Entrevista: Cage the Elephant

Matt Schultz relembra shows no Brasil e comenta disco “Tell Me I’m Pretty”

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Com quatro álbuns lançados nos últimos oito anos, Cage the Elephant conquistou o posto de uma das bandas de Rock mais celebradas de nossa época, com um som de grande liberdade e energia.

Por telefone, o vocalista Matt Schultz conversou com o Monkeybuzz com uma calma muito diferente daquilo que vemos no palco. Ele contou sobre seu mais recente lançamento (Tell Me I’m Pretty e relembrou suas passagens no país, com shows explosivos durante os festivais Lollapalooza de 2012 e 2014.

Monkeybuzz: Seus discos parecem ter personalidades muito distintas, e Tell Me I’m Pretty é mais uma prova disso. Essas diferenças são intencionais ou acontecem naturalmente?
Matt Schultz, Cage the Elephant: Acho que é um pouco dos dois, mas provavelmente mais para o lado do “naturalmente”. Sabe como é, o seu gosto musical está constantemente se desenvolvendo e, para entrar no estúdio, nós queremos sempre estar animados de poder gravar algo novo, como se nos reinventássemos e cada disco fosse nosso “primeiro álbum”, sabe? E eu ouvi uma citação de Bob Dylan uma vez que dizia que se alguém já estivesse fazendo a música que eu quero ouvir, então eu não estaria gravando um disco. Isso faz muito sentido para nós, queremos fazer discos que vão nos deixar animados, que vamos querer ouvir e, possivelmente, outras pessoas também.

Mb: Como foi o processo criativo por trás de Tell Me I’m Pretty? Matt: Em Melophobia, nosso trabalho era de colocar um microscópio em cada aspecto do álbum, tentando entender os detalhes e nos certificar que cada parte era exatamente o que queríamos fazer. O novo é mais baseado em reações. Muitas das músicas foram gravadas em dois ou três takes, os vocais estavam mais arranhados, é um disco mais “ao vivo”. Foi mais uma questão de captura, ao invés de uma coleção de influências e referências e ver se o chimbau estava no timbre perfeito (risos).

Mb: Como as músicas novas e as antigas combinam no palco? Vocês tiveram que fazer alguma mudança em arranjos para o novo show?
Matt: Elas combinaram bem. Mais com as de Melophobia do que as primeiras.

Mb: Faz sentido, porque, como você disse, seu gosto está em desenvolvimento, então você se distancia cada vez mais do passado. Matt: Bem, ainda há muito dos primeiros discos. Acho que as convicções e o espírito daquela época continuam nos outros discos. Percebo que tínhamos mais uma persona, baseada em quem nossos heróis da música eram. Com o tempo, fomos desenvolvendo o trabalho como uma expressão melhor de quem nós somos e de quem queremos ser. Nos tornamos mais transparentes.

Mb: Por falar em heróis, vocês sempre foram comparados a diversas bandas, até mesmo Nirvana. Como você lida com as comparações? Algumas delas incomodam, ofendem ou até mesmo agradam? Matt: Sabe, elas não me incomodam tanto quanto as pessoas pensam. Eu entendo que a maneira mais fácil de falar sobre música é através de referências. Então, não me incomoda. Só é estranho quando te deixam com muita responsabilidade. Digo, como eu poderia ser o próximo Nirvana? (risos)

Mb: Como você acha que Cage the Elephant será lembrado no futuro?
Matt: Não sei. Acho que eu adoraria continuar fazendo discos cujas convicções parececem honestas e verdadeiras, mas eu não sei como as pessoas se lembrarão de nós. Espero que as pessoas se lembrem das músicas.

Mb: Se você tivesse que escolher apenas um, você preferia que a banda continuasse fazendo apenas discos novos para o resto da vida ou só shows? Matt: (risos) Cara, que difícil! Acho que tenho que escolher novos álbuns, porque gosto dessas novas experiências no estúdio.

Mb: Quais são suas lembranças de tocar no Brasil? Matt: São ótimas. No show de 2014 no Lollapalooza, eu senti que o público tinha sacado o espírito do Melophobia. Pra mim, foi quase cabalístico, uma experiência de energia positiva. Legal demais.

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MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.