Adam Evald, sobre sua música: “Quero que o fator humano seja visível”

Músico sueco retorna ao país para apresentação em São Paulo

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É provável que você tenha caído nesta matéria por já conhecer Adam Evald e quer saber mais do artista sueco, que retorna ao Brasil em junho para show em São Paulo (com a banda Monza na Serralheria em 4 de junho com ingressos baratinhos). Peço licença, por favor, e destino o artigo àqueles que ainda não pararam para ouvir seu som e caíram nesta página por qualquer motivo. Fiquem por aqui e fiquem à vontade. E, já que começamos assim, entendam que será neste nível de linguagem que atravessaremos os próximos parágrafos – não à toa, já que seu som é ainda melhor aproveitado quando deixamos as formalidades de lado (embora qualquer maneira de ouvi-lo seja já um bom proveito).

Não é sempre que um disco com a beleza de seu Love Knuckles Peace Dove (2015) cai em nosso metafórico colo – uma figura de linguagem legal tanto para o acidental, quanto para o carinhoso, algo que você quer cuidar e passar os dedos no cabelo para mostrar o quanto gosta. Você certamente já viveu uma personificação dessas com a música e está prestes a experimentá-la novamente.

“Meu conceito musical é capturar os sons mais puros e honestos”, contou Adam ao Monkeybuzz por email, “não queria usar efeitos de pós-produção na gravação e na performance”. Daí ele ter gravado todo o disco com um conjunto de câmara (piano e cordas) em uma mesma sala ao longo de um só dia, o que confere à obra um aspecto orgânico que vai lindamente ao encontro de suas composições e interpretação. “Só a própria sala tinha permissão de manipular os instrumentos”, comenta ele sobre o processo.

Faz só seis meses que ele veio ao país pela primeira vez, quando se apresentou no projeto Sofar Sounds, mas a oportunidade do retorno já apareceu (algo que só acontece, sabemos, com quem causa mais do que uma boa impressão). “A primeira vez foi um sonho, voltar é como sonhar dentro de um sonho”, conta ele, “os brasileiros sabem recepcionar um maestro do Chamber Pop”.

Adam conta ainda que, no Brasil e na China, já foi chamado de um músico do Folk Pop, uma terminologia que não lhe faz tanto sentido. “Não tenho problemas em falar que faço Chamber Pop”, comenta, “porque nem todo mundo sabe o que é isso, aí faz cócegas em suas mentes, deixa as pessoas curiosas”.

Independente de catalogações tão subjetivas como as que a música contemporânea recebe, fica evidente que ele é um artista que faz música de coração para coração e seus arranjos com o conjunto de câmara (“chamber”, em inglês)(entendeu melhor agora?) só reforçam os aspectos mais sensíveis de suas composições.

“Quero que o fator humano seja visível”, conta ele sobre sua música, uma relação que parece segui-lo em vários aspectos – ele conta que o que mais gosta na carreira como músico é a conexão que faz com as pessoas por conta de seus shows. “Acho que fiz 20 grandes amigos nos últimos dois anos com turnês”, conta, “isso nunca teria acontecido se eu viajasse como turista”.

E é esse carinho que fica tão evidente em cada uma de suas músicas e faz com que Love Knuckles Peace Dove seja um disco que você, ainda que não ouça sempre, vai escutar muito. Dê o play, abrace as músicas e já vai pensando para quem recomendá-las.

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ARTISTA: Adam Evald
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.