14 Discos de Julho/2016 Selecionados pelo Monkeybuzz

Metronomy, SLVDR e The Avalanches estão na lista

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14 Discos de Julho

(Com textos de Lucas Repullo e Nik Silva)

Sofi Tukker – Soft Animals EP

Poemas brasileiros do artista Chacal são algumas das surpresas que o primeiro disco da dupla revela, cheio de faixas que não perdem nada em qualidade nem em seu aspecto hypado para formar uma pequena obra que ninguém pode deixar de ouvir, principalmente quem quiser trazer o clima de fim de semana para qualquer momento.

“Em altíssima qualidade de produção e no uso da linguagem da música Eletrônica, Sofi Tukker oferece uma obra que chega mais carregada de possibilidades do que a grande maioria dos lançamentos do gênero e ainda cumpre bem seu papel se o que o ouvinte quiser for ignorar tudo isso e apenas dançar” (Leia a resenha completa)

Não Ao Futebol Moderno – Vida que Segue

A complexidade do viver é resumida pela banda gaúcha com aquilo que a vida mais oferece: oportunidades de nostalgia, uma ou outra dose de bom humor e aquela melancolia que nunca envelhece. É mais um exemplar do som saudoso feito no Brasil deste meio de década sem deixar de investir no conteúdo de suas canções.

“Mais do que uma mera opção estética, esse som parece trazer à tona o sentido emocional das faixas, que mostram-se melancólicas e um tanto confessionais – algumas em uma atmosfera mais leve (Cansado de Trampar, Laços de Família) e outras bem mais densas (Peso Pesar, Carro Chefe)” (Leia a resenha completa)

Bruna Mendez – O Mesmo Mar que Nega a Terra Cede à Sua Calma

A artista goiana convocou o produtor Adriano Cintra para partir a voos mais altos em seu primeiro álbum. Suas músicas vem com delicadeza e sensibilidade para respeitar seus versos. Músicas como Todo Choro É Canto e Agradecer são exemplos das faixas que agradarão quem acompanha a música feita por aqui hoje em dia e fazem o disco ser obrigatório para quem procura sons sentimentais bem longe da pieguice.

“Acima de tudo, O Mesmo Mar… é um trabalho que coloca Bruna Mendez definitivamente entre os nomes mais interessantes de sua geração não só pelos nomes que daremos à sua sonoridade, nem em como ela dialoga com o que é contemporâneo, mas por estabelecer de vez sua identidade sensível e emocional carregada por uma bela voz e amparada por uma talentosa mão nas composições”(Leia resenha completa)

Júníus Meyvant – Floating Harmonies

Dono de um vocal carismático e aconchegante, o islandês não se contentou com a própria voz e recheou seu álbum com alguns dos sons mais bonitos que você vai ouvir na temporada. Floating Harmonies é aquela xícara de chá em um fim de semana friorento, uma sucessão de abraços em forma de timbres e melodias sempre muito convidativas para um sorriso.

“O conjunto de canções é impressionante. Há sempre um detalhe soberbo no arranjo, sempre um violino, um cello ou naipe de metais preenchendo espaço, propondo sutilezas, nunca optando pelo caminho mais simplório ou objetivo demais, aproveitando o tempo para oferecer detalhes e fofuras. Este é o caso de belezuras como Gold Laces (com um violino que lembra criações de Damien Rice),Hailslide (com pinta de canção de Van Morrison safra 1977) e a arrepiante Pearl In Sandbox, com pinta de canção de pescador que vê a terra ficar distante na paisagem, partindo para o mar com a única certeza que só voltará muito tempo depois do que gostaria. Nesta faixa o violão de Június faz as vezes de uma orquestra inteira, mesmo usando poucos acordes e uma técnica bem sutil de dedilhado. A faixa-título é o fecho do álbum, com uma batida eletrônica qualquer nota, um piano minimalista ao fundo e o uso inteligente do silêncio. Coisa bem bonita” (Leia a resenha completa)

Shura – Nothing’s Real

Com uma grande expectativa criada em torno de seu álbum e o frescor que este poderia trazer para a música Pop, Shura justificou seu perfeccionismo pincelando as mais diversas referências oitentistas. A cantora vai de Madonna a A-Ha sem perder sua sensibilidade melódica e sem comprometer o refinamento de seu som.

