Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.
Gulag Orkestar
Beirut entrou na minha vida de uma forma, bem, Fora de Época (como o nome desta coluna). Já era 2009 ou 2010 quando, após uma sucessão de recomendações de pessoas cujo gosto eu respeito que parei para presentear meus ouvidos com este som que me acompanha, em uma dinâmica muito “nossa”, até hoje.
Digo isso porque, confesso, ainda não tive tempo de ouvir No No No inteiro, e mesmo o álbum anterior, The Rip Tide (2011), demorou a engatar aqui no meu play. Talvez isso aconteça porque foi o padrão que eu estabeleci desde o início da nossa relação, quando fui ouvir Gulag Orkestar três ou quatro anos após seu lançamento, ou por uma intuição de que o som da banda será melhor aproveitado sem urgência.
Nem sempre consigo estabelecer uma música favorita em um disco, mas o clichê da exceção da regra encontra aqui outro lugar comum: Postcards from Italy, preferida de uma grande parte do público da banda de Zach Condon. Ao meu ver, ela sintetiza de maneira extremamente Pop todo o clima do disco: A nostalgia de um lugar onde nunca estive.
Tem a ver com os nomes de cidades de várias das faixas e, principalmente, com o clima europeu-de-taverna que meu imaginário insiste em dizer que existe em alguns cantos do velho mundo, provavelmente ao redor de uma lareira em uma sala com cerveja servida diretamente do barril.
Ouvir Gulag Orkestar é a fuga que o caos da cidade grande impõe diariamente. Mais que isso, é uma suspensão no tempo, uma quebra no que diz respeito à leitura cultural que fazemos da música prendendo-a exclusivamente a um determinado local ou época.
Escute-o e viaje em si.
