203) e Rio de Janeiro (29, no Ausländer Music Festival). Poucas horas depois do desembarque em terras paulistanas, pudemos bater um papo com os caras.

O grupo aparece aqui pelo Monkeybuzz desde o início do site, o que faz sua passagem pelo Brasil ser algo comemorado pela redação. Desde 2012, acompanhamos videoclipes e o lançamento do álbum Six Months Is a Long Time, produzido por Erlend Øye e tudo só aumentou o quanto gostamos de seu som.

Com caras de quem dormiu pouco e inglês forçado, eles conversaram sem perder o bom humor (no mesmo clima de suas músicas, sempre animadíssimas) sobre turnê, salsichas e skate, entre outras coisas.

Monkeybuzz: Vocês acabaram de chegar da Argentina. Como foi tocar em Buenos Aires?
Kakkmaddafakka: Foi incrível, foi uma experiência nova. Nunca estivemos na América do Sul antes. É tão legal poder vir do outro lado do mundo e conhecer pessoas que conhecem seu rosto. É muito estranho. Só por causa da Internet e da música, as pessoas te conhecem.

Mb: Mas isso não acontece com vocês também? Vocês conhecem os rostos dos músicos que ouvem, não?
Kakkmaddafakka: Sim, é claro, mas é louco quando acontece com você, cara. É outra coisa. Você pode dar uma de fan boy, mas se outra pessoa tá fan boyzando você… Eu nunca vou entender. Quando alguém me pede um autógrafo ou uma foto, eu falo “claro, mas por que?” (risos).

Mb: E como foi no Chile?
Kakkmaddafakka: Foi ótimo. As montanhas são lindas, parece a Noruega.

Mb: Quais são as principais diferenças que vocês notaram nas pessoas da América do Sul em relação às da Europa?
Kakkmaddafakka: O público [nos shows] é louco. No Chile, o povo era mais relaxado. Na Argentina, foi um pouco mais agitado e imagino que no Brasil seja bem louco. Daí, no México, mais louco ainda.

Mb: Pra vocês, é diferente cantar em sua língua natal e em inglês?
Kakkmaddafakka: É um pouco, porque a gente sabe norueguês um pouco mais, mas estamos melhores em inglês a cada dia (risos), então fica mais fácil escrever as letras em inglês. Já fizemos músicas em norueguês, mas nunca lançamos. Hoje em dia, nos consideramos “cidadãos do mundo”. Por causa da Internet, o mundo está muito menor. Dizer “vou me ater a apenas estes cinco milhões de pessoas” é meio burro, porque há todo um mundo lá fora para ser visto.

Mb: Então vocês se sentem em casa no Brasil?
Kakkmaddafakka: Sim, de certa forma, até agora sim. Vocês dão muitos abraços, e abraçam de uma maneira diferente de todo mundo, é assim [inclina o corpo pra frente, com a mão fechada sobre o peito], é um abraço bom. Em outros países, quando as pessoas não te conhecem direito, não há tanto contato. Aqui… já somos de casa. Sabe, ouvi que as pessoas precisam de um abraço por dia para serem felizes. Eu concordo.

Mb: Mas a banda é grande, então vocês podem se abraçar de vez em quando.
Kakkmaddafakka: Nos abraçamos sempre depois dos shows, por isso somos felizes.

Kakkmaddafakka

Kakkmaddafakka

Mb: Sobre as letras, notamos que em seus dois últimos álbuns, há uma música chamada Gangsta em um e Gangsta No More no outro. É um tema que vocês pensam que será recorrente na obra da banda?
Kakkmaddafakka: Gangsta foi escrita principalmente por Axel, porque ele foi muito pobre em certo momento da vida e vendia salsichas na rua (risos). Ele fez uma ótima música sobre isso e acho que ganhou mais dinheiro com a faixa do que com as salsichas. Mas Gangsta No More foi escrita por Erlend [Øye], então não tem a ver com a outra. Pelo menos, não precisamos mais vender salsichas na rua.

Mb: Além de salsichas, de onde mais vocês tiram inspiração pras suas músicas?
Kakkmaddafakka: Histórias, histórias de cidadezinha. Nós viemos de uma cidade assim e sabemos da vida dos outros. A maioria é baseada em histórias reais. Experimentar coisas novas e viajar também. É bom poder vir ao outro lado do mundo e ver como as pessoas são aqui, como as coisas são aqui. É muito inspirador.

Mb: Suas músicas são muito festeiras sempre. Vocês imaginam uma direção menos animada para próximos sons?
Kakkmaddafakka: Acho que não, porque, se você prestar atenção, vai ver que as letras são às vezes tristes. Tentamos fazer como um “ying yang” na música com isso. Vamos chamá-lo de “jing jang” e ganhar muito dinheiro com isso (risos).

Mb: E música brasileira, vocês conhecem alguma coisa?
Kakkmaddafakka: Não muito, só coisas como Garota de Ipanema, mas conhecemos mais os skatistas brasileiros. Bob Burnquist, Rodrigo Teixeira, Luan Oliveira. Ele é incrível, é o melhor do mundo. Também gostamos muito de MMA, então conhecemos Anderson Silva. E também futebol!

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MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.