Entrevista: Natalie Prass

Cantora comenta show que fará no Popload Festival e seu primeiro álbum

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Natalie Prass é um nome que apareceu na virada de 2014 para este ano como uma das grandes promessas para os próximos meses. Dito e feito, o prestígio com seu bonito primeiro disco fez com que ela brilhasse no meio da música autoral de cunho mais sensível no que culminou agora em sua vinda ao Popload Festival, em São Paulo, com show na sexta, 16.

Ela conversou ao Monkeybuzz por telefone, diretamente do carro na viagem de volta de um show em Nova York, na famosa casa Radio City Music Hall. Falante e bem humorada, Natalie riu ao admitir que ainda suas malas ainda não estão nada prontas, mas que ela não vê a hora de vir ao país pela primeira vez.

Monkeybuzz: Enquanto você trabalhava nas músicas de seu primeiro álbum, imaginava que elaas estariam sendo tocadas para multidões em festivais?
Natalie Prass: Quer saber? Acho que esse sempre foi o sonho. Quando você está fazendo um disco, você pensa que o objetivo é que muita gente goste, você quer tocar para muitas pessoas – essa é sempre a fantasia, especialmente se você ainda está começando. Até porque você está confuso e nem sabe por onde começar, então o que quer é só poder tocar para o maior número possível de pessoas. Mas é uma loucura, nunca se sabe. Quando eu estava gravando o disco, todo mundo ao meu redor estava se dando bem na indústria [musical] de uma maneira ou de outra. Então eu fazia uma ideia, mas você não sabe como as coisas são até experimentá-las. É um processo lento e gradual. Quando vê alguém tocar no Radio City, você nunca sabe como chegar até lá e fazer o mesmo. A jornada tem sido incrível. Tem sido devagar, mas estou feliz que as pessoas gostam do disco.

Mb: É interessante ouvir você falar em um processo lento, porque, aos nossos olhos, você lançou seu primeiro álbum em janeiro e já está vindo ao Brasil em outubro. Natalie: É verdade, é verdade, quando você olha assim parece rápido, mas para quem está trabalhando nisso a vida toda… (pausa) Quando eu comecei a compor, quando eu era pequena e juntei minha primeira banda no colégio, sua perspectiva é ingênua, sabe? “Quando eu fizer 21 anos, eu vou entrar para o Rock’n’Roll Hall of Fame” (risos). Você nem faz ideia. Há uns dois anos, eu tive que confrontar a ideia de que talvez essa vida não fosse pra mim, o que me dava muito medo, porque tudo o que eu sempre pensei de mim era ser uma musicista, uma artista, uma compositora. Mas é muito louco quando você chega (fazendo voz dramática) no fundo do poço tão escuro e frio (risos). Uma porta se abre e ela pode ser bem pequena, mas pelo menos ela te leva a algum lugar. Sinto como se eu tivesse passado por várias pequenas portas, algumas muito pequenas. E, com o tempo, elas estão ficando maiores. Isso é muito legal.

Mb: Você tem feito muitos shows ultimamente, não é?
Natalie: Meu deus, muitos.

Mb: E o que você aprendeu sobre suas músicas tocando-as ao vivo?
Natalie: Que eu não aguento mais elas (risos). Sinto que eu posso me aprofundar mais nelas agora, porque para mim é impossível reviver as emoções às vezes. Quando estou no palco, quero fazer algo novo, olhar para a música sob um novo ângulo, talvez cantá-la diferente. Acabo pensando em coisas diferentes, coisas sobre as quais eu escrevia na época e como eu posso relacioná-las à minha vida agora, só para tentar ser mais genuína. Eu não quero estar no palco e agir como um robô. É um disco de apenas nove músicas e estou fazendo shows desde janeiro, então deu para tocá-las muito. Estou animada para começar a trabalhar em um “número dois”.

Mb: Como estão os planos para um novo álbum? Já sabe quando vai entrar em estúdio?
Natalie: Ainda não agendamos o estúdio. Terminamos a turnê no meio de novembro, daí vamos ver como fazer.

Mb: Você recebe um retorno mais emocional das pessoas também, elas vem te contar sobre suas relações com as músicas em um nível mais pessoal?
Natalie: Sim! Não é todo mundo, mas sempre tem algumas pessoas incríveis após shows, ou em sessões de autógrafos, ou mesmo em festivais que querem me conhecer e contar suas histórias. É sempre algo que me toca. Todos podem se relacionar com a música, é muito real, muito humano. Adoro isso. Gosto muito quando as pessoas se abrem para mim porque isso é a vida como ela é, sabe?

Mb: Ainda sobre o conteúdo de suas músicas, você se sente muito exposta ao cantar sobre dramas pessoas e intimidades assim?
Natalie: Sim, com certeza. Mas, quando você faz a escolha de ser uma compositora e uma artista – digo, uma pessoa que canta suas próprias músicas -, isso faz parte. Você precisa saber no que está se metendo (risos). Você se coloca como vulnerável. Dá medo ser julgada assim. Você precisa ser “durona” e saber que é nisso que você acredita e você vai escrever e fazer seu melhor. Mas você está abrindo seu diário para as pessoas. Mas é uma coisa bonita. por que não dividir sua história, sabe? Isso nunca me incomodou.

Mb: Como foi a escolha de trabalhar com Matthew E. White no álbum?
Natalie: Nós crescemos na mesma cidade e nos conhecemos em uma “batalha de bandas”. Ele era um ano mais velho que eu, o que importa muito quando você é mais novo, daí perdemos o contato. Nos reencontramos através de um amigo em Nashville. Ele me chamou para gravar backing vocals para um disco e eu falei “essa música é incrível, de quem é?” e ele me disse “de um tal de Matthew de Richmond” e eu falei “espera, eu conheço Matt!”. Ele então me disse “vocês precisam conversar, vocês tem o mesmo gosto e as mesmas ideias” e me passou o email dele. Foi quando eu o convidei para ser meu produtor. Foi muito natural, sem pressa. Ele é muito paciente, perfeccionista e organizado. Foi um longo processo, mas fiquei feliz com o resultado.

Mb: Na sua carreira até agora, o que te deu mais orgulho?
Natalie: Acho que… Entenda, Richmond não é uma cidade da indústria musical, é uma cidade universitária, e eu fico muito orgulhosa de ver meus amigos e colegas colocando Richmond no mapa. As pessoas estão começando a perguntar: “E aí, o que está acontecendo em Richmond?”, sabe? Isso é muito recompensador para mim. Por exemplo, eu tive a sorte de dividir o palco com Matthew E. White na Irlanda e pude ver toda aquela gente dançando e cantando suas músicas, pensando “uau, isso é incrível, esse pessoal é tudo meu amigo”. E nós construímos isso do nada, entende? Não tínhamos dinheiro, só tínhamos a visão e todo mundo trabalhou junto. É uma loucura pensar como tudo aconteceu.

Mb: Pra terminar, o que podemos esperar de seu show no Popload Festival?
Natalie: Bem, não vai dar para levar uma orquestra (risos). É uma banda tradicional – duas guitarras, baixo e bateria -, um pouco mais roqueiro, tem um pouco de distorção… As músicas brilham mais [do que no disco]. São músicos incríveis, é um prazer tocar com esses caras. Não vai ser um show para ver sentado, vai ser festa mesmo.

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ARTISTA: Natalie Prass
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.