Anderson .Paak é o Cara

Músico emplacou dois dos trabalhos de maior destaque no ano

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2016 assistiu Brandon Paak Anderson, ou melhor, Anderson .Paak, sair de um time de artistas promissores praticamente desconhecidos em direção – e em velocidade meteórica – às listas de melhores álbuns do ano. E isso não apenas com um, mas dois exemplares entre aqueles álbuns que mais chamaram nossa atenção, em uma concorrida seleção, ao longo deste ano. Vamos dar uma breve revisada na carreira do artista até agora e tentar explicar porquê, afinal, Anderson. Paak é o cara.

.Paak é baterista, mas a sua desenvoltura como performer é tamanha que parecia apenas uma questão de tempo para que o rapaz fosse transferido naturalmente para o proscênio, e para os holofotes, de suas apresentações. Deu no que deu: .Paak não abandonou a bateria, mas revelou-se como um dos intérpretes de mais personalidade entre as novidades que vimos nesse ano no mundo da música.

Tudo começou em 2012, com seu debute O.B.E. Vol. 1, ainda sob seu pseudônimo Breezy Lovejoy. Em sua estreia, o artista já começa a traçar um plano do que viria a ser o seu estilo musical. Batidas envolventes em primeiro plano, sua interpretação vocal puxada para o R&B em segundo, e o amparo da música Eletrônica Pop em pano de fundo.

Dois anos se passaram até que viesse à tona Venice, seu primeiro álbum de uma cartografia Californiana, e também a estreia da assunção de seu nome próprio. Venice, como seu nome pede, remete as praias ensolaradas e à aura cool da costa oeste dos Estados Unidos. A pegada ainda é a mesma, com uma produção mais polida, refrões mais pegajosos e um apelo maior à EDM.

Após tal trajetória de auto-descoberta, nasce Malibu, uma evolução lógica de sua carreira em direção à maturidade, mas também um salto quântico em termos qualitativos. Uma produção mais cool e refinada, que une o Soul ao Jazz, passando pelo Rap. Um dos motivos pelos quais o álbum soa tão refrescante aos nossos ouvidos é o amparo do mesmo em To Pimp a Butterfly, de Kendrick Lamar. Malibu parece ser um herdeiro direto – mas, de alguma forma, também contemporâneo – do álbum que balizou o rumo da música negra americana em 2015, apropriando-se de sua estética à sua maneira. Em Malibu, não por acaso, .Paak adota sua ascensão em direção à fama como um de seus principais temas.

O músico, no entanto, aproveitou sua consagração solo para emplacar ainda mais um projeto, intitulado NxWorries. Ao lado do produtor Knxwledge, o músico lançou Yes Lawd!, formando uma dupla interessante de se olhar (e ouvir). De um lado, temos .Paak, extrovertido e extravagante, cantando suas harmonias ensolaradas. De outro, Knxwledge, um “bedroom producer” introvertido, que constrói suas bases eletrônicas de maneira experimental. O projeto sublinha a aura cool de .Paak, antes mais sedutora por conta de sua personalidade Pop. 2016 sorriu para o artista, e serviu de palco para que seus esforços em direção ao reconhecimento finalmente fosse alcançada. Resta esperarmos para ver o que ainda está por vir de um artista que agora é uma promessa cumprida. Quem ganha somos nós.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte