“The Garden”: Quando Sia e José González foram Coadjuvantes

Terceiro álbum do duo Zero 7 resiste ao tempo com Pop Eletrônico fora do convencional

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

The Garden

É curioso pensar que um disco lançado há nove anos trazia relevantes participações de Sia e José González quando o nome principal por trás da obra detém um reconhecimento muito inferior ao desses dois ultimamente. Trata-se de The Garden, terceiro álbum da dupla Zero 7, que, quando escutado hoje, permanece como uma obra notável pela maneira com que trata um som indiscutivelmente Pop de uma maneira diferente da esperada na vertente Eletrônica do gênero.

São doze faixas, sendo seis delas cantadas por Sia, quatro por González (sendo uma delas sua maravilhosa Crosses em uma versão, bem, menos maravilhosa) e duas instrumentais, todas entre uma animação agradável sem ser necessariamente dançante e um som caprichado, ainda que fácil de escutar. Por experiência própria, afirmo que é uma recomendação certeira para os amigos que tem medo de sair do território do Pop.

É fácil encontrar uma influência direta do Trip Hop e outros sons dos anos 90 feitos com banda. Existe também uma certa pureza na quantidade de camadas de elementos em muitas das faixas, o que dá uma sensação de algo mais orgânico do que puramente Eletrônico – o que combina muito bem não só com as vozes dos convidados, mas também com o violão de González.

Esse é outro aspecto interessante, como as músicas combinam com seus vocalistas. Dá até para imaginar muita gente por aí jurando de pés juntos que The Pageant of the Bizarre é originalmente de Sia, ou Left Behind estar em um dos discos do sueco.

Uma das características principais de The Garden é que, por mais Pop que ele seja, não se trata de um disco de hits. You’re My Flame e Futures podem ser algumas das mais famosas, mas não são faixas que você facilmente encontraria por aí – mesmo caso da inspiração em Bossa Nova de Today ou o Jazz de Your Place, que não necessariamente encorajam sua proliferação por rádios ou trilhas-sonoras do mainstream.

Ainda assim, The Garden é um daqueles álbuns que você pode guardar na sua coleção para um dia que precise ouvir algo tranquilo, mas ainda de qualidade – ou pra quando, em um momento fã, a discografia de Sia ou de José González não der conta da vontade de ouvir suas vozes.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.