Battles: “Não nos vemos como uma banda que faz música instrumental ou que faz música cantada”

Grupo virá ao Brasil pela segunda vez em outubro, para o Popload Festival

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Não é nada raro ouvir de um entusiasta da música contemporânea de caráter mais Experimental sua admiração por Battles – daí também entender sua escalação para o Popload Festival, no próximo outubro em São Paulo, em um dos shows mais esperados deste semestre. Seu caráter inventivo confere à banda uma identidade muito própria em sons que, ainda que nem sempre conquistem um grande público, não escondem sua alta qualidade.

Uma das curiosidades para quem escuta seu trabalho é entender o processo criativo por trás das composições e, pelo que o tecladista e guitarrista Ian Williams contou ao Monkeybuzz por telefone recentemente, suas técnicas são tão peculiares quanto seu som.

“Cada um traz o que chamamos de ‘personagens musicais’ e mostra para os outros”, explicou ele, dizendo que esses elementos “são pequenas expressões que podem ser qualquer coisa”, e que eles até dão apelidos para cada um dos tais “personagens” para organizar melhor as ideias. “Daí, escrevemos no papel qual parte entra primeiro, qual vem depois, qual parte repete quatro vezes e qual responde a ela”, conta Williams, “todos estão envolvidos e trazendo seus personagens para criar algo maior”.

A partir disso, surgem as músicas como as conhecemos, com ou sem letra, donas de uma grande liberdade expressiva e um alto grau de carisma. “Não acho que estamos tentando canalizar ninguém ou nenhum estilo musical particularmente, não estamos tentando imitar algum tipo de banda”, revela ele, “acho que nosso trabalho tem mais a ver com querer trabalhar um aspecto mais amplo da música, e acho que digerimos as coisas e deixamos Battles sair”.

Criada em 2002, com seu primeiro EP sendo lançado dois anos depois, Battles já entregou ao público diversos produtos de qualidade, de videoclipes a álbuns – sendo La Di Da Di (2015) o mais recente. Seu sucesso e reconhecimento são maiores do que grupos que investem em um som mais Experimental, principalmente com muitas músicas sem letra, costuma fazer, mas Battles coleciona fãs por todo o mundo. Sobre isso, Williams conta que “nunca foi um plano fazer uma banda instrumental e excursionar por todo o mundo. E nós gostamos de brincar com o conceito, então não nos vemos como uma banda que faz música instrumental ou que faz música cantada”.

“Nós conversamos às vezes sobre a música instrumental como se ela fosse algum bicho exótico, mas muita música sempre foi só com instrumentos, como o Jazz e a Clássica. No fim das contas, é música como qualquer outra”, comentou o músico, emendando que “a questão da música instrumental é que você tem uma liberdade maior de dizer, por exemplo, que uma determinada faixa é sobre o fim de um relacionamento, mas, como ela não tem letra, cada um acabará entendendo e se identificando com ela de sua própria forma”.

Isso é um pouco do que os brasileiros verão novamente com Battles no palco (a primeira e última vez foi em 2007). Williams comentou que a banda está animada para vir, que adora o Brasil e não vê a hora de se divertir por aqui. Em contrapartida, certamente o público curtirá bastante o que a banda apresentará em 3 de outubro no Popload Festival.

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ARTISTA: Battles
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.