Experiência Coachella: Vale a Pena?

Fama do festival cresce a cada ano, não necessariamente por causa da música

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Fotos: Fotos: Lucas Repullo/Monkeybuzz

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Sobre o Festival

Todo mundo tem alguma opinião formada sobre o Coachella. Seja por gostar de festivais e sonhar em ir, seja por parecer uma viagem incrível pra curtir com os amigos ou mesmo por almejar ou desprezar o status que é estar presente no evento em que todos os famosos no seu Instagram estão. Mas como será que realmente é o evento do ponto de vista do fã de música?

O festival acontece durante seis dias (divididos em dois finais de semana em que as bandas se repetem) em Indio, Califórnia, cidade americana no meio do deserto, próxima à conhecida Palm Springs (cidade em que os que não estão dormindo nas barracas do festival provavelmente estão hospedados). Os shows começam mais ou menos na hora do almoço e vão até o início da madrugada, divididos em cinco palcos (dois principais e três tendas).

Do ponto de vista musical, é difícil questionar as escolhas do Coachella. Não é o festival mais vanguardista, mas a escolha de seus artistas é bastante atenta ao que acontece no mundo da música, sabendo equilibrar sucessos de público e crítica. A escolha de seus headliners também ajuda a entender o direcionamento da sua curadoria. Bandas relevantes, influentes (LCD Soundsystem), um clássico (Guns N’ Roses) e um nome popular, do momento (Calvin Harris). Mas, estando no evento, é fácil perceber que o que atrai a maioria do público não é a música, e sim tudo que envolve o festival e a aura que foi criada em volta dele nos últimos anos.

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Por que tanto hype?

A região onde acontece o festival é belíssima e só isso já valeria a viagem – deserto acompanhado por Palmeiras monumentais e uma arquitetura peculiar, saída diretamente de algum clipe de Mayer Hawthorne ou de Todd Terje. Além disso, durante os dias de festival, nos hotéis e bares da cidade, as mais incríveis festas acontecem, desde as mais acessíveis até as mais exclusivas – afinal, estão reunidos por lá alguns dos maiores músicos e DJs do mundo.

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Pra completar, o festival fica a duas horas de viagem de Los Angeles, cidade onde vive boa parte dos famosos, que, normalmente a convite de marcas, vão à Palm Springs curtir e aparecer. Portanto o resultado final é um final de semana em um local paradisíaco, com festas e shows inesquecíveis o tempo todo e algumas das maiores celebridades do mundo a alguns passos de você.

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Afinal, vale a pena?

É claro que, se tudo isso te atrai, o Coachella é o lugar para se estar, mas, se o seu sonho de viagem gira mesmo em torno da música, talvez existam melhores opções. De início, o festival em si, estruturalmente, não é nada de muito diferente de qualquer grande festival que você já tenha ido. Se já esteve em algum Lollapalooza Brasil ou no Rock In Rio, saiba que é uma versão um pouco mais organizada destes eventos. A própria seleção de bandas, que há alguns anos seria um sonho para qualquer brasileiro, hoje já é bem mais acessível, praticamente todas as principais atrações tocaram no país nos últimos dois ou três anos e as que não fazem parte desta estatística tem chances enormes de virem a qualquer momento – mesmo com o mercado de shows no país aparentemente menos aquecido do que há alguns anos.

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O grande diferencial musical do Coachella que provavelmente não se encontra em nenhum outro festival são as participações especiais. Este ano foi incrível neste quesito com Kanye West aparecendo nas apresentações de Jack Ü e A$AP Rocky, Rihanna no show de Calvin Harris, Sam Smith, Lorde e AlunaGeorge com Disclosure, Janelle Monaé com Grimes, MØ com Major Lazer, Snoop Dogg e Ja Rule com Ice Cube e até a épica participação de Angus Young (guitarrista de AC/DC) na apresentação de Guns N’ Roses, entre outras. Isto acontece pela facilidade destes grandes nomes em aparecerem por ali e pela alta visibilidade do festival que os faz estarem em maior evidência durante o período.

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Destaques do Coachella 2016

Neste ano, os olhos dos fãs de música estavam voltados para LCD Soundsystem e Guns N’ Roses. A primeira banda por ter anunciado seu fim há cinco anos e ter ressuscitado em 2016 com o anúncio de um novo disco e presença em quase todos os grandes festivais pelo mundo (começando pelo Coachella). A segunda por trazer de volta o guitarrista Slash e o baixista Duff McKagan à banda. Ambos entregaram além do que prometiam. A banda de James Murphy fez seu show sem firulas como de costume e foi uma apresentação de reencontro, sem nenhuma música nova, só as boas e velhas canções que os fãs adoram e ainda um épico cover de Heroes, de David Bowie. Já o grupo de Axl Rose (com a perna quebrada) fez um show de Rock completo, com todos os hits da banda, Axl com sua voz bem melhor do que em sua recente passagem pelo Brasil e o bônus que foi a presença ilustre de Angus Young.

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Sufjan Stevens fez uma das mais belas e surpreendentes apresentações desta edição, com uma presença de palco e direção de arte impecáveis. Courtney Barnett fez o que sabe fazer melhor e outros nomes como Chvrches, M83, Foals, Of Monsters And Men, Halsey e Sia conseguiram atrair grandes públicos e divertir todo mundo. Nos palcos menores, vale destacar as apresentações hipnotizantes de Grimes, Unknown Mortal Orchestra, BØRNS, Deafheaven e Anderson .Paak & The Free Nationals. Mas, claramente, como parece ser o caminho de toda a música Pop há algum tempo, quem roubou a cena foram os nomes da Música Eletrônica. Calvin Harris, Jack Ü, Major Lazer e Zedd tornaram impossível a locomoção pela área dos palcos, Flume conseguiu atrair todos os olhares do público e também uma das maiores concentrações de famosos e Disclosure teve provavelmente três vezes o público de Guns N’ Roses – atração principal do dia – e ainda trouxe o maior número de convidados que já vi em um show – praticamente todas as vozes que participam de alguma música com eles. Pra completar, nomes como Baauer, ZHU, Hudson Mohawke e outros provavelmente fizeram a organização repensar o tamanho das tendas para as próximas edições.

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Conclusão

O Coachella é uma viagem muito divertida, o evento é bem organizado, em um lugar belíssimo, além de ser um festival de música muito competente. Mas é mais recomendável caso todo este contexto te atraia tanto quanto ou mais do que a música. Se o investimento na viagem for musical, vale experimentar uma viagem ao frenético SXSW – para ver um número insano de bandas novas- ou ao espanhol Primavera Sound, que consegue unir tamanho e relevância como poucos no mundo hoje.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.