Ty Segall e suas influências

Conheça um pouco mais sobre o que inspira o prodígio do Garage Rock, que mantém uma média de três excelentes lançamentos por ano

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Como explicar um artista tão produtivo como o Californiano Ty Segall, que em um mesmo ano já lançou o excelente Hair em parceria com o White Fence, há menos de um mês, o denso Slaughterhouse pelo projeto de Noise/Garage Rock Ty Segall Band e ainda tem planejado para o dia 9 de outubro mais um álbum solo?

Com apenas 24 anos, ele faz parte de uma intensa cena de Garage Rock de São Francisco, sua cidade natal na Califórnia. Lá, Ty cultivou muitas amizades que o influenciariam e resultariam em parcerias futuras, como a com o White Fence. Estar acompanhado de músicos mais experientes, que o apoiavam realmente como um pequeno prodígio, fez com que já fizesse um barulho com suas primeiras bandas, como a Epsilons, e tivesse mais confiança para, em 2008, se lançar com seu primeiro disco solo, Horn The Unicorn, disponível apenas em cassete.

A partir daí, foi fácil para o garoto que diz ficar louco quando não grava algo novo, lançar uma média de três trabalhos por ano e manter uma qualidade ímpar em todos. Como instrumentista, Ty é impecável na guitarra e na bateria, chamando a atenção de músicos mais experientes, como seu amigo John Dwier, atualmente vocalista e guitarrista da The Oh Sees, que o apadrinhou durante algum tempo, o apresentando para nomes importantes que o ajudariam futuramente em sua carreira. Além de saber usar muito bem sua voz e criatividade nas composições para o tipo de som que faz, o garoto é recém formado da Universidade de São Francisco, onde estudou mídia com a intenção de se aprimorar como engenheiro de som, principalmente da maneira analógica, não sendo fã de softwares de edição e novas tecnologias. Sua formação o ajudaria principalmente a conseguir produzir tantos álbuns em intervalos curtos como vem fazendo.

Mas são as influências de Ty Segall que mais definem seu trabalho. Analisando seus três últimos discos lançados, é possível classificá-los em categorias de grandes nomes do Rock que inspiraram o garoto a produzir, em um só ano, três dos melhores álbuns para quem é fã de um Garage Rock clássico, às vezes com um toque de Punk e Hard Rock e sempre com um pezinho na Psicodelia sessentista.

Neil Young e John Lennon

No ano passado, em entrevista à Prefixmag, logo antes de lançar seu primeiro álbum solo pelo já clássico selo de Indie Rock experimental da Drag City, Ty revelou que andava escutando muito Neil Young e que provavelmente isso influenciaria seu novo disco. Não era mentira e, realmente, Goodbye Bread foi sua obra mais calma até então e a que mais havia trabalhado a questão da psicodelia tão presente em suas influências.

Este também é um disco mais “Pop”, se considerarmos a popularidade de suas inspirações. John Lennon, Neil Young e até um pouquinho do Glam Rock de David Bowie e T. Rex podem facilmente ser encontrados em meio aos elementos ainda presentes de seu Garage Rock habitual.

George Harrison

Hair foi seu primeiro trabalho com seu amigo Tim Presley, líder da também banda de Rock Psicodélico White Fence. Ao andarem muito juntos, ambos começaram a compor algumas faixas e não demorou muito para Tim ser contaminado pela velocidade frenética que Ty produz seus álbuns e lançarem este linda obra.

Todas as faixas são contagiantes por terem muitas viradas e mudanças bruscas de ritmo, lembrando algo de Pink Floyd, mas principalmente do Beatle mais viajado, George Harrison e seu primeiro disco solo, All Things Must Pass. Ty neste álbum comandou a bateria e a guitarra rítmica, deixando a principal e o baixo para Tim.

No vídeo abaixo, já acompanhados do restante da White Fence, é possível ouvir Time em uma apresentação ao vivo, que não deixa nada a desejar para a versão de estúdio da faixa que abre Hair.

The Stooges

Em Slaughterhouse, sua obra mais “barulhenta” e pesada, ele precisou da ajuda de uma banda para compor tudo que imaginou e segundo o próprio, a participação foi tão boa que não achou justo lançar o álbum apenas com seu nome e para isso criou o projeto Ty Segall Band.

Fã de The Stooges desde sua adolescência, Ty Segall incorporou neste disco, muito do Punk jovem de Iggy Pop, mas, misturado à psicodelia que se acostumou a inserir em suas músicas, o álbum ficou menos experiemental e muito mais Pop, podendo agradar um número muito maior de pessoas do que os trabalhos de seu ídolo. Além de tudo, este pode ser considerado o trabalho mais conceitual do artista, com faixas mais sombrias, resultando em um “Space Rock do mal” como ele mesmo define.

Em resumo, Ty é fruto de suas experiências, amizades e influências. O ainda garoto de 24 anos vem construindo um nome forte na história recente do Rock americano pela velocidade com que lança excelentes álbuns e por saber incorporar as mais diversas inspirações sem nunca abandonar seu Garage Rock clássico de sempre. Por suas habilidades com a Guitarra, ele poderia também ficar conhecido como um prodígio da guitarra como o também jovem Kurt Vile, mas com tantos outros dons como bateria, vocal, composição ou produção, seria muito limitado classificá-lo desta forma.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.