Beyoncé: “Lemonade” como Experiência

Sexto álbum da cantora firma seu nome para muito além do desgastado rótulo “Pop”

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Lemonade não é um disco qualquer, principalmente por ser um lançamento: 1. Que veio de surpresa; 2. Com cada faixa acompanhada de um clipe (ou o álbum todo como um filme, na verdade); 3. Com uma lista de convidados de muito respeito; e 4. Ser mais um trabalho de Beyoncé. Mas no que será que o título “mais um trabalho de Beyoncé” implica?

Não foi à toa que ela atingiu o status de maior Popstar do mundo. Aos 34 anos, Beyoncé Giselle Knowles já bate à porta do marco de duas décadas em sua carreira, tendo começado seu destaque na adolescência com o grupo Destiny’s Child e conquistado também seu espaço como atriz e, principalmente, como uma figura midiática pelas mais diversas áreas do entretenimento.

O que diferencia ela das outras? Lemonade é a melhor resposta. Estar no topo de um metafórico e hollywoodiano Olimpo do mainstream não desanimou a cantora de buscar um valor musical e artístico sublime em seu trabalho – pelo contrário, só parece tê-la encorajado ainda mais -, e ela aproveitou seu livre acesso a praticamente todo e qualquer profissional da indústria fonográfica de hoje para escolher uma equipe nem toda artista com o rótulo “estrela Pop” ousaria selecionar – ou nenhuma, na verdade.

Jack White, James Blake, Ezra Koenig (Vampire Weekend), Diplo e Boots são alguns dos responsáveis pelo que ouvimos ao longo de 45 minutos de Lemonade, distribuído ao longo de doze faixas que flertam com muito do que esses nomes podem oferecer, do Soul de vanguarda de Blake ao Rock de White, passando pela Eletrônica contemporânea, aquela mesma que injeta também muita inspiração no Hip Hop e R&B.

Ouvir o disco é uma experiência de ressignificação do que é Beyoncé em 2016. Da menina mais carismática do grupo Destiny’s Child (era dela o vocal principal em hits como Say My Name, por exemplo) a uma das melhores vozes do Pop, passando pela prova de resistência física que é cantar e dançar ao mesmo tempo (e de salto alto), como Single Ladies mostrou, além da “hitmaker” de músicas como Drunk in Love, Flawless, Run the World, Irreplaceble, Baby Boy e Crazy in Love, para citar alguns, o que vemos agora é uma artista madura e bem acompanhada em mais um passo para fora da zona de conforto.

Ter Kendrick Lamar e The Weeknd (dois nomes igualmente milionários e respeitados de hoje) dividindo vocais com ela no disco, assim como Blake e White, ajudam na absorção de um novo momento em sua carreira, um que não dispensa os orçamentos megalomaníacos, as coreografias quase olímpicas e sua voz sendo aproveitada ao máximo, mas que deixa claro que existe uma nova postura como mulher, como negra e, principalmente, como artista.

Daí Lemonade ser muito mais que um mero lançamento dentro do mainstream não ser por ser da marca Beyoncé, mas porque sua obra garante um merecido respeito para além de qualquer preconceito, merecidamente.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.