A Volta de LCD Soundsystem

Banda de James Murphy voltou após hiato de cinco anos em show no festival Coachella

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Fotos: Foto por Kevin Winter

James Murphy e companhia estão de volta. Após um dos términos de banda mais curiosos dos últimos tempos, no qual houve tempo de planejar um último disco, uma última turnê, últimas entrevistas e uma última apresentação em um lugar icônico como o Madison Square Garden, em Nova York, LCD Soundsystem anunciou um novo disco para este ano e é presença confirmada em muitos dos principais festivais de música pelo mundo. O primeiro deles aconteceu nesse final de semana, no Coachella, na Califórnia.

Em um show sem firulas e sem muita conversa, mas com uma nítida emoção por parte da banda e do público, a banda fez uma apresentação com cara de reencontro. Sabe quando voltamos de uma viagem longa e tudo que queremos é ir para a casa que conhecemos, comer a refeição mais normal possível e estar ao lado do que nos é familiar? Foi assim que James Murphy preferiu comandar a noite.

Todos os hits esperados, de All My Friends a Dance Yrself Clean, passando por Daft Punk Is Playing At My House e Losing My Edge, estavam lá e ainda vieram acompanhados de um trechinho de November Rain, do grupo Guns N’ Roses – headliner do dia seguinte – e de um cover épico de Heroes, de David Bowie, provavelmente o maior ídolo de Murphy, com quem colaborou com ele na faixa Reflektor (produzida por Murphy), da banda canadense Arcade Fire. Nenhuma canção nova apresentada e nem informações sobre o novo disco foram dadas. A noite foi para matar as saudades.

LCD Soundsystem e suas canções sempre representaram os deslocados, os que arriscam sem ter muita certeza do que estão fazendo e – como diz um trecho de All My Friends- aqueles que não trocariam uma decisão estúpida por mais cinco anos de vida. É isso que esta volta da banda, após um término tão comentado, significa.

James Murphy descansou, desenrolou outros projetos que estavam parados há anos – dizem que inclusive era para Murphy ter produzido um outro álbum de Arcade Fire há algum tempo, mas não aconteceu por falta de agenda -, desenvolveu seus outros gostos como literatura, café, vinhos e sistemas de som e todo este “ócio”, obviamente, o levou a um dos momentos mais produtivos de sua carreira. O lançamento disto era iminente, só faltava decidir se seria sob seu nome de carreira solo – o que seria estranho, pois quem compõe tudo na banda sempre foi Murphy, então mesmo em carreira solo, teria que encontrar uma banda para o acompanhar nos shows e para ele não fazia sentido que não fossem seus companheiros de longa data – ou se tomaria a difícil mas esperada decisão de retomar as atividades da banda.

Um festival é um bom momento para entender os caminhos que a música tem tomado. E presenciando muitos nomes da música Pop americana e do Eletrônico nos últimos anos, é inegável que a banda teve uma influência sobre boa parte deles, direta ou indiretamente.

Com apenas três álbuns completos lançados até o momento, LCD Soundsystem consegue ter um aproveitamento raro, tendo conseguido um impacto significativo na Dance Music e no Rock a cada novo trabalho. Portanto, o exercício de curiosidade é tentar entender onde a banda se encaixará na música de hoje, se será mais um nome que volta vivendo do passado e vai perdendo muito de sua relevância ou se tentará se reinventar e influenciar toda uma nova geração de músicos e fãs. Se julgarmos pelos shows, enérgicos como sempre, direto ao ponto e demonstrando um amor tanto pela técnica musical, quanto pelo sentimento, o resultado promete ser ótimo.

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MARCADORES: Festival, Hiato, Show

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.