Um Tumulto Nostálgico Criado por Monophonics

Terceiro disco do grupo foi o primeiro com vocais e firmou identidade Soul Psicodélica

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

In Your Brain

Até o parto deste que seria seu terceiro disco, Monophonics teve um período de gestação de sete anos para o desenvolvimento de seu mojo, uma mistura bem bacana geradora de um Soul/Funk Psicodélico que caminha por um mar de referências habitado por Funkadelic, Tame Impala, The Zombies e Pink Floyd.

Desde 2005, quando foi formado, o grupo de São Francisco concentrava todas as energias em um som estritamente instrumental, testando sem compromisso composições e vocalistas em shows ao vivo aqui e ali. Frutos desde período, os discos Playin & Simple (2007) e Into the Ingrasounds (2010), tinham um DNA bagunçado por técnicos e produtores que pouco se aventuravam com a banda na proposta sonora que os membros traziam nas cacholas.

Formada neste período por Austin Bolman (bateria), Ian McDonald (guitarra, cítara e backing vocals), Max Ramey (baixo e backing vocals) e Ryan Scott (trompete, percussão e backing vocals), foi em 2012 que a banda encontrou Kelly Finnigan, músico que ocupou os teclados e, principalmente, os vocais do grupo. Também foi ele quem trouxe a ideia de deixar de lado os recursos de estúdios para composições e gravações de novas faixa, sugerindo uma transposição de dinâmica de produção que acabou se tornando um home studio para o grupo.

Reunindo experimentações com microfones e amplificadores antigos, In Your Brain foi o registro definitivo do que se conhece como Monophonics hoje, trazendo músicas compostas em sua maioria a partir de jams e letras desenvolvidas por Kelly. Não deixando de lado canções instrumentais (como na labiríntica Mirage e Temptation, prato cheio para conhecer o psicodelismo das composições), o grupo deixava claro um conceito seguro de sonoridade. E de quebra, eles tinham uma arma secreta:

Bang Bang foi escrita por Sonny Bono, marido de Cher, e lançada pela cantora em 1966 em seu segundo disco, The Sonny Side of Chér, mas talvez sua versão mais conhecida seja na voz de Nancy Sinatra (filha do homem) na abertura do filme Kill Bill (2004). Cheia de pedigree, a canção encontrou no grupo um novo fôlego, menos lamuriante, encarando a letra mais como um desabafo raiovoso no melhor estilo da banda The Heavy.

Sem dúvida tendo este como o maior elementos responsável pelo boa projeção do álbum, a obra se garante com faixas como There’s a Riot Going On, que traz um trompete rouco que se torna bastante característico em outros canções, como Sure Is Funky, música que deixa claro a incorporação do novo sistema caseiro de gravação na forma como os rapazes fazem música.

Assumindo estilos em sua identidade ao invés de citá-los meramente como referências, eles se colocam à altura do desafio de trazer uma produção contemporânea o suficiente para que seu trabalho não se torne uma homenagem a um período histórico, acrescentando boas doses de originalidade para que o resultado seja, de fato, música nova. Como dito por O Terno em 66: “Já fizeram coisa boa no passado / Eu misturo como eu quero com mais tudo o que eu quiser”.

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ARTISTA: Monophonics
MARCADORES: Fora de Época

Autor:

Videomaker, ator e Jedi