Ibeyi: “Se você não curte o que você está fazendo, pare de fazer música”

Duo, que vem ao Brasil em outubro, comenta momento especial na jovem carreira

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Ao longo da vida, conhecemos pessoas que nos dão a impressão de que podem fazer qualquer coisa que quiserem. É assim com as irmãs Lisa-Kaindé e Naomi Diaz, as gêmeas francesas que formam o duo Ibeyi – ambas são talentosas, bem humoradas, lindas e muito bem conectadas (filhas de músicos influentes em seus meios). Melhor ainda é, através de um curto bate papo por vídeo, perceber que elas têm também a cabeça no lugar certo para seguir com sua carreira também tão jovem.

Elas tinham 20 anos quando o mundo conheceu Ibeyi, seu devidamente celebrado disco de estreia, que misturava sons contemporâneos com a cultura yoruba – língua de origem nigeriana que seus ancestrais residentes em Cuba falavam. É um disco que respeita o contexto “globalizado” no qual saiu (daí o inglês ser seu idioma predominante), assim como não tem medo de tatear o novo mesmo embebido em tanta tradição, algo que ficou claro na conversa.

Lisa-Kaindé (a primeira na foto) é a mais falante das duas e respondeu todas as perguntas com enorme simpatia, enquanto Naomi faz jus aos seus misteriosos olhos e preferiu ficar mais ao fundo, sem medo de interferir no discurso da irmã ou fazer algum comentário sarcástico. Seja na dinâmica das duas ou em suas palavras, fica claro o quanto estão felizes com o período que vivem na carreira – que inclui show no Brasil em outubro.

“Às vezes, parece surreal e às vezes, muito real”, diz Lisa-Kaindé, “mas ainda podemos andar na rua e ir comprar pão sem ninguém nos perturbar, então a vida continua bem normal. Mas é legal olhar pra trás e ver tudo o que já aconteceu, especialmente porque foi tudo muito rápido, nunca pensamos que seria assim”.

Ao ser perguntada sobre quem são as pessoas que escutam sua música, ela afirma que tem “o melhor público”, uma “ótima mistura” de “diferentes idades, religiões, cores, tamanhos, tudo é diferente, e acho isso muito especial. Temos muita sorte de ter pessoas tão variadas conectadas à nossa música, acho que é a melhor coisa”. “Acho que isso sempre diz muito sobre a banda”, comenta.

“Tivemos muita sorte com a crítica, todos parecem ter entendido bem o disco”, comentou ela sobre a repercussão de Ibeyi, um álbum feito honrando seu pai, falecido anos antes, e uma irmã mais velha, que morreu em 2013.

Lisa conta que “uma amiga da família me perguntou há duas semanas como seria o próximo disco, eu disse que ainda não sabemos, que estamos tentando moldá-lo nas nossas cabeças, que queremos que ele seja mais Hip Hop, mais agitado, mais dinâmico, e ela disse ‘sim, porque o primeiro era sobre fantasmas’. E eu percebi que sim, é um disco sobre fantasmas. Mas fantasmas felizes. Vem de acontecimentos tristes, mas para nós veio de uma decisão feliz de prestar uma homenagem, algo que me orgulho muito de ter feito”.

Aproveitando o gancho, conversamos sobre esse seu próximo trabalho. As duas afirmaram que o que mais querem é seguir em frente em uma nova jornada. ” Se repetir é uma vergonha”, diz Lisa, “acho que por isso que nós estamos tão preocupadas, e ao mesmo tempo muito animadas, sobre o próximo disco. Temos consciência que não podemos ficar no mesmo lugar e que temos que ir em frente, mas a questão é como. A coisa mais interessante e mais assustadora disso tudo é pensar como eu vou ser eu mesma ao mesmo tempo que cresço e vou em frente”.

“Gostamos de desafios e sabemos que precisamos nos manter entretidas e felizes, porque, se você não curte o que você está fazendo, pare de fazer música”, explica, “e se você quer continuar curtindo, você precisa se desafiar e continuar buscando coisas novas. River foi um clipe muito, muito difícil de fazer, mas nós sabíamos que ele ficaria legal. E quando[Ed] Morris, o diretor, nos contou a ideia, concordamos na hora, vimos que éramos o que queríamos fazer para o vídeo. Vivemos por momentos assim, pelos momentos em que você percebe que é isso o que você precisa fazer. Nós precisamos disso, é quem nós somos”.

“Nós vivemos para esse momento porque é quando você se dá conta do que está acontecendo”, diz Lisa-Kaindé, “você tem a sensação do quanto aquilo é importante, você entra naquela empolgação artística que é so good. É a melhor coisa. Como quando você termina uma música no estúdio e percebe uma coisinha nela que faz com que a faixa inteira seja ótima, e você ouve e fala yes!. São os melhores momentos”.

Alguma dúvida sobre o quanto isso ainda deve acontecer com Ibeyi nos próximos anos?

Ibeyi e Julia Holter @ Audio (SP)

Data: 13 de outubro, quinta-feira Horário: 22h (abertura de portas às 21h) Local: Av. Francisco Matarazzo, 694, Água Branca. Censura: 18 anos Ingressos: R$100,00 inteira; R$50,00 meia-entrada. Vendas pelo site Ticket 360 e na bilheteria do Audio (seg. a sáb., das 13h às 20h, exceto feriados). Indicação etária: 18 anos.

Ibeyi e Jaloo @ Circo Voador (RJ)

Data: 15 de outubro, sábado Horário: 22h Local: Rua dos arcos s/n Censura: 18 anos Ingressos: Primeiro Lote R$ 50 (meia-entrada para estudantes, menores de 21 anos e maiores de 60 anos), R$ 50 (cliente Odeon que apresentar ingresso de algum filme do cinema ou cliente Clube Sou + Rio), R$ 50 (ingresso solidário válido com 1kg de alimento), R$ 100 (inteira). Segundo lote R$ 60 (meia-entrada para estudantes, menores de 21 anos e maiores de 60 anos), R$ 60 (cliente Odeon que apresentar ingresso de algum filme do cinema ou cliente Clube Sou + Rio), R$ 60 (ingresso solidário válido com 1kg de alimento), R$ 120 (inteira). Vendas pelo site Ingresso Rápido.

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ARTISTA: Ibeyi
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.