“Tudo poderia encaminhar para uma proposta extremamente nostálgica, que rumaria para a concepção de um disco um tanto quanto preguiçoso, mas o perfeccionismo de Shura não foi em vão. É claro que a compositora se sente confortável nesta década, porém o que ouvimos aqui não é um retrato histórico e minucioso da música Pop desses anos, mas a interpretação que toda essa influência tem na cabeça da moça. Desta forma, somos guiados a encontrar as mais diversas misturas com a música contemporânea, principalmente com o R&B (Touch), Hip Hop romântico (2shy) e até mesmo a música Psicodélica (The Space Tapes). É interessante também como ela sutilmente consegue colocar uma faixa de dez minutos (White Light) e fazer com que apreciemos da mesma forma como se fosse uma música editada para rádio, com menos de quatro minutos. É tudo uma questão de uma produção refinadíssima que teve um longo de maturação, resultando em um sabor único e prazeroso de escutar.” (Leia a resenha completa)

Aphex Twin – Cheetah EP

Um dos nomes mais importantes da Música Eletrônica, Aphex Twin não consegue apenas lançar um álbum, sem que suas decisões criativas sejam lidas com segunda intenções, como propostas ou posicionamentos sobre o que o músico enxerga para o futuro do estilo. Como manifesto ou apenas como exercício criativo, o fato é que o produtor lançou um de seus álbuns mais diretos e acessíveis explorando tudo que conhece de gêneros como Techno e Acid House, com a fluidez característica de seu som.

“Sem causar estranhamento, nos vemos dançando com CIRKLON 1, uma faixa que revisa a obra de Aphex Twin e mostra-se curiosamente nostálgica – nos leva ao final dos anos 1980 como se fosse baseada em outro artista, sendo na verdade, uma volta ao básico de Richard D. James. Enquanto Cheetah funciona muito melhor que seu último EP, nos mostra também que o músico britânico está caminhando às pistas de dança sem tanta experimentação. Assim como Syro, é mais acessível, mas tem uma característica que a outra obra não consegue passar em sua integridade: Cheetah é orgânico e facilmente imaginável como um live set cheio de máquinas trabalhando a favor do músico. É quase uma jam, ao mesmo tempo que é uma lição de música para novos produtores por ai e mostra que a entidade continua muito viva.” (Leia a resenha completa)

Michael Kiwanuka – Love & Hate

Se você gosta de nomes clássicos do Folk como Van Morrison e Terry Callier ou ainda dos jovens Lianne La Havas e Ray Lamontagne, o inglês de ascendência ugandesa Michael Kiwanuka será uma boa pedida, ainda mais com segundo álbum, o ótimo Love & Hate. Em dez faixas, o músico discute a situação dos negros nos Estados Unidos no século XXI, tema que já foi discutido no âmbito Rap (com Kendrick Lamar) e no Pop (com Beyoncé). Kiwanuka é um que dá voz aos problemas deles, fazendo disso boa música, aquela com alma e que coloca o dedo na ferida.

“Michael perde, evidentemente, se for colocado no mesmo patamar dos mestres do estilo, mas está em pé de igualdade em relação a seus contemporâneos, especialmente agora, com o segundo disco lançado. Aqui, neste bom Love & Hate, ao contrário da razoável estreia Home Again (2012), há coesão e um nível satisfatório de boas composições. Também há um conceito estético no ar, uma linha de pensamento a ser seguida e, sobretudo, há um produtor bom no comando disso tudo, no caso, Danger Mouse. Tudo fica mais nítido e objetivo na proposta do jovem, que é fazer uma música negra contemporânea reflexiva, algo para se ouvir com calma e atenção. Não é uma trilha sonora para o cotidiano, uma vez que as canções e seus arranjos pedem atenção total ou, pelo menos, foram compostas e elaboradas com esta ideia. E outro detalhe interessante marca este novo álbum: grandiosidade. Danger Mouse e Kiwanuka pensaram em algo solene, lento, cinematográfico, uma declaração estética de intenções, sem muitas concessões ao formato mais banalizado de música Pop, obrigado o ouvinte a ter atenção, consideração para com as canções.” (Leia a resenha completa)

Gold Panda – Kingdom

Agora com uma nova temática, Gold Panda expande ainda mais as fronteiras de onde seu som pode chegar. Coeso, mas não menos interessante e surpreendente, o EP consegue em pouco tempo trabalhar nossos sentidos de forma intensa e cheia de significado.

