Gal Eternizada em “Índia”

Disco possui grande fescor aos ouvidos de hoje, não só quando sampleado por Kaytranada

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

Índia

É muito interessante pensar em Gal Costa quando eu nasci em um país/época que já a tinha em seu repertório popular, das trilhas de novela à história do Tropicalismo. Talvez por sexismo, seu nome sempre chegou até mim abafado por Caetano, Gil e os outros homens que estampam os primeiros nomes da lista de prioridades daquela época que a gente “precisa” ouvir.

Pois bem, Índia, de 1973, é o tipo de disco que eu queria que alguém me tivesse sugerido na adolescência – diferentemente de muitos amigos, eu não cresci em uma casa que tinha Gal na vitrola – e um álbum que, por mais cult que seja, não vejo porque não ganhou a aura que Transa, de Caetano, obteve nos últimos anos, já que é um trabalho que dialoga muito bem com a estética dita deste meio de década.

Aliás, o que me fez lembrar deste disco nesta semana foi o sampler de Pontos de Luz na excelente Lite Spots, de Kaytranada, que me fez lembrar da vontade de ver Índia sendo mais ouvido pelas novas gerações. E atrativos não faltam além da Psicodelia tropical que levou o produtor a samplear Gal.

A melancolia da música-título e de Volta, o clima freak de Passarinho ou mesmo Da Maior Importância, canção que se parece com metade daquilo produzido no Brasil nos últimos anos (leia mais sobre Pós-MPB e entenda) são motivos suficientes para qualquer ouvinte contemporâneo se deliciar por horas com o disco.

Para encerrar, ainda tem sua versão da eterna Desafinado para conquistar de vez a simpatia provavelmente já capturada lá no meio de Presente Cotidiano. E tem aquilo também, o lado bom de ter nascido quando Gal já é parte da cultura popular, que é a sensação de familiaridade com que um disco desses chega a nossos ouvidos. Só vantagens.

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ARTISTA: Gal Costa
MARCADORES: Fora de Época

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.