Neo Soul: A reinvenção de um gênero

Som característico dos anos 60, ganha novas formas e novo fôlego. As novas caras desse Soul modificado estão conseguindo atingir um novo publico e apresentando as novas gerações um estilo que ficou sumido por muito tempo

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Ai, o começo dos anos 60! Muita música boa surgindo! Artistas aparecendo de todos os lados, assim como estilos novos. A fusão de gêneros musicais era muito intensa naquela época, e eis que do R&B e da música Gospel nasce um dos ritmos mais longevos da historia, Ray Charles e Jackie Wilson começaram o Soul. Anos depois o estilo se reinventa e ganha uma nova cara, o Neo Soul.

O estilo já vinha com certa força desde a década de 90, quando assim foi batizado por Kedar Massenburg da lendária Motown Records. Quem conhece o Soul sabe da importância que ela teve para o desenvolvimento não só do pai do Neo Soul, mas também de seus irmãos com o Funk e o Pop predominante nas décadas de 60 e 70 – irmãos esses que acabaram entrando na mistura que é essa nova roupagem do Soul.

Para o cantor Alex Boyd, “a música Soul está mergulhada na alma” e “suas melhores canções são aquelas que tem uma forte narrativa”. As melodias são ornamentadas, o ritmos fortes e pegajosos, instrumentação orquestrada pelos metais, o coro e interpretação dramática do vocalista principal, além das danças e do bater de palmas do frontman e banda.

O estilo que era predominante dos negros inicialmente, se tornou muito mais plural hoje em dia. A inglesa Amy Whinehouse é o maior exemplo disso, uma cantora branca que simplesmente definiu o novo estilo no começo dos anos 2000. Além disso, ela quem ajudou a volta desse novo Soul, Back To Black de 2006 dominou todas as paradas e a ascensão meteórica de Amy ajudou a catapultar também o estilo que carecia de grandes artistas desde seus primórdios.

Em 2011, um dos grandes nomes do estilo foi Mayer Hawtorne, sua musica é bem caracterizada por batidas leves e a mistura perfeita entre o R&B dos 60 com o Soul do começo dos 70. How do You Do, terceiro disco de Mayer apareceu em várias listas de melhor álbum do ano, mostrando que o estilo vem se reestabelecendo e crescendo cada vez mais.

“Muitas das progressões de acordes que as pessoas usam hoje podem ser parecidas com aquelas usadas nos primórdios do gênero, mas isso é normal”, explica Boyd, “afinal, só existem 88 teclas no piano. Não dá pra reinventar a roda. Entretanto, os artistas que me inspiram hoje estão experimentando com variações sonoras, misturando gêneros e, é claro, usando linguagem e gírias dos nossos dias”.

Dessa forma, o Neo Soul contém elementos de Hip Hop, Funk e o Jazz, além da música eletrônica, que também entrou na dança principalmente com o House. A norte-americana Janelle Monáe, é umas das artistas que se destacaram por fazer essa mistura.

Como em todo começo de ano, surgem as listas de apostas para 2012, entre os principais nomes, o Neo Soul se faz muito presente, com Michael Kiwanuka, Lianne La Havas e Delilah sendo os mais citados.

Estilo que começou a surgir pro mundo na década de 60, e desde então, vem se modificando, para se adaptar às novas tendências e se manter relevante para os novos públicos. “Em uma época de fragilidade econômica, é natural que os ouvintes queiram escutar músicas que elevem suas almas”, declara Boyd. “Música é o remédio, e nos dias de hoje, Soul é o que o médico receitou”.

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Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts