Você Já Ouviu Aqualung (e Gostou)

Com carreira ativa há mais de uma década, produtor britânico mostra o quanto manja de música

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Aqualung é o cara que você precisa sugerir pros seus amigos que não abrem mão da boa música Pop, principalmente com um cunho mais romântico. Isso não quer dizer que quem curta um som mais lado-B não vá curtir suas músicas. Na real, sua melhor característica, ao menos em um primeiro contato com sua obra, é como ele permanece na intersecção dos gostos populares com a música dita alternativa.

Este é o nome do trabalho autoral do produtor Matt Hales, um cara bem requisitado no Reino Unido. Seu currículo traz trabalhos com Disclosure, Lianne La Havas, SOHN, Alex Clare e até Jason Mraz – ou seja, um pessoal que sabe dialogar bem com um público grande. Em seu projeto solo, a fórmula se repete: Aqualung é sempre emocional, com músicas que sabem crescer na medida certa pra te cativar. E se você acabou de ouvir falar em seu nome, aproveite: Ele tem cinco discos pra você descobrir antes do lançamento de 10 Futures, que sai em 19 de janeiro. Assim que é bom!

Brighter than Sunshine e Strange and Beautiful são suas músicas mais conhecidas e você provavelmente já ouviu alguma delas (ou ambas) em trilhas de filmes, séries ou mesmo propagandas de TV. Essa popularidade não é à toa: São canções Pop caprichadíssimas, a primeira com um preenchimento aconchegante e a segunda com sua letra fofa em formato de balada tristonha. Uma mais deliciosa que a outra.

E percorrer sua discografia significa deparar-se com várias outras assim. Seu vocal tem um quê legal de Thom Yorke e seus arranjos vão ecoar outros nomes que podem ser descritos com as mesmas palavras que ele, como Coldplay ou Tiago Iorc. Um desavisado poderia chamar de Pop Rock, ao mesmo tempo que alguém poderia achar “diferentão” demais.

A real é que Aqualung é o tipo de coisa que, se você não sabe bem o que quer ouvir hoje, pode colocar pra escutar sem medo que, quando perceber, já virou fã.

Isso acontece porque Hales é um cara muito atento ao que acontece na música hoje, daí ele saber oferecer bem aquilo que você tá a fim de ouvir. Para promover 10 Futures, ele escolheu mostrar primeiro uma faixa com o cantor britânico de R&B Joel Compass. Em seguida, mostrou a pedrada Eggshells, com vocais de Lianne La Havas e co-produção de Disclosure. Isso tudo não só trouxe qualidade, como também uma boa dose de surpresa.

Aqualung e Joel Compass – Tape 2 Tape

Aqualung e Lianne La Havas – Eggshells

Pois é, Aqualung parece ter chegado agora em uma pegada bem diferente das guitarras mais tristinhas e da fofura melancólica de outrora. Ainda assim, da mesma forma que aconteceu com outros músicos que despirocaram pra uma atmosfera mais Eletrônica (como Sufjan Stevens), se você prestar atenção, encontrará muitas de suas características nas duas.

O vocal alto, às vezes quase estourando, as construções que crescem sem muita pressa (para depois, finalmente, explodir), o teor emocional e o bom gosto na escolha dos timbres. E é aí que seu estilo acaba se revelando, consequentemente.

Aqualung não é um projeto de música Alternativa, assim como não é um trabalho Pop, muito menos uma experiência dentro da Eletrônica. É na verdade o trabalho autoral de um músico que, acima de tudo, sabe muito bem o que faz tanto em qualquer lado do estúdio, seja na mesa ou nos microfones. E se isso já seria motivo suficiente para darmos uma chance ao seu trabalho, uma discografia caprichada dessas aumenta ainda mais o prazer de redescobrir sua obra.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.