Ecos de “House Of Balloons”, Melhor Disco de The Weeknd

Mixtape de 2011 influenciou a música Pop como poucos, de Zayn a Justin Bieber

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

The Weeknd – House Of Balloons (2011)

Vez ou outra, nós que acompanhamos mais de perto o mundo da música, vemos despontar em escala astronômica alguns artistas que já frequentam nossas playlists há algum tempo. Às vezes acontece por causa de uma parceria de peso – como rolou com MØ ao se juntar com Diplo – outras por causa de um hit – como Lykke Li – e em outras acontece de uma forma bem mais natural, como foi com The Weeknd, numa trajetória que começou com a mixtape House Of Balloons, num distante 2011.

Pra quem conheceu o projeto do canadense Abél Makkonen Tesfaye recentemente com alguns de seus hits estrondosos, talvez não saiba que, há cinco anos, o músico lançou um trabalho que impactou a música Pop como poucos. Quantas vezes nos últimos meses comentamos ou ouvimos por aí “juro que Justin Bieber agora é legal” ou “você não vai acreditar, mas o disco solo do Zayn, ex-One Direction, é muito bom”? Um dos grandes responsáveis por essa nova cara dada ao que chamamos de R&B e que vem fazendo cada vez mais parte da música Pop mais comercial atual é The Weeknd.

É claro que tudo isso faz parte de um processo, que começou desde as origens do R&B e passou por diversos nomes ao longo da história, mais recentemente ganhando muita força também com Andre 3000, Kanye West e Drake, mas The Weeknd ajudou a dar força ao movimento de que a música negra e feita por homens também pode falar de amor e ser melancólica. No entanto, House Of Balloons levou isso a um novo patamar com uma maneira muito particular de falar sobre o assunto.

The Weeknd representa uma parcela da juventude masculina que cresceu frequentando festas ao lado de amigos, mulheres e drogas, mas que nunca glamurizou esta vida e enxergou a melancolia por trás de tudo isso. Uma juventude muito particular das grandes cidades e dos dias de hoje, onde tais noites são ainda mais romantizadas com as redes sociais.

Seu jeito de cantar, as influências presentes em seu som e suas letras praticamente definiram o que hoje virou sinônimo de música pra namorar. Faça uma busca rápida no seu serviço de streaming favorito por playlists “pra curtir a dois” ou “pra noites quentes” e a chance de The Weeknd ou algumas das dezenas de derivados que vieram depois dele estarem por lá é enorme – fato ainda reforçado pela quase obrigatória presença de mulheres nuas em seus clipes.

Zayn Malik, ao deixar One Direction, deu uma entrevista justificando que saiu do grupo pois queria fazer música que se sentisse a vontade pra tocar quando chamasse uma garota para ir à sua casa. Sua estratégia então foi trabalhar com Malay, produtor de Frank Ocean, um dos únicos nomes que competem com The Weeknd na batalha pra saber quem influenciou mais essa vertente romântica e melancólica atual da música negra. Ouça a faixa The Party & the After Party e perceba que é impossível não lembrar de Justin Bieber.

Assim como Tame Impala, The Weeknd é um grande responsável por repaginar um gênero para os dias de hoje e influenciar muita gente. E assim como os australianos, o canadense tem mostrado que mesmo com tantos clones, continua um passo a frente de todos eles, produzindo singles excelentes – como o onipresente Can’t Feel My Face e o mais recente, Starboy – e direcionando seu trabalho para novos caminhos.

Mesmo assim, cinco anos e alguns milhões de dólares e de fãs depois, House Of Balloons ainda é o melhor trabalho de The Weeknd. Ouvir faixas como What You Need ou Wicked Games depois de ter sua fórmula tão reproduzida, pode não deixar isso tão óbvio, mas é difícil repetir aquele frescor de ouvir alguém que entenda a vida urbana de um jovem de hoje – frequentemente fútil, cheia de excessos e sempre cheia de problemas – de forma tão auto-consciente e autêntica.

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ARTISTA: The Weeknd
MARCADORES: Fora de Época

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.