Fica difícil não curtir Cayucas, com seu som ensolarado pronto para festa, como ouvimos em seu novo e segundo álbum, Dancing at the Blue Lagoon. Há ainda um outro fator, mais emotivo, que vem a partir das histórias inspiradas na infância vivida na Califórnia dos irmãos Zach e Ben Yudin, líderes da banda, presentes nas faixas. Tem a ver também com o dedo do produtor Ryan Hadlock, que tem no currículo títulos como The Lumineers.
Por telefone, Zach comentou ao Monkeybuzz sobre o processo criativo por trás do disco. Antes de desligar, ele comentou também sua vontade de vir ao Brasil – um sonho que, em vista das dificuldades de turnês na América do Sul, parece não estar perto de virar realidade em um futuro próximo.
Monkeybuzz: É interessante como Dancing at the Blue Lagoon constrói uma Califórnia imaginária que mesmo quem nunca esteve no estado, mas o conhece por causa de Hollywood, o reconhece. Como foi criar essa ambientação para o álbum?
Zach Yudin, Cayucas: A vontade era pegar um local verdadeiro e criar uma história em torno dele, algo que fosse parte realidade, parte fantasia. O bar Blue Lagoon não existe, mas há um outro que serviu de inspiração para ele. Acho isso mais interessante que só a realidade ou só a ficção.
Mb: No caso desse disco, a inspiração parece ter vindo bastante da nostalgia também, não é? Temos uma palavra em português, “saudade”, que explica isso bem, a vontade de estar em um lugar ou com alguém novamente. Isso tem a ver com o seu trabalho?
Zach: É difícil responder essa, mas acho que sim. Talvez não de uma vontade de voltar no tempo… Tenho muitas memórias, mesmo de pequenas coisas, e eu gosto de escrever sobre elas, então, sim, a nostalgia é o ponto de partida. Na verdade, tudo que eu faço começa com um título. Assim que eu começo a compor com um título em mente, eu consigo criar uma história, mas tudo vem a partir da nostalgia.
Mb: E como é sua relação com a Califórnia?
Zach: Eu cresci aqui e gosto muito. Tenho uma forte conexão com o local e gosto de abraçar isso de todas as formas possíveis.
Mb: Você surfa?
Zach: (Risos) Sim, eu surfo. É o estado da imagem, eu gosto dessa vibe.
Mb: Como foi gravar esse disco?
**Zach: Foi bom. Estávamos nervosos por fazer algo diferente, estamos acostumados a tocar todos os instrumentos. Mas estávamos felizes, então foi fácil.
Mb: E o trabalho com Ryan Hadlock, como foi?
Zach: Ele foi incrível, ele tem um ótimo ouvido. Ele não falava muito, mas soltava ótimas opiniões quando abria a boca, gostamos muito do ponto de vista dele. Tivemos sorte de trabalhar com ele.
Mb: Tenho a impressão que essas músicas novas funcionam bem sozinhas. Elas estão boas na sequência, mas cada uma carrega um começo-meio-e-fim muito bem determinado. Isso foi intencional?
Zach: Umas outras duas pessoas já me disseram isso e eu entendo esse ponto de vista. Eu gosto sim de trabalhar cada uma delas individualmente, gosto de começo, meio e fim. Muitos álbuns muito bons já lançados não tinham isso e são ótimos, mas eu gosto de trabalhar assim, ter dez músicas diferentes no disco.