“Casas” ao vivo: Rubel conta sobre o show do disco

Músico toca no segundo dia do Coala Festival (02 de setembro) em São Paulo

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Fotos: Guido

Quase meio ano após seu lançamento, o álbum Casas já possui vida própria nos palcos, sejam os de teatros menores ou os de grandes festivais, como o do próximo Coala Festival (São Paulo). E qual a experiência que Rubel tem tido ao apresentar as novas músicas com sua banda? “Ela tem sido exatamente como eu imaginava que ela poderia ser”.

Falando ao Monkeybuzz por telefone, o músico carioca explica: “Fiz Casas pensando em um show de festival, um disco que poderia ser tocado para um público maior, que tivesse mais peso que Pearl, que tivesse mais energia, que fosse mais solar, mais grandioso ao vivo. Meu sonho era esse, porque eu senti que o show do Pearl não comportava um público tão grande. E a ideia era que os arranjos do Casas pudessem ser traduzidos ao vivo, principalmente para festivais”.

Ele não está sozinho na prática de trabalhar um lançamento pensado para palcos maiores. Um exemplo recente é Cícero & Albatroz, que teve os grandes shows como motivação por trás dos arranjos. “É muito curioso pensar nessa lógica inversa, de como os festivais estão começando a afetar as estéticas dos discos nas últimas décadas”, comenta Rubel, “acho que Radiohead é um bom exemplo disso. Talvez seja a maior banda de festival do mundo, e dá pra ver na sonoridade deles, nas escolhas que são claramente pensadas para esse tipo de espetáculo”.

Mesmo com Pearl há tanto tempo no mundo, foi só em 2017 que um festival de porte maior – no caso, o Do Sol, em Natal – colocou esse show entre suas atrações. “Eles não gostavam de mim antes”, brinca Rubel, “foi uma experiência boa por não ter sido tão boa, pra ver como a gente precisava de um outro tipo de sonoridade. E o diálogo com a estética do Hip Hop (de Casas) ajuda muito a poder fazer um show maior”.

Quem viu os shows do primeiro álbum e hoje assiste aos do segundo logo nota uma nítida diferença: Ele e banda não estão mais sentados. “Isso é um grande detalhe”, conta ele, “no Festival Do Sol, a gente tocou em pé justamente porque era um festival, mas aquela turnê não foi em pé, então eu não sabia o que fazer com o violão, pensava ‘preciso de uma cadeira’ (risos). Quando a gente foi fazer o show do Casas, ele já era em pé e fazia sentido, porque as músicas não podem ser tocadas sentadas com o arranjo da banda, não faz sentido, elas pedem essa energia”.

“Em Florianópolis, a gente tocou em um teatro de 900 lugares e as pessoas ficavam se levantando e sentando ao longo do show, dependendo das músicas, sem nenhum tipo de pedido da minha parte ou da banda. Elas simplesmente se levantavam nas músicas mais animadas e dançavam mesmo, e depois sentavam para uma música mais calma, como as do primeiro disco, e depois se levantavam, e sentavam. Era muito bonito de ver essa resposta orgânica às mudanças dos discos”.

O primeiro festival que recebeu Casas foi o Meca, em Inhotim (Minas Gerais), que serviu para ele e os músicos que o acompanham soubessem que o álbum está mesmo cumprindo suas funções nesse contexto. “Tem uma particularidade dos festivais que é ter o público que te conhece e o que nunca ouviu sua música”, conta ele, “essa era outra vontade que eu tinha, a de fazer um show que podia ser contagiante mesmo para quem não conhecia nenhuma das músicas, e no Meca eu vi que isso aconteceu, as pessoas ficaram muito mobilizadas, algumas não conheciam. Está sendo a melhor transposição possível do disco pro ao vivo”.

A experiência no Coala Festival deve ser parecida, já que ele terá a oportunidade de convidar uma enorme plateia para curtir seu som. Com show no domingo 02 de setembro, o segundo do evento, Rubel conta que quer aproveitar a oportunidade para ver também Mano Brown, Criolo – “o compositor, poeta e intérprete que mais me toca, é muito inspirador e muito inspirador ver que é possível esse nível de entrega e de força no palco” – e, principalmente, Milton Nascimento.

“Eu tô estudando muito o trabalho dele agora, fazendo uma pesquisa bem profunda de harmonia, composição e canção, de entender melhor os caminhos melódicos dos compositores que eu mais admiro trilharam. Estudar Milton é muito impressionante, porque ele abriu portas que nunca tinham sido abertas até então, é de uma sofisticação absurda. E esse cara tá vivo, e ele vai tocar com Criolo, que representa de alguma forma também um pilar gigantesco na música brasileira. E é muito louco tocar no mesmo palco que esses caras, isso pra mim ainda é… nem sei a palavra, vou descobrir um dia”.

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ARTISTA: Rubel
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.