Phill Veras conta sobre como foi fazer “Alma”, primeiro disco que assina como produtor

Show de lançamento do álbum será em São Paulo neste sábado (01º de setembro)

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Fotos: Nayron Rodrigues

Não é de hoje que ouvimos Phill Veras e percebemos ali uma cara quase “artesanal” nas músicas. Dá para sacar que ele passou um tempo trabalhando os aspectos de composição e de gravação com cuidado, colocando as próprias mãos na massa sonora que sai do forno como um novo disco. O fresquinho Alma é mais uma prova disso, sendo, ainda por cima, o primeiro que ele assina sozinho como produtor.

Falando ao Monkeybuzz por telefone, logo após um ensaio para o show de lançamento deste sábado (01º de setembro, no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo), o músico maranhense comenta que o processo foi “um tanto desafiador”: “Sou um cara meio chato e perfeccionista, é fácil eu gostar de uma coisa naquela hora e depois ficar procurando defeito… e quem procura sempre acha, né? (risos). Às vezes, eu me bitolava por pouca coisa, por isso que demorou pra sair o disco”.

Phill conversa de maneira muito semelhante a como canta, com uma certa calma e até timidez nas frases e nas pausas – a camuflagem perfeita para esconder o nervosismo confesso para o show no sábado, o mesmo com que ele preparou o álbum. Tem a ver não só com seu cargo de produtor na obra, mas também em como ela apresenta uma nova fase em sua carreira esteticamente, fruto de um processo de experimentação que veio se desenvolvendo ao longo dos anos.

“Tu faz um disco e quer fazer um disco totalmente diferente do outro, aí tem que pensar onde que tu pode ousar. Vai ousar na guitarra? Na voz? E sempre é uma surpresa, gera uma expectativa monstra”, explica ele, que continua: “Antes de lançar esse disco, eu estava pensando ‘cara, será que a galera vai gostar, será que vou receber muitas mensagens perguntando o que fiz com a minha voz?’. Ainda tô um pouco na ressaca dessa ansiedade. Acho que só vou conseguir ficar menos ansioso depois do primeiro show”.

O vocal chama atenção em Alma, demonstrando novas – e talvez ousadas – nuances do Phill Veras que já conhecíamos. “Fui descobrindo outras formas de cantar, adquirindo outros vícios na voz, acho que isso influenciou bastante”, explica ele, “experiência de palco também, porque eu fiz bastante show voz e violão, então fiquei muito centrado ali na minha, no que eu tinha que fazer. Comecei a ficar chato com a minha voz, fui procurar um jeito de melhorar”.

“O que eu vejo pela Internet é que a galera se apega muito às músicas que têm uma sonoridade mais Pop, ou as que lembram mais a minha primeira fase, enfim, a forma como eu sempre me apresentei”, ele conta. Por mais que ele tenha buscado experimentar mais, Phill reconhece que seu objetivo é se manter em um território mais Pop. “Eu gosto muito de música popular, tipo ouço Beatles, o que pra mim é tão Pop quanto Lady Gaga”, comenta ele, “falo que faço música Pop mais pelas minhas referências, sempre levo isso em consideração.

Ao ser perguntado como ele explica ao motorista do Uber que tipo de som ele faz, ele brinca: “Cara, esse é o pior papo. Quando eu entro com o violão no carro, o cara já pergunta ‘ah você é músico, que você toca?’. Se eu não tô com saco, eu falo, sei lá, que eu toco Samba com um amigo meu, qualquer coisa assim. Nem digo que sou cantor, falo que eu só toco, dou uma enrolada (risos)”. Isso vem da dificuldade que ele ainda tem ao tentar definir resumidamente o que faz: “Acho que é uma coisa meio Indie, meio MPB, mas nem sei. MPB é outra coisa, é Luan Santana. Não sou tão popular quanto Luan Santana, mas… tento fazer música Pop (risos)”.

Sobre o show no Auditório do Ibirapuera e a turnê de Alma, ele comenta que as músicas estão bem parecidas com o que ouvimos no disco, com algumas brincadeiras instrumentais entre as faixas. “Tô começando a curtir mais o lance do show agora, porque achava assustador demais”, conta ele, “hoje em dia, a única coisa que me assusta mesmo é o show de lançamento. É o primeiro, tem que focar no ensaio, estar pegando as coisas direitinho. Depois que passa, lá pelo sexto show, pessoal tá tudo ensaiado tocando de olho fechado, daí eu fico mais tranquilo. Quatro anos atrás, eu ficava ansioso em qualquer show, podia ter dez anos de ensaio nas costas, mas eu tava ansioso porque ainda era novo lidar com o palco. O lance de tocar sozinho voz e violão me deu uma segurança maior”.

Agora que produziu sozinho pela primeira vez, ele diz que “com certeza” quer repetir a experiência, inclusive na produção de outros artistas. “Não faço ideia o que vai rolar daqui pra frente. Vou vivendo como dá pra viver, mas sempre gerando expectativa brutal, sempre ficando ansioso”, comenta Phill, “eu já tava querendo sentar pra produzir o próximo disco, tenho que respirar fundo. Porque a coisa que eu mais gosto é gravar, mais do que fazer show”.

“Meu sonho é ter meu estúdio, gravar os discos dos outros e fazer um meu por ano. Viajar menos, talvez. Gosto muito de viajar, mas às vezes a logística do trampo de tocar, acho meio cansativa. Eu acho que sou um cara velho, saca? Tenho 26 anos, mas acho que tenho 80. Gosto de ficar em casa gravando tranquilo. Sou grato pra caramba por ter a vida que eu tenho, poder tocar, poder ter meu público, acho massa demais. Mas eu gosto mesmo é de gravar”.

Phill Veras: Show de lançamento de Alma Sábado, 01º de setembro, às 21h Auditório do Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, Parque do Ibirapuera, Portão 2) Ingressos: Ingresso Rápido Evento: Facebook

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ARTISTA: Phill Veras
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.