“Se Good Luck and Do Your Best  é um dos melhores discos do ano, tal julgamento parte da imersão na cultura japonesa feita por Panda e sua consequente síntese Eletrônica à sua maneira.Kingdom, lançado de forma surpreendente, é uma espécie de resposta do músico à saída do Reino Unido da União Européia, o chamado Brexit – novamente, sua intenção é teletransportar o ouvinte a lugares distantes enquanto paisagens abstratas nos são apresentadas sonoramente.” (Leia a resenha completa)

BADBADNOTGOOD – IV

Quarto álbum do grupo resume muito bem todas as características que o colocam entre os mais promissores da música contemporânea. Seu Jazz Fusion se apresenta mais consistente e consegue ao mesmo tempo evidenciar a personalidade em formação da banda e dar o devido destaque às colaborações de peso de nomes como Kaytranada, Colin Stetson e Sam Herring.

“IV não é impulsivo como seus antecessores, a vibe do improviso e da jam session cede lugar a um andamento muito mais cool e organizado. O trabalho parece se preocupar em ser muito mais envolvente do que emocionante, e o fantasma da maturidade – palavra perigosa para um grupo que fez sucesso por usar uma máscara de porco e fazer covers da trilha sonora de The Legend of Zelda – parece sondar o quarteto como um destino inevitável. Se continuar com sua veia criativa pulsando em pressão alta como tem sido até agora, BBNG não tem do que se preocupar, seus álbuns não vão decepcionar, mesmo com as expectativas cada vez mais altas que criam.” (Leia a resenha completa)

Bat For Lashes – The Bride

Natasha Khan embarca pela primeira vez em algo que poderia ser chamado de Opera Dream Pop, que – assim como o Opera Rock -, conta uma história com começo, meio e fim a partir de músicas, que podem ser traduzidas como atos da narrativa. The Bride conta uma triste e pesada história que carrega o ouvinte através de treze faixas bastante emocionais, todas bastante envoltas numa atmosfera melancólica.

“Desta vez, Natasha nos conta a história de uma noiva que foi deixada no altar por seu companheiro, sem nenhum motivo aparente ou claro. Isso, na verdade, é apenas um contexto inicial para uma longa jornada emocional e de aprendizado, envolta em uma atmosfera densa e melancólica, mas que torna a narrativa interessante, crua e plenamente identificável. Você pode não ter sofrido a mesma experiência da protagonista, mas certamente colocará um pouco de si ao ouvir os melancólicos versos de Close Encouters e Never Forgive The Angels. É um disco sobre perdas, e Natasha faz com que lembremos disso de uma maneira analítica, crua e extremamente realista.” (Leia a resenha completa)

SLVDR – Presença 

Representante do bom Math Rock brasileiro, o trio carioca SLVDR se reinventou em seu disco de estreia. Se em seus EPs e singles, o grupo tinha um viés mais estrito aos preceitos do estilo, em Presença à tríade consegue englobar elementos da psicodelia e do Post-Rock à sua música. É um disco sem dúvidas experimental, mas é ao mesmo tempo acessível e bastante divertido – uma audição que certamente vale a pena mesmo que você não seja fã do virtuosismo que prega o Math Rock.

