Jack White, Produtor

O consagrado músico já obteve êxito também do outro lado dos microfones nas salas de gravação

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Você deve provavelmente conhecer Jack White. O cara é líder de uma extinta banda que já deixa muitas saudades, a The White Stripes, fez dois projetos paralelos bem-sucedidos, o The Racounters e o The Dead Weather, além de ter lançado sozinho um dos melhores discos do ano, Blunderbuss. É multi-instrumentista , sendo a guitarra sua especialidade, tem um timbre de voz único e talvez venha para o Lollapallooza 2013. Talvez, tudo isso você já saiba, mas por acaso você conhece a sua faceta de produtor?

Obviamente sim, dado que todos os seus projetos e CDs tiveram o seu dedo na produção. Entretanto, uma audição em trabalhos que não contém a sua participação direta na frente dos microfones mostra um Jack White ainda mais talentoso e plural musicalmente. Sua primeira produção “independente” viria com o homônimo disco dos Soledad Brothers, em 2000, após o lançamento dos dois primeiros álbuns do White Stripes. A relação entre as duas bandas passa pelas influências do Blues Rock, pelo fato de ambos serem de Detroit, além de um dos integrantes do Soledad Brothers ter ensinado Jack a tocar o slide em sua guitarra, e outro ter namorado durante muito tempo a Meg White, baterista dos Stripes. Seu primeiro trabalho consistiu na produção de um dos singles, The Gospel According To John, e na engenharia de som. A faixa tem uma pegada bem semelhante ao da mais famosa banda de Jack, com um Blues misturado com Rock de poucos acordes.

Soledad Brothers – Gospel According to John

Outro debut que White trabalhou foi o Lack Of Communication do The Von Bondies. Álbum sensacional, mistura a efervescência do novo Rock surgido no início do século junto de outros genêros, como a Surf Music, o Rockabilly e o Garage Rock. O timbre de voz do vocalista é bastante semelhante ao de Jack em alguns momentos, entretanto tem sua personalidade própria e dá outro clima para diversas faixas. Bem mais pesado que o White Stripes, Jack procurou explorar o lado mais sujo e, ao mesmo tempo, viajado da banda para produzir um CD que talvez seja desconhecido para muitos, mas que consegue agradar tanto o seu público quanto o de outros gêneros. Faixas como Please Please Man, com backing vocals femininos, e Lack Of Communication, um Garage Rock de primeira com um bom baterista e baixista, são só algumas boas de uma obra que é integralmente muito boa.

The Von Bondies – Lack of Communication

Logo em seguida, o senhor White viria a produzir o também debut do Whirlwind Heat, Do Rabbits Wonder?. Entretanto, se as suas produções anteriores se assemelhavam à sua banda principal, esse trabalho pode ser considerado o oposto. Com uma pegada bem mais Punk misturada com Indie, e todas as músicas com nomes de cores, o Whirlwind Heat aumenta o leque de gêneros que Jack trabalhou. Oscilando entre bons e insossos momentos, o debut não se mantém – mais pela própria qualidade do material do que pelo trabalho do produtor. Entretanto, pode ser considerado um ponto não tão expressivo em sua carreira.

Whirlwind Heat – Purple

Mudando ainda mais o escopo do seu trabalho, Jack começou a trabalhar com duas de suas paixões, o Country Rock e vozes femininas. Foi com a veterana cantora Loretta Lynn em Van Lear Rose, um álbum cheio do folclore americano do Country, com dedilhados de guitarra, vozes carregadas de sotaque sulista e ambientação de lanchonete de beira de estrada, que o produtor realizou mais um grande trabalho. Vemos os dedos dele na guitarra tocada no disco, ou cantando em Portland Oregon. Coincidência ou não, após esse projeto, podemos ver uma mudança no som White Stripes, com o CD Get Behind Me Satan que foi lançado em seguida, e o início do namoro de Jack com sons mais acústicos.

Loretta Lynn – Portland Oregon

As duas próximas produções de Jack tem muito a ver com seus projetos paralelos. Foi no CD de compilações de faixas de álbuns anteriores do The Greenhornes, o Sewed Soles, que o músico viria a produzir conjuntamente com Brendan Benson. Guitarrista e vocalista, logo integrou e gravou o primeiro álbum do Racounters com White. O trabalho como produtor consistiu mais em garimpar e trabalhar faixas antigas do que realmente estar no processo criativo e produtivo do álbum. Entretanto, vemos uma banda em que, com certeza, o Racounters se inspirou e se influenciou em sua posterior estreia.

The Greenhornes – The End of the Night

O outro projeto, dessa vez com uma voz feminina, lembra o clima dark e um pouco gótico do The Dead Weather, banda que tem Alisson Mosshart, vocalista do The Kills. Em The Ghost Who Walks de Karen Elson, vemos essa ambientação ao longo de todo álbum, entretanto sem refletir em um som pesado como o Dead Weather. Vemos mais um Folk Alternativo, com timbres de guitarra de White e uma série de instrumentos que dão o clima mais noturno ao trabalho. A voz da cantora é realmente agradável e todos os arranjos do CD combinam muito bem com ela.

Karen Elson – The Truth Is in the Dirt

White ainda viria a trabalhar com mais uma cantora famosa de Country, Wanda Jackson, em The Party Ain’t Over, realizando mais um trabalho elogiadíssimo e demonstrando a sua cada vez mais eminente afinidade com o gênero. Vemos em todos os seus trabalhos como produtor semelhanças e resquícios de sua personalidade, que vão aparecendo sob diversas formas, através de estilos já consagrados nas mãos do músico, instrumentos adicionados pelo próprio ou pela sua linha de direção. Entretanto, não nos deixa menos embasbacados com todo o talento desse workaholic da música atual que, além de ser um dos melhores guitarristas de sua geração, também é muito competente não só produzindo suas bandas, mas também diversos artistas com estilos diferentes.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.