Com Novo Disco, Aldo, The Band Prepara-se para Guinada em sua História

“Giant Flea” tem lançamento marcado para a sexta, 28

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Trânsito, garoa, poluição – nada no início de noite paulistana parecia combinar com o que eu encontraria na casa à qual cheguei às 18h12 na terça, 25, para ouvir em primeira mão o álbum Giant Flea, que Aldo, The Band lançará na sexta, 28. Lá dentro, a história se desenrolaria no clima que apenas os inícios de novas fases conseguem ter.

André Faria, um dos dois irmãos que fundaram o projeto, me recebeu com sorriso no rosto, cerveja na mão e a evidente realização de poder lançar seu novo “filho”. Não nos conhecíamos pessoalmente e logo comentei de um show que vi da banda há uns meses, encontramos amigos em comum e deu pra ver também que aquele clima bem humorado e carismático das músicas não é à toa.

Tudo começou já nesse espírito, quando ele e Murilo (ou Mura) começaram a compor lembrando as histórias que seu tio Aldo viveu há algumas décadas, causos que fariam inveja a qualquer rockstar nos “clássicos” quesitos sexo, drogas e Rock’n’Roll. Com a bênção do tio, que hoje leva uma vida totalmente diferente, começava Aldo, The Band.

Quando André contou essa história, eu já havia me dado conta da altura do pé-direito do casarão e dos dutos de ar condicionado coloridos ao fundo, que me fizeram precisar perguntar: “Vem cá, que lugar é esse onde estamos?”, e ele não só me explicou que era o novo estúdio dos dois com um terceiro músico/produtor, como também me deu um caprichado tour pelo espaço – de grande valor para a história da música em São Paulo, já que é o mesmo prédio que abrigava a antiga gravadora Trama e, no primeiro andar, funciona hoje o estúdio do produtor Daniel Ganjaman, onde Criolo gravou seus últimos trabalhos.

São livros, discos e muitos instrumentos (mas muitos mesmos) espalhados pelo segundo andar do casarão. André mostra o violão em que compôs as primeiras músicas da banda e os sintetizadores que ouvimos no disco novo, em uma sala que funciona como estúdio para as experimentações da dupla e armazena os mais diversos equipamentos também usados ao vivo. Tem um clima meio Batcaverna, meio refúgio da cidade lá fora. É o tipo de lugar de onde as boas ideias concretizam-se.

A essa altura, já conhecia Mura também, que entrou na conversa contando sobre as peculiaridades do casarão e comentando diversos shows que viu por aí (todos de bandas muito relevantes dentro de seus cenários contemporâneos), além dos que a banda fez (seja com lotação máxima no Canadá ou em uma pizzaria em Fortaleza). Aliás, não tem jeito, os dois conversam sobre música o tempo todo, de uma maneira ou de outra, além de estarem sempre brincando com os instrumentos ao redor. Quem os conhece agora não consegue imaginá-los fazendo outra coisa – “Eu até tentei desistir do sonho, mas o sonho não desistiu de mim”, brinca André.

Na hora de ouvir o disco, o produtor Dudu Marote, que fez a direção artística de Giant Flea, era um dos mais empolgados na sala, do tipo que levanta para dançar e comenta cada uma das músicas, assim como os dois fundadores da banda. O que vale dizer sobre ele agora, a poucos dias de sair, é que vem caprichadíssimo nos graves (você logo vai notar os baixos) e nas batidas, com uma cara que revela um pouco mais do que Aldo, The Band é ao vivo.

O que fica mais evidente na audição é uma cara “artesanal” que a obra tem mesmo, dá pra sentir como tudo ali saiu de experimentações dos músicos no estúdio pirando nas escolhas de timbres e beats, assim como compondo as melodias empolgantes pelas quais ganhou destaque nos últimos anos.

Giant Flee tem tudo pra ficar bem marcado na discografia da banda como o momento em que ela cresceu (em um primeiro momento, em sonoridade. Depois, provavelmente, em popularidade), e a noite de terça tinha um pouco desse horizonte mais perto, essa sensação de um pequeno marco em algo maior. “Vamos lembrar e contar um dia a história de quando você veio ouvir esse disco com a gente”, disse Dudu ao final da audição. Pois eu aqui já estou contando.

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MARCADORES: Novo álbum

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.