“Não é apressado dizer que este é um disco psicodélico, mas não no sentido óbvio que Tame Impala ou Boogarins dão ao termo, mas na forma como ele evoca sensações e brinca com nossos sentidos, de forma a capturar com precisão imagens abstratas do nosso subconsciente. Fórum começa pintando camadas e camadas e complexidade melodiosa, mas, em determinados momentos, as coisas começam a se desconstruir, formando uma textura grotesca fantástica de se experimentar. Já Um Brevíssimo Conto Sobre a Humanidade dos Dias nos transporta para um mundo sem chão, como se tivéssemos elementos à deriva da gravidade dentro da cabeça de alguém. Bouken é de uma suavidade fascinante, mas a tensão criada nos faz pensar que podemos a qualquer momento tomar um soco na cara, o que de fato ocorre mais para frente.” (Leia a resenha completa)

The Avalanches – Wildflower

Confesso minha ignorância quanto à reputação do aclamado grupo australiano The Avalanches e confesso que fiquei de fora do hype que precedeu o lançamento deste álbum. Igualmente, tenho que confessar meu espanto perante ao resultado de sua primeira produção em mais de 16 anos. É um disco e tanto, fruto de nerds da música que vasculham seu vasto conhecimento atrás de samples e arranjos que misturam Hip Hop, Rock Alternativo e Música, Eletrônica. Se você, assim como eu, não conhece ou ainda não deu chance a este lançamento, chegou a hora de fazê-lo. Creio que vai te surpreender, tanto quanto me surpreendeu.

“Foram 16 anos de espera. Ninguém – banda e público – poderia pensar que um novo trabalho de The Avalanches demoraria tanto tempo para ver as prateleiras do mundo. Quando o grupo lançou seu primeiro disco, o épico Since I Left You, ainda havia World Trade Center e o máximo de avanço que o telefone celular proporcionava era a mensagem SMS. Não podemos, portanto, colocar este novíssimo Wildflower na mesma perspectiva da estreia, a menos que desejemos uma análise superficial e equivocada. A real dificuldade é imaginar como The Avalanches soaria hoje, dadas todas as circunstâncias surgidas neste tempo, sobretudo a inimaginável aura cult que a obra destes sujeitos australianos ganhou. Não espanta que o novo disco seja um misto das origens sampleadoras e geniais com o burburinho e expectativa surgidos com o passar dos anos e tudo parece funcionar por aqui“ (Leia a resenha completa)

Omni – Deluxe

Trio vindo de ex-membros de grupos como Deerhunter e Carnivores, Omni tem um som bastante “gostável”. É aquele tipo de música que mistura referências do New Wave e Post-Punk com um toque proposital de Lo-Fi. É capaz de ver semelhanças aqui e acola com nomes como The Strokes, Television, Talking Heads e até Beach Fossils. E usando as palvaras de Carlos Eduardo em sua resenha: “ Deluxe tem o meio DNA que Is This It, estreia de The Strokes, tinha em 2000, com a diferença que tem mais humor, mais espírito esportivo e melhores canções. Sim, e ainda tem uma diferença primordial: o que era pose no grupo de Casablancas e companhia, é autenticidade e boa referência neste trio”

“O ápice do disco é Siam, canção que tem timbre de guitarra tão estranho quanto o de Tom Verlaine em Venus, clássico de Television. Só que, ao invés de se permitir malabarismos artísticos mais complexo, Frankie Broyles se entrega a um popismo de seis cordas com o mínimo indispensável de esquisitice, traduzido aqui em pausas e mudanças sutis de ritmo, nas quais o baixo de Mitchell se mostra capaz de bastante coisa. Plane e 78 encerram o disco, a primeira soando fofamente dançante e harmoniosa, enquanto a segunda tem mais amostras do belo guitarrista que Broyles é. O título marca o verão Punk esclarecido de Nova York, um outro tempo, mas que parece existir em alguma linha paralela na sonoridade que Omni apresenta aqui” (Leia a resenha completa)

Metronomy – Summer 08

A maturidade deu ao projeto britânico não só aquela oportunidade de ir direto ao ponto e realizar objetivos maiores, mas também um quê mais despojado, uma aura quase despretensiosa que só contribuiu ainda mais para Summer 08 ser um disco sempre muito prazeroso de se ouvir, uma pequena festa que reúne as melhores qualidades de Joseph Mount e seus comparsas.

“ Se Love Letters vinha carregado de sentimentalismo e músicas para cantar com a mão no peito, Summer 08 desce para a pista no bom humor (aquele britânico, carregado de ironia) e cria uma coleção de sons que vem com um pequeno sorriso no canto de apenas um lado da boca” (Leia a resenha completa)

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.