Savoir Adore: “Experimentação é sempre divertido”

Em nova passagem pelo Brasil, banda comenta seu processo criativo no Pop Experimental que faz

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“Eu sei que sempre perguntam isso a vocês”, admiti em certo ponto da entrevista que o Monkeybuzz fez com Savoir Adore, “mas como vocês explicam o seu som?”. “É a pergunta mais popular para fazer a uma banda, mas também a mais difícil de responder”, comentou a vocalista Lauren Zettler.

Já para Paul Hammer, a resposta foi tão imediata quanto a explicação que a seguiu: “Eu sempre digo que é Pop Experimental, porque é música Pop, mas fazemos de uma forma mais Indie, com novos sons, combinando novos elementos”. Uma coisa que gosto em Savoir Adore é que não dá para você apontar só um som – não é um projeto New Wave dos anos 1980, não é um som apenas Dance, nem só Indie Rock”, continuou, “mas tudo está no território da música Pop, porque as canções são a base de tudo”.

É esse o clima que percebemos no divertido The Love that Remains – título inspirado em uma explicação sobre o que significa “saudades” – e na nova Too Late, parceria com a banda Paperwhite. “No fim, é mesmo Indie Rock”, conclui Hammer, ” porque é o arco que une todas essas bandas, como Arcade Fire, Cut Copy e Phoenix, que combinaram vários gêneros nos últimos anos. A forma mais simples de dizer é Indie Rock”.

O assunto chegou nisso após uma conversa sobre os dois shows que já aconteceram nesta nova turnê pelo continente (foi um em Buenos Aires e outro no festival Planeta Atlântida, no RS, enquanto o último será nesta quinta-feira em São Paulo, no Cine Joia). O argentino foi em uma casa de shows pequena, enquanto o palco em Maquiné era para algumas milhares de pessoas. Durante o debate sobre suas músicas serem melhores para um formato ou outro, chegamos ao ponto em que Hammer comentou que repara uma “lenta evolução” em Savoir Adore que faz com que seu som seja cada vez mais expansivo, embora o processo criativo seja ainda o mesmo.

“É um processo de muita experimentação”, diz ele, ao que Lauren completa: “É tudo uma questão de tentativa e erro”. Hammer explica que “nesse último disco, tivemos mais tempo e experimentamos muito só trocando ideias uns com os outros. Teve vezes em que terminamos uma música, ouvimos o resultado e percebemos que não estava como queríamos. É uma sensação estranha, você precisa tentar e ver se a música funciona dentro daquee contexto. E é um processo eterno”.

“Experimentação é algo divertido”, comentou o músico, “sempre que a gente senta com um novo sintetizador, ou um novo drum looper, é uma experiência totalmente nova poder explorar as possibilidades. E também é bom poder dar um passo para trás e analisar as escolhas, sendo nossos próprios produtores, nossos próprios diretores. É sempre uma evolução”.

“As músicas que mais gostamos de tocar ao vivo são aquelas que tem aquele clima de balada dark e Indie, mas, ao mesmo tempo, tem melodias e refrões que conseguem atingir públicos maiores”, contou Hammer, ao que Lauren explica: “Acho que, mais que uma questão de estar em um gênero, é importante compor uma música que pode ser tocada de várias maneiras – com banda completa, ou acústica, o que leva ao próprio significado do que é compor uma canção, em sua maneira mais artística”.

“Não vai dar certo se a gente entrar no estúdio e disser ‘vamos fazer uma música Pop para tocar no rádio’”, explica ela, “quando você foca em questões comerciais assim, artisticamente as coisas não fluem também, acho, ou você não fica satisfeito”. “Para nós, é mais fácil focar em algo mais específico, como uma parte da faixa que nos inspira mais a continuar experimentando”, segundo seu parceiro.

“Sempre que ouço Phoenix na rádio, fico feliz, porque é uma banda que faz algo único, que está influenciando muita gente”, comentou Paul Hammer, “mas é tão difícil prever. Mesmo quando Arcade Fire ganhou o Grammy, eu fiquei surpreso, porque ainda não é algo que está nas rádios mais populares, mas eles fizeram aquilo que fazem melhor, e eu sinto que esse é o nosso caminho também. Sinto que cada disco é uma versão mais precisa do que Savoir Adore realmente é”.

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ARTISTA: Savoir Adore
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.