Árabe e Outros Dialetos Para Exportação

Músicos do Oriente Médio e África do Norte merecem seu lugar no mundo musical contemporâneo

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A língua árabe é o idioma semita mais falado do mundo, à frente de irmãos hebraicos e amáricos. É a forma de se expressar em países do Oriente Médio e do Norte da África, como Tunísia, Marrocos, Iraque, Egito, Palestina e Arábia Saúdita, entre outros. Esteve presente na história de países ocidentais como Espanha e Portugal, mas pode ser considerada uma forma de expressão universal, ouvida em todos os cantos do planeta, contudo sofre infelizmente um preconceito, principalmente norte-americano, crescente depois do Onze de Setembro, mas também pelas diversas guerras deflagradas nos últimos 30 anos entre os EUA e países com esta origem.

Por ser um idioma que envolve uma cultura própria muito rica e plural, sempre chamou a atenção de outros países e pessoas por seu fator exótico, distinto e apaixonante. Entretanto, a música cantada em árabe sofreu ao longo da sua história os mesmos problemas de músicas africanas e asiáticas: nunca chegou aos grandes centros, a não ser que alguém descobrisse um artista que despontasse para fora de seu própria meio. Felizmente, a Internet e todo o seu vasto espaço para se flanar trouxeram ao conhecimento do ocidente diversos novos artistas que cantam em árabe (e outros dialetos regionais) e que são excelentes. Conheça alguns.

Débruit & Alsarah

“Pop Heterogêneo” pode ser atribuido à combinação feita entre a cantora Alsarah, irradicada nos EUA desde os anos 1990 após fugir de um rigime opressor à cultura no Sudão, e o produtor francês Débruit. Com uma mistura que engloba percussões árabes e africanas, vocais islâmicos e levadas eletrônicas, o duo lançou no fim de 2013 o excelente disco Aljawal, sendo um bom ponto de partida pra você que quer algo mais acessível para conhecer música árabe contemporânea.

Omar Souleyman

Sírio e mais conhecido pelos brasileiros após ter feito um show neste ano no nosso país, o músico tem um estilo muito mais regional de música árabe que mistura instrumentos típicos, teclados dançantes e vocais que servem como estimulantes para toda sua combinação Psicodélica. Para ouvir e ficar balançado a mão como se não houvesse amanhã ou escutar em uma viagem de carro se imaginando no filme, Babel.

Melt Yourself Down

Já falamos sobre a banda inglesa com músicos do mundo inteiro, inclusive dando-lhe nosso selo Ouça, mas a verdade é que o seu auto intitulado primeiro disco permanece nos nossos players até hoje. Som divertido, com elementos experimentais de Jazz, Funk, Afrobeat e uma pegada Punk de seu cantor Kushal Gaya, faz do grupo uma escolha certeira para os brasileiros que adoram percussão e World Music.

Group Anmataff

Daquelas descobertas que te fazem querer aprender ainda mais sobre o desconhecido, o Psicodélico e Lo-Fi grupo da Algéria tem apenas esta descrição disponível na ótima coletânea Music From Saharan Cellphones Vol 1, que pode ser apreciada aqui. Viajante, calma e conduzida em uma guitarra típica, a banda faz um som que merece ser melhor desenvolvido. No entanto, passageiros como uma ligação de celular, os seus músicos permanecem eremitas ao nossos ouvidos com somente Tinariwen disponível.

Bombino

Nascido no deserto de Níger em uma comunidade Tuareg, mas forçado a se mudar com a sua família para a Argélia, o músico já foi conhecido como o “Jimi Hendrix Tuareg”. Longe de tal comparação, mas com igual capacidade à frente de sua guitarra, o músico realiza composições próprias extremamente acessíveis e deliciosas com elementos que, para o ocidente, seria o Blues e o Jazz, mas que para ele são suas próprias inspirações. Celebrado e com um documentário sobre a sua pessoa, Agadez, The Music And Rebellion, ele merece o conhecimento de seus dois discos, Agadez e Nomad, com chance de não voltar mais à música cotidiana de nossas vidas.

Mdou Moctar

Este outro guitarrista do deserto não canta em árabe, mas em Tamasheq, dialeto Tuareg, o que não nos impede de colocá-lo em nossa lista sobre o inesperado mundo músical da Africa e do Oriente Médio. Conhecido após divulgar sua arte através de transmissões de celular e presente na mesma coletânea que o Group Anmataff está, o músico de origem de Níger faz um som que explora as nuances do estilo desértico, ao mesmo tempo em que concilia com elementos étnicos muito interessantes. Sua forma de cantar emana folclores desconhecidos enquanto sua capacidade a frente de instrumentos de corda igualmente regionais, chama bastante atenção.

Como realçamos, nem todos os músicos aqui cantam em árabe, mas o artigo tem a intenção que o leitor se proponha a conhecer melhor o continente Africano e Asíático com músicos regionais que sempre são tidos como World Music. Estes são parte sim do mundo e de suas particularidades, mas acima de tudo membros de cada vez uma música de Internet, ao alcance de todos e sempre pronta para nos surpreender com o inesperado.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.