Seis Nomes Femininos de Muito Respeito na Música de Hoje

De Princess Nokia a In Venus, artistas se destacam em um meio predominantemente masculino

Loading

Mesmo com os avanços atuais nas questões de gênero, o universo da música continua sendo machista tendo poucas mulheres como protagonistas e principalmente juntas. Do Hip Hop, passando por bandas experimentais e até em carreira solo, a presença masculina ainda é predominante. Indo contra o já estabelecido cenário, encontram-se muitas minas incríveis produzindo, compondo, gravando e vivendo música. Listamos apenas seis dessas promessas que merecem respeito e toda sua atenção.

Princess Nokia

Eu sou uma mulher forte e de cor. Acredito que toda mulher que seja forte e de cor é automaticamente uma feminista, mesmo que ela não se veja assim.” Essas são palavras de Princess Nokia, alter ego da norte-americana Destiny Frasqueri. Resgatando referências da década de 1990, a rapper e produtora mescla os gêneros Hip Hop, R&B e Drum and Bass. Em cena desde 2010, quando lançou a faixa Wavy Space, a voz de Destiny se destaca das masculinas pela sinceridade e confiança em suas letras. Por exemplo, na conhecida Tomboy, a artista deixa claro que os padrões de beleza restritivos e estabelecidos em mulheres não afetam sua auto-estima (“With my little titties and my phat belly/I could take your man if you finna let me”). Princess Nokia projeta sua identidade como um pé na porta da indústria, servindo de inspiração para mulheres de todas origens.

In Venus

Libertação sexual, abuso, luta, caos e amor são alguns dos temas expostos nas canções de Ruína, primeiro álbum, lançado este ano, da banda paulistana In Venus. Formada quase inteiramente por mulheres, Cint Ferreira (voz e teclados), Patricia Saltara (baixo), Camila Ribeiro (bateria) e Rodrigo Lima (guitarra), In Venus busca influências no Pós Punk, assim como no Shoegaze e também no Riot Grrrl (movimento que revelou nomes como Bikini Kill e Bratmobile). Com muita maturidade e vigor, o grupo abraça o feminismo não só pelo jeito de se expressar em palco, mas também em suas letras. O primeiro single, Mother Nature, por exemplo, exalta Gaia, Mãe Natureza, relembra as mulheres que foram mortas como bruxas no passado e levanta a força que todas têm ao encarar seu próprio processo de cura (“I wanna arrive like a strong storm/I am the mother nature inside you”). Dessa forma, In Venus segue no cenário independente ganhando espaço com suas letras intensas, sinceras e, de certa forma, didáticas, basta só querer entender.

Angela Carneosso

Em suas performances, Angela Carneosso tem energia como a natureza. Cantora e atriz, Laura Diaz apresenta composições próprias e releituras da MPB com sonoridades eletrônicas em cima desse personagem artístico. Ao lado de Carol Schutzer, ela produz a efervescente Mamba Negra, festa de Techno que acontece mensalmente em lugares inusitados de São Paulo, como estacionamentos e prédios abandonados, também conhecida por abrir esse espaço para mulheres. Contudo, a cantora se apresentava ao lado do grupo Os Bacanais, até conhecer, em 2014, Filipe Massumi, diretor musical do Teatro Oficina, onde deu início ao novo ciclo do projeto Angela Carneosso e a Peste. Nudez, que continua sendo um tabu, ao mesmo tempo que é linda, é temida, e isso nunca foi um problema para Angela. Em entrevistas, a artista deixa claro que usa sua atitude performática para dar voz ao posicionamento libertário. “A gente tem uma performance, tudo tem um conteúdo estético, político e audiovisual, que extravasa a questão meramente da música em si”, comentou ao Natura Musical.

Kali Uchis

Nascida na Colômbia com nome na certidão de Karly Loaiza, a cantora e compositora, além de feminista, também tenta sempre deixar claro suas origens não abandonando o espanhol, língua materna, mesmo compondo em Inglês. Depois de escrever, produzir, gravar e lançar de forma independente a mixtape Drunken Babble em 2012, Kali Uchis chamou a atenção de grandes nomes do Hip Hop como Snoop Dogg, A$AP Rocky e Tyler, The Creator. Já em 2015, ela lançou seu EP de fato, Por Vida, que contém produções de Diplo, Kaytranada, BadBadNotGood, e de seu fiel parceiro, Tyler, The Creator. Com uma sonoridade que lembra a era Motown, com flertes de R&B, a artista empodera mulheres e encoraja a aceitação do amor próprio por meio de suas letras. Em entrevista ao Noisey, Kali falou sobre sua relação com a música: “Quando eu tinha 13 anos de idade, escutava Lily Allen, M.I.A. As vozes delas eram tão legais, elas nunca tiveram que flexionar suas vozes. (…) Quando mergulhei na música comecei a escutar Astrud Gilberto, Brigitte Bardot, e elas foram como mães e irmãs para mim”.

Marie Davidson

Anote este nome: Marie Davidson. A produtora, cantora e poeta participa da cena musical canadense como parte da dupla Essaie Pas (ao lado de David Kristian) e como uma artista solo. Marie cria suas trilhas com uma atmosfera completamente densa e experimental, por meio de poesia. No entanto, compõe suas próprias letras — às vezes em inglês, às vezes em francês—, combinando batidas e sintetizadores com sua voz, uma das mais versáteis da música Eletrônica atual. Em entrevista ao Portals, Marie contou que suas letras são inspiradas primeiramente pelos sons: “Em Abduction, minha primeira música em inglês, optei por essa língua porque os sons não me inspiraram em francês. Eu queria uma voz mais expressiva, eu precisava da tonicidade em diferentes sílabas que têm no inglês”.

Ema Stoned

Ema Stoned é formada por grandes mulheres. Criada em 2011, a banda paulistana surgiu como quarteto e agora é oficialmente um trio, influenciada pela psicodelia de nomes como Morphine, Can e Acid Mothers Temple. Alessandra Duarte é responsável pela guitarra, Elke Lamers toma conta do baixo e Jéssica Fulganio fica com bateria e vocais. Com sonoridade singular, Ema lançou o primeiro EP Gema em 2013 e ganhou holofotes do Brasil e de países de Europa e Ásia. Depois de três anos foi a vez do registro ao vivo Live At Aurora, que traz seis faixas, sendo cinco do disco de estreia e a inédita Emanuelle. No dia 30 de junho deste ano, o trio experimental ainda apresentou o single Próxima b, marcando a entrada delas no novo selo feminino PWR Records, através de uma viagem pelo espaço em curta-metragem dirigido pela guitarrista. “Conforme a gente tem tocado mais juntas, estamos nos permitindo cada vez mais deixar o som nos guiar e não se preocupar mais tanto com um formato de canção, ou trabalhar em cima de uma composição fixa. Isso gera um espaço mais democrático de criação, em que cada uma de nós pode ditar o caminho da música em momentos diferentes”, contou Alessandra em entrevista ao Noisey.

Loading