De produtor a ícone cultural: conheça Diplo

Saiba mais sobre o produtor que está por trás desde hits de rádio a artistas novos que vemos na cena eletrônica, Hip-hop e/ou Moombahton

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Thomas Wesley Pentz. Eu poderia falar pra vocês gravarem esse nome, mas o certo é dar importância ao seu codinome: Diplo. O apelido vem de Diplodocus, uma espécie de dinossauro. Aliás, esse bicho é uma de suas grandes paixões, que vai desde o nome à tatuagem que tem no seu antebraço direito. Mas, enfim, detalhes aqui são dispensáveis diante da história de um produtor tão completo.

Diplo é a concretização do multi-talento. Se não bastasse ser um produtor incrível, o rapaz é compositor, artista, DJ, empresário, diretor, inovador, ícone cultural e, acima de tudo, um lançador de tendências musicais. Há uma histórinha que diz que “tudo que o Diplo toca, vira ouro”, e vem bem dessa onda de relançar gêneros com sua cara para o mundo. Quando menos esperamos, tem um dedo dele em hits de rádio (Beyoncé, Usher, No Doubt) ou cada artista novo que vemos na cena eletrônica, Dubstep e Hip-Hop. Assim como aconteceu com o Funk carioca em 2007, acontece com o Moombahton hoje.

Pentz é americano e passou sua infância sendo ilustrada pela Miami Bass. Sua paixão por batidas se prolongou até quando aprendeu a fazer nas pick-ups o que não tinha talento nos instrumentos. Suas influências no Hip Hop e em produtores do gênero (mais especificamente Timbaland) resultaram em reconhecimento rápido. O DJ ganhou notoriedade quando a fama de uma de suas festas em Philadelphia vazou e Never Scared, uma de suas mixtapes, foi intitulada pelo New York Times como uma das dez melhores do ano. Depois disso, as apresentações locais se multiplicaram e o tempo até chegar Florida, seu primeiro álbum lançado pela Big Dada, foi rápido.

Sua relação com a música brasileira começou quando duas amigas argentinas conheceram e se deslumbraram com o Funk carioca. A curiosidade trouxe Diplo ao Brasil para conhecer de perto as batidas que tanto lhe chamaram a atenção. Foi nas favelas que o produtor ganhou discos de MCs brasileiros, pegou suas influências e levou para os Estados Unidos para compor algumas faixas e mixtapes. A identificação com o tambor foi tão alta que M.I.A. se aproximou do DJ e propôs uma parceria. O resultado disso veio com os três álbuns da cantora, Piracy Funds Terrorism (2004), Arular (2005) e Kala (2007). Esse foi só o início para parar com o preconceito com música de favela e hypar o Funk para o mundo. E, para isso, M.I.A. contou com a ajuda da brasileira Deize Tigrona, hoje já consagrada em clubes europeus.

E, como forma de agradecimento, o produtor apadrinhou um trio, até então desconhecido, para representar o Funk em terras estrangeiras. Estamos falando do Bonde do Rolê, grupo original de Curitiba, mas com sangue carioca. Diplo gostou da reformulação do gênero em Electrofunk (ou Neofunk?) e vendeu ao mundo as buzinas com forte bassline. O apadrinhamento rendeu um álbum produzido por ele próprio e lançado em seu próprio selo fundado em 2006, Mad Decent, responsável pelo lançamento de música de artistas como Santigold, Lil’ Jon, Gucci Mane, Peter Bjorn and John, Bosco Delrey, Rusko e Buraka Som Sistema.

Da sua inquietude, surgiu em 2009 o Major Lazer, um projeto em parceria com Switch com intuito de relançar a música latino-americana. O duo decidiu se instalar na Jamaica para produção do álbum Guns Don’t Kill People, Lazers Do e contou com parceiros desde Vybz Kartel até Elephant Man. Dessa brincadeira, por exemplo, saiu a faixa Pon De Floor, que deu origem, posteriormente, ao hit Run the World, da Beyoncé.

O que poucos sabem é que essa música foi sampleada anteriormente pelo Afrojack, na I’ll Be There. O primeiro álbum do duo, Express Yourself, não é a única obra do produtor nesse ano. Diplo não parou em 2012 e todas suas produções estarão presentes no álbum Free the Universe, que tem data prevista para novembro. Algumas participações já estão confirmadas, como Ezra Koenig (Vampire Weekend), Tyga, Bruno Mars, Wyclef Jean e Flux Pavilion, dentre outros. O DJ também trabalha em seu próximo álbum solo e o descreve como “Gospel Sulista Psicodélico”. Dá para sentir um pouco da idéia do maluco com o vídeo da sua faixa inédita About that Life, com Jahan Lennon.

Depois do lançamento de Express Yourself, Diplo pediu para que os fãs postassem fotos no Twitter “diplando” (diploing). O resultado disso deu numa tempestade de fotos de gente de todo o mundo e as melhores você pode ver aqui.. O produtor explica que Major Lazer foi formado por ele e Switch somente no começo da carreira. Hoje, ele diz que Major Lazer comporta mais de 20 pessoas, desde produtores colaborativos até dançarinas dos seus shows.

Não é preciso ir a um show do Major Lazer pra perceber sua visível fixação por mulheres, bundas, requebrados, malemolências etc. Suas mutáveis produções acompanham isso desde sempre. É possível ver em uma mixtape recente de música jamaicana ou até em faixas de seu último álbum influências do Funk carioca. E esse é o grande “x” da questão. Diplo aproveita dos demais gêneros desconhecidos da música mundial e dá sua cara a partir das misturas do que há de melhor em cada uma. Essa é a essência da música de Pentz e é isso que encanta tanto.

Na “sessão curiosidades”, temos o americano como fundador do Heaps Decent, que tem o intuito de encorajar a criatividade artística em crianças desprivilegiadas da Austrália. É também o criador da The Jeffrees, como um sub-selo da Mad Decent, que trabalha somente com música de graça, com a ideia de evitar a competição com Beatport. Essa ideia de aglomeração e diversão é concretizada com a Mad Decent Block Party, que é uma “reuniãozinha” de graça que Diplo e seus amigos mais próximos – DJs incrivelmente talentosos – faz em algumas cidades pela América do Norte. Tudo isso em prol de que?

Diplo é do tipo de DJ que toca, como ele mesmo fala, em festa de empresários ricos até no morro da favela, de uma festa de formatura a uma boate com capacidade pra centenas de pessoas, da mesma forma. Sem muita restrição. A paixão do Diplo vem além de fazer dinheiro: Vem de fazer música. De inventar música. De respirar música. Inovar, inventar, surpreender. O produtor traz essa sede de pegar o que poucos conhecem, dar uma nova roupagem e mostrar pro mundo que a música é reciclável e que temos que abrir nossa mente para poder admitir que, até nos lugares mais inusitados, há boas formas de expressão musical. E é isso que ele procura e estimula ao mundo: Express yourself.

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Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King