Kings of Convenience: Baixa Autoestima, Cabeça Erguida

“Quiet Is the New Loud”, primeiro álbum da dupla, desperta grande nostalgia juvenil

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

Quiet Is the New Loud

Creio que só você sabe quantas bandas favoritas pode ter (se uma, duas, cinco ou dez) e ninguém pode te julgar por isso. Eu tenho umas 25, por aí. Delas todas, porém, poucas me acompanharam tanto na vida quanto Kings of Convenience. Ouvir seu primeiro álbum, Quiet Is the New Loud (2001), é reviver grande parte do carinho que tenho pela dupla.

Foi esse o primeiro disco que ouvi do duo, alguns anos depois de seu lançamento – o que foi bom, já que eu era muito moleque em 2001 e Kings of Convenience é uma banda ideal para entrar na vida adulta. O mais curioso é que eu comeceu a escutar ao contrário, já que a primeira que ouvi foi Parellel Lines, que encerra o álbum, quando me mandaram como sugestão. Achei bem interessante e fui procurar mais da banda.

Daí, veio Winning a Battle, Losing the War. Tudo até então era um mero prólogo da história que ali começava.

Tamanha melancolia nem sempre carrega tanta beleza. É a história mais velha do universo: O cara que faz tudo pela menina e ela não está nem aí. Uma migalha de atenção traz uma grande alegria momentânea, mas o contexto maior revela a infelicidade – é mesmo vencer uma batalha e perder a guerra, como o título revela.

Daí pra frente, essa sensibilidade juvenil continua sendo trabalhada em temas cotidianos, a partir da delicinha Toxic Girl (“Every night she’s seen with someone new, never you”), passando por momentos memoráveis para qualquer um com baixa autoestima – como Failure, uma verdadeira ode ao fracasso.

A sinceridade continua a mil com I Don’t Know What I Can Save You From, sobre como reagir ao desabafo de um antigo amigo, e Leaning Against the Wall, que narra uma pequena cena sobre um confronto interpessoal que o protagonista queria ter evitado. Ambas revelam também os carismáticos violões que virariam marca registrada da banda.

Vale relembrar ainda a sequência interrompida Singing Softly to Me e The Girl From Back Then, faixas 3 e 7 do disco, que são partes 1 e 2 da mesma música, narrando dois momentos de uma só história. E não dá pra não mencionar Summer on the Westhill, uma das baladas sobre amizade mais bonitas que já ouvi.

Foram músicas assim, cheias de ironias e sinceridades, que me conquistaram há tantos anos e que garantem que este disco (por menor que seja perto do seguinte, Riot on an Empty Street, com arranjo e produção que chamam mais atenção) mereça minha atenção de tempos em tempos.

Além disso, trata-se do primeiro trabalho de uma das minhas bandas preferidas, o que me dá certa obrigação de relembrá-lo sempre que possível – assim como as estreias das outras 24. Ouça e favorite.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.