Tirzah comenta sobre o processo de criação de seu primeiro álbum, “Devotion”

Disco saiu após cantora ter chamado atenção de Joe Goddard (Hot Chip) e Tricky

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Fotos: Divulgação

Que cada um tem sua própria visão sobre uma música ou um disco, isso ninguém questiona. No caso de Devotion, o recém-lançado primeiro álbum da britânica Tirzah, ela mesma conta que há uma variedade interessante de percepções sobre suas músicas, que diferem inclusive de sua relação com a obra, feita como um exercício criativo através de estímulos mais espontâneos do que pode parecer.

Falando ao Monkeybuzz por telefone, a cantora e compositora brinca que não presta muita atenção no que os outros estão dizendo (“entra por um ouvido e sai pelo outro (risos)”), mas que muitos comentam o conteúdo pessoal do registro. Para ela, no entanto, o disco tem sua pessoalidade firmada na dinâmica estabelecida com sua parceria musical de quase duas décadas, a produtora Mica Levi (Micachu).

“Nosso trabalho é uma extensão da nossa amizade”, comenta ela, “trabalhei intimamente ao lado de uma das minhas melhores amigas. Não tinha como não ser um disco pessoal”.

A cumplicidade entre as duas favoreceu essa carga de músicas cantadas na primeira pessoa que narram histórias vividas por Tirzah ou que ela observou em pessoas próximas. Além disso, estarem ambas fechadas no estúdio por tanto trabalhando estas composições ajudou na originalidade que elas apresentam.

“A minha sensação é a de que nós dois estávamos trabalhando isoladas, fazendo as coisas do nosso jeito, sem perceber o que acontecia fora dali”, conta ela, que conheceu Micachu na escola aos 13 anos, enquanto as duas recebiam educação musical clássica. Sobre essa época, ela comenta que “acho que me deu uma apreciação maior pela música, talvez isso me motive também a experimentar mais. Meus estudos mais clássicos não são algo que eu consigo identificar na minha música. Deve ter alguma coisa ali, mas eu não enxergo (risos)”.

Para longe da harpa, violino e tudo o que elas estudaram na escola, a parceria cresceu e chamou atenção de muita gente, como de Joe Goddard (Hot Chip), que recebeu Tirzah para seu primeiro EP pelo seu selo Grecco-Roman, e também de Tricky, que convidou a cantora para Sun Down. Sobre esse último, ela conta que adorou estar com ele no estúdio porque, além dele ser “uma pessoal legal de estar por perto”, “eu tinha outro trabalho na época, e poder fazer música com ele e depois voltar para o meu emprego era viver dois mundos muito diferentes. Foi uma experiência muito divertida”.

Esse pé em um universo e o outro em um segundo lugar tem muito a ver com sua música, assim como com essas perspectivas tão diferentes que se tem sobre ela. O que chamou a atenção em Goddard e em Tricky foi o Pop estranho que ela e Micachu apostaram, embora, para um público maior, sua música está distante de ser Pop. Para ela, se for para definir seu som em um estilo, seria Soul – “mas Soul à minha maneira, do jeito que eu gosto de fazer”.

Tal sonoridade – Eletrônica aqui, mais crua ali – chega muito em par com o que vem sendo produzido ao redor do globo, o que gera também uma outra qualidade que pode ser percebida em seu trabalho. “Acho que sempre tem gente fazendo música com isso em mente”, explica, “no meu caso, não foi algo muito consciente. Era só como queríamos fazer as coisas. Mas todo mundo é uma esponja, a gente absorve muita coisa que depois serve como inspiração”.

“Acho que o som rolou naturalmente. Estávamos tão focados no som que a estética veio de carona. Eu não penso muito nessas coisas – o que, a esse ponto, já deve ter ficado óbvio (risos)”.

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ARTISTA: Tirzah
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.