Cobertura: Mamba Negra Passatta

Comandado pelas mulheres, evento independente amadurece e ganha ares de festival

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Fotos: Ivi Maiga Bugrimenko

Algo muito especial aconteceu na Fabriketa (em São Paulo) neste último sábado durante a edição Passatta da Mamba Negra. O mesmo sentimento é compartilhado por todos que passaram pela festa, marcada por 24 horas de duração. Tarefa árdua é explicar esse sentimento, mas a reportagem do Monkeybuzz cogita algumas possibilidades.

No primeiro dia da primavera, cerca de 2 mil pessoas, de minas e caras cis ou trans, negros, brancos, daqui ou de longe, todos dividiram as pistas numa vibe incrível. Desde o comecinho, há seis anos, a Mamba Negra mantém um dos ambientes mais diversificados e gostosos de frequentar. A lista free para trans e drags só fortalece as bases desse clima aconchegante, onde prevalece a liberdade e respeito às diferenças.

Para quem é mulher, ver o palco dominado por garotas no som e na técnica é de aquecer o coração. Nesse clima empoderador, Valentina Luz Coletividade NAMÌBÍA abriu a pista em cima de um salto agulha, destilando um set da House ao Funk carioca que supreendeu e mostrou por que a Mamba é um espaço tão estimulante de criação. Valentina atuava na Mamba como performer e agora expandiu seu trabalho musical para discotecagem. Vale destacar que a Mamba Negra virou cenário incentivador ideias criativas e transformadoras, com espaço para evolução artística em todos âmbitos além da música. Isto pode ser notado também na trajetória das marcas presentes no rolê, como a BEMLIXO ou Ismagia, nos performers, iluminação e até na produção da festa em si, que aumenta cada dia mais a capacidade de articulação

Na sequência, a estreia do live da Laura Diaz aka Angela Carneosso em território mambanegrense, após algumas apresentações na Existe Pista Após A Morte?. As experimentações sonoras abriram caminho perfeitamente para a onda noise do Tantão e Os Fita.

Agora é vez de ir para o outro lado da Fabriketa. Vic Ortiz da Caldo iniciou os trabalhos com classe na segunda pista. Depois de uma performance elogiada no festival holandês Dekmantel e passagens pelo Berghain e De School, a DJ Cashu aterrissou com um set avassalador, recheado por produções locais, como do duo My Gilrfriend. Na sequência, a russa radicada israelense Dr. Rubinstein, que esticou o set até a entrada de Amanda Mussi (Düsk/House of Divas), que também se apresentou recentemente na pista principal do Berghain. Num calor beirando 30 graus, Carol Mattos e Lagoeiro (MASTERplano) embalaram o after horas a fio, muito além do planejado. Conclusão: ponto para as meninas.

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