The Pop Group: “A novidade chega e muda nosso gosto”

Banda britânica comenta sobre sua relevância desde 1977

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As pessoas param de ouvir novidades na música aos 33 anos. Não sou eu quem disse isso, mas um estudo publicado em 2015, baseado nas preferências dos usuários do serviço Spotify. Se sua história de vida seguirá essa regra ou será exceção, ninguém sabe, mas Mark Stewart, um dos membros-fundadores da banda The Pop Group, se revelou um ponto bem distante da curva durante entrevista por telefone ao Monkeybuzz.

Dubstep Grime, Bristol Bass e Goth Trap são alguns dos estilos que têm encantado o britânico, hoje residente em Londres. “Ando pelas ruas e ouço música Eletrônica e Dance futuristas”, conta ele, “estilos que ainda nem têm nome. Eu ouço esse som e quero colocá-los todos em meu trabalho” – um espírito semelhante ao que sua banda fez em seu surgimento, em 1977.

“Quando eu era novo, eu ouvia Punk Rock, como Iggy and the Stooges, e também o Dub que estava crescendo em Bristol, e também ouvia Funk”, disse Stewart, “o que fazíamos era uma mistura disso tudo”. Ele garante também que nada mudou na maneira com que The Pop Group trabalha desde o início da banda: “Tudo o que sei é que fazemos música que nós curtimos, antes de pensar nos outros. Fazemos a música que queremos ouvir e não escutamos em lugar nenhum”.

Segundo ele, isso tem a ver também com a linha do tempo na história de sua carreira, bastante incomum em relação ao que estamos acostumados: Seu início foi em 1977, com um fim declarado em 1981, para uma reunião que segue firme desde 2010. Ou seja, são dez anos de atividade, mas praticamente quatro décadas de experiência. “É como em um filme, que encontram um dinossauro congelado e o retornam à vida, daí ele sai destruindo a cidade”, brincou ele durante a entrevista, “é como ser adolescente de novo, até espinhas eu tenho hoje (risos)”.

Ele conta que há uma “grande energia na banda, como um vulcão”, que resultou no álbum Honeymoon on Mars, lançado na última sexta, 28, antecipado pelo single Zipperface. “Estou usando o imaginário sci-fi em um cenário pós-apocalíptico distópico para alertar as pessoas do fato de que o que acontece agora pode criar um futuro muito perigoso se não tomarmos cuidado”, conta Stewart sobre o disco.

Seu som influenciou uma multidão de artistas em sua cidade natal (Bristol), como Massive Attack e Tricky, e esse espírito plural e crítico, em forma e conteúdo, pode também causar algum impacto nas próximas gerações. “Eu não sei, não consigo analisar minha música sem me sentir esquizofrênico”, explica ele, “mas estou compondo, compondo e compondo, tentando me manter na ativa”.

“Quando eu era adolescente, íamos para o parque, daí o Punk Rock surgiu e meu amigo fez uma banda e nós nos juntamos a ele, e eu tenho feito música desde aquela época”, conta, “eu ainda acordo todo dia e quero me divertir, quero causar. Trap, Cumbia… Eu ouço esses sons todos e quero colocá-los de alguma forma em nossa música, como fizemos antes com o Punk, Dub e tal”. “A novidade chega e muda nosso gosto”, afirma Stewart, “há músicas ótimas sendo feitas no momento, é uma boa época para a música. É uma época ruim para a política (risos), mas ótima para a música”.

Ao ouvir esse espírito juvenil, contei para ele do estudo sobre a música após os 33 anos, e concordamos que deve ser muito chato parar de se atentar ao que é novo. “Não sei, talvez eu não seja humano então”, brinca ele e, no mesmo clima de ficção-científica de seu disco, continua: “Devo ser um robô”.

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ARTISTA: The Pop Group
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.