Abril de 2006 viu chegar um disco que surpreendeu ao quebrar barreiras tecnológicas para a época, como lançamento uma semana antes na Web e seu principal single chegar ao topo das paradas apenas com downloads, e entrou para a história como um momento muito interessante para a música Pop. Trata-se de St. Elsewhere, trabalho de estreia do duo Gnarls Barkley.
Foi com esse registro também que os nomes Danger Mouse e Cee Lo Green concretizaram-se como nomes recorrentes no universo musical que ronda os Estados Unidos. Suas reputações, desde esse lançamento, vêm precedidas por um nome que comunica muita coisa: Crazy.
Não sei o quanto os leitores se lembram, ou ficaram sabendo, mas estamos falando de um dos maiores hits da década (ou, até agora, do século/milênio), uma música que ficou meses e meses nas paradas de sucesso por conseguir como poucas agradar a um público mais exigente e, ao mesmo tempo, a uma grande massa.
O restante do disco não possui esse apelo popular tão grande quanto a faixa, mas sabe muito bem agradar. Há o início escandaloso e dissonante com Go Go Gadget Gospel, a pseudo-balada da faixa-título, a tão-sincera-que-constrange Just a Thought e a alta rotação de músicas como Smiley Faces.
Acima de tudo, St. Elsewhere veio em uma época cínica dentro da música Pop, que enlameava-se com o conceito herdado de tempos atrás que pregava que o público se contentaria com pouco. Crazy chegou e deu uma legitimizada no gênero (justamente ao inspirar-se em climas tão diversos) e trouxe um frescor interessante para as paradas, pistas e emissoras de rádio.
É interessante como ele emenda bem no álbum seguinte, The Odd Couple (2008) com os sons de projeção. Veremos também se essa tendência continuará no tão aguardado e prometido terceiro disco que pode sair ainda em 2016. Uma coisa é certa: Gnarls Barkley não correu com esse lançamento porque a semente do Pop mais Alternativo que plantou há uma década deu frutos tão bons a ponto do contexto hoje ser muito diferente (e melhor) do que quanto St. Elsewhere saiu.