Rogov: “Servir como atração de abertura pode ser arriscado, mas tem sido fácil”

Baterista de Deventra Banhart apresenta seu projeto solo no Brasil

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É possível associar Rogov a Devendra Banhart tanto no nível objetivo, quanto em um mais subjetivo. De maneira bastante direta, Rogov é o trabalho de Gregory Rogove, baterista de Devendra – inclusive, ele está hoje no Brasil acompanhando o cantor por seus shows no país. Mas também, por outro lado, os trabalhos de ambos possuem aquela mesma aura despojada/bem humorada que nunca abre mão de um pesar muito certeiro.

Em entrevista ao Monkeybuzz por email, Gregory explicou que trata-se, em suas palavras, de uma “melancolia esperançosa”: “uma atmosfera um pouco obscura elevada por ritmos mais acelerados”. É isso o que ouvimos em Hooops, seu primeiro EP, de 2016. Ele hoje trabalha em novas músicas, “que parecem ser um pouco mais leves nos tons, mas ainda possuem algo mais dançante por baixo”, comenta.

Segundo Rogov, essa questão rítmica tem muito a ver com sua admiração pela música brasileira. Para o músico, “Hermeto Pascoal, Novos Baianos, Caetano e Os Mutantes fazem algumas das melhores músicas do mundo”. Ele cita ainda o percussionista Djalma Corrêa, cujo trabalho foi-lhe apresentado pelo professor de bateria (Billy Martin, Medeski Martin & Wood)(“Seu álbum Baiafro é um dos meus discos favoritos de todos os tempos”) e seu companheiro de palco Rodrigo Amarante (um favorito “como artista e como pessoa”, “mal posso esperar por seu novo álbum”) como referências em nossa música.

Além de estar no país para acompanhar Devendra, ele traz também sua música autoral, tanto na abertura de alguns dos shows dessa turnê, quanto em uma apresentação própria em São Paulo na casa de shows Breve na próxima segunda, 11 (Rua Clélia 470, a partir das 19h, com Papisa e Laura Wrona na abertura). “Eu amo tocar minhas músicas como Rogov para um público tão gentil, energético e respeitoso quanto o de Devendra”, ele comenta, “servir como atração de abertura pode ser arriscado, mas, nesse caso, tem sido fácil”.

De fato, é difícil pensar que o público que comprou ingresso para a turnê de Ape in Pink Marble não estaria aberto ao som que Rogov apresenta. “No fim, eu posso experimentar diferentes facetas do que é compartilhar algo especial com outros artistas e ouvintes. A música parece ser capaz de atingir quase todas as pessoas, e é capaz de uni-las e inspirá-las. Poder fazer parte desse diálogo é um sonho”, comenta.

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ARTISTA: Rogov
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.