Lançamento: Arii em uma viagem interior lo-fi

“Single Notations” é mais uma nova jornada House minimalista do selo Ballet Fractal

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Fotos: Image Dealers

Foram só quatro dias, mas renderam a mesma quantidade de tracks. Todo o processo é definido como uma “viagem, não necessariamente espacial ou temporal, mas através de conceitos e sentimentos”. Fritando horas direto numa workstation Electribe, o produtor Arthur Boeira criou o EP Single Notations, mais um trabalho do projeto solo Arii, que tem lançamento hoje pelo selo Ballet Fractal. Ouça:

“O arranjo e composição foram todos criados na virada de 2017 para 2018. Passei as tracks para o Ableton tratar o áudio faz pouco tempo. Todas as músicas foram criadas durante uma viagem, então o processo foi bem diferente do que eu costumo fazer no meu estúdio em casa. Eu evitei mexer ao máximo em cada música. Mas como fui tocando algumas ao vivo em alguns sets, acabei alterando alguns timbres e sequenciamentos, não teve como (risos). Mas aí é a viagem delas: as faixas estão sempre em constante evolução e mudança por conta disso. Experimentações na pista sempre são muito boas para elaborar melhor o som”, conta Arii em entrevista ao *Monkeybuzz.

A respeito do método de produção, ele destaca: “todo o EP foi produzido dentro da Electribe II. A idéia central foi utilizar uma máquina somente e tentar tirar algo coerente dela. Essa lógica de produção parte muito do processo do live que costumo fazer”.

Arii tem lançamentos anteriores pelos selos Cerebelo Records e GATOPARDO. No atual momento, trabalha intensamente com o Ballet Fractal. “Conheci os meninos há dois anos, foi numa gig que toquei em Campinas. Fui apresentado pela Cami Boreal aka Caleidoscópio Imaginário, na época, fazíamos muitos trampos de VJ juntos. Na hora eu percebi que a estética do Ballet tinha muita coisa em comum com o que eu procurava de pesquisa sonora, além disso, a busca visual me agradou muito também. Soa bastante minimalista, mas existe uma organicidade que complementa o que é o selo, e isso sempre foi algo muito massa para mim!”.

Residente do projeto audiovisual Cäimbra (o qual co-fundou em 2015), iluminação, projeções de vídeo e música são elementos intrínsecos na processo criativo do artista. “A produção audiovisual como um todo sempre foi uma espécie de partitura naquilo que eu sigo como inspiração. Para mim, criar nos dois âmbitos artísticos permite uma visão de cada objeto mais diversa e com interpretações muito diferentes. A mistura de conceitos visuais e sonoros sempre cria narrativas complexas e a relação entre imagem e som é passível de muitos processos/modos de fazer diferentes. Daí surgem muitas abordagens criativas. Penso nessa relação como um estabelecimento de ideias, sentimentos, palavras, signos vistos de dois ângulos complementares”.

O interesse por música eletrônica surgiu aos 16 anos. “Sempre gostei tanto que queria entender como funciona e como se fazia aquilo (risos). Na discotecagem, eu me abri pra muitos gêneros e pesquisas diferentes. Mas foi no formato live que encontrei o que mais brilhava aos meus olhos. Lembro que meu primeiro contato foi em uma apresentação do L_cio na Capslock. Foi choque total! Voltei mexido com tudo que eu tinha escutado e visto. Não conseguia sair da frente da caixa, observando tudo o que ele fazia. Aos poucos, fui entendendo que ali tinha um controle muito maior dos elementos e estrutura da música. Achei aquilo incrível, era uma maneira bem diferente do que mixar as suas próprias tracks. Encontrei ali um amor pela música muito verdadeiro e de qualidade e foi daí que comecei a produzir meus próprios sets.

Desde 2015, Arii já tocou em rolês como a Metanol FM, Sangra Muta, Caixa Esquerda e PopPorn, além de ter participado do última edição do SP na Rua. Hoje, ele também é residente da parceira Poros e da MOND, na qual faz um interessante trabalho de execução e pesquisa de novos artistas que tocam em formato live.

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ARTISTA: Arii

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