Ambient Music

Saiba mais do estilo que mostra a força da música em criar uma atmosfera para o ouvinte

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Fotos: Capa de "Moiety", da banda Helios

Nossa coluna de hoje tem início no século XIX. Sim, pode parecer estranho, mas foi a partir de lá que surgiu o conhecemos hoje como Ambient Music. Peguem as malas que vamos para a Paris do meio de 1800.

Erik Satie. Esse é o nome do músico francês vanguardista que foi o pioneiro na idéia de música ambiente. Satie via a música como um composto do espaço, como uma mobília que servia para preencher o cômodo. Ele acreditava que a música ambiente tinha o papel de criar outra atmosfera, para além da que existia por depois das portas. Os ruídos mundanos das charretes e do comércio das ruas perdiam vez quando a música era colocada para tocar dentro de sua casa. Um conceito interessante e que até hoje temos ao colocarmos nossos fones de ouvido dentro do metrô, ônibus, carro e viajarmos para outro mundo, muitas vezes um dentro de nós.

Satie, muito por ser vanguardista, ia de encontro aos músicos da época que viam a arte como algo para ser apreciado em silêncio e com extrema atenção. Ele instigava e incentivava que seus convidados falassem e se mexessem, pois via que a música ambiente era o plano de fundo e não a peça de destaque do recinto, e que esse era o seu papel.

A música ambiente tomava espaço após o maior reconhecimento de Erik Satie e, assim, ganhava o gosto do público e de novos artistas ao longo do tempo; Tempo esse que foi passando e agora estamos por volta de 1970. A outra grande personagem do estilo foi quem deu batizou o estilo, que até então não tinha um nome definido. Foi ele: Brian Eno.

Além de produtor de bandas nada singelas como David Bowie, Devo, Paul Simon e Slowdive, Eno foi um músico de extrema importância para a Ambient Music, visto que foi ele quem trouxe mais notoriedade e uma nova roupagem menos clássica para o estilo.

Falando propriamente desse gênero, trata-se de um coadjuvante digno de Oscar. É um som no geral, para não dizer sempre, instrumental com uma levada sublime que vez ou outra ganha uma tônica, mas que ainda tangencia o transcendente e o abstrato.

No início, era uma música bem apegada ao orquestrado e ao clássico, sendo executada principalmente no piano e nada mais. Hoje, a Ambient Music já apresenta instrumentos do Rock e do Eletrônico. Com isso, podemos perceber a forte influência do Chillwave e do Post-Rock no estilo , e vice-versa, como nas bandas M83, Sigur Rós, Explosions in the Sky e Air. Porém, ao falarmos de artistas propriamento de Ambient, temos Boards of Canada, God is an Astronaut, Hammock, Helios, Goldmund, Eluvium e A Dancing Beggar – um melhor que o outro.

Ambient Music não é um estilo comercial, longe disso. O máximo de êxito em vendas que ele pode chegar é ser incluído em trilhas sonoras, mas isso não o torna um som de mainstream, de vender inúmeros discos e de se tocar em rádio. Por sinal, esse nem é o propósito do estilo. Sua finalidade está na composição. O foco desses artistas é passar o que ele sente através do som que ele rabisca em um pedaço de papel e que depois passa para os instrumentos. Ao se alcançar a graça e força emotiva em um som que toca e que se torna parte do próprio músico, e por que não do ouvinte, seu trabalho está pronto.

Seja para ouvir com o seu headphone deitado na cama olhando para o teto, ou para colocar de fundo para uma leitura ou estudo, a Ambient Music está aí para gerar a sua atmosfera, o seu clima. Agora, é só escolher um artista por vez, dar o play e relaxar.

Discografia:

God is an AstronautAll Is Violent, All is Bright HeliosEingya HammockKenotic Boards of CanadaBoc Maxima GoldmundThe Malady of Elegance

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).