“Azul Moderno”: Luiza Lian comenta seu terceiro disco

Cantora realizará dois shows de lançamento em São Paulo neste fim de semana

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Fotos: Divulgação/ Facebook

Em fevereiro de 2017, Luiza Lian falou ao Monkeybuzz que se sentia “outra pessoa no palco hoje do que era há dois ou três anos”. Na época, ela se despedia de seu primeiro disco, de 2015, para começar a divulgar o que veio a ser o disco álbum visual Oyá Tempo (2017). Ao ouvirmos seu recém-lançado Azul Moderno, não é difícil imaginar que a cantora que subir aos palcos neste fim de semana para apresentar seu novo show em São Paulo já não é a mesma também de um ano e meio atrás.

Isso não só porque a repercussão do segundo lançamento rendeu experiências diferentes de seu trabalho de estreia, mas porque a própria gestação do terceiro registro não foi igual às anteriores – casos que influenciam e moldam a mente de qualquer artista.

As diferenças começaram no processo de composição das novas músicas. Falando ao site por telefone, ela explica que algumas foram feitas no violão, “o que eu nunca fiz antes, geralmente eu componho na voz e nas palmas”. Houve também a parceria com a escritora Leda Cartum, que trouxe toda uma nova dinâmica criativa para a cantora.

Em suas palavras, “eu nunca tinha feito assim, esse jogo de ter um refrão, conversar um monte sobre a vida, ela escrever várias coisas e eu entender como elas poderiam ser musicadas. Isso veio de um aprendizado do Oyá, porque antes eu fazia as letras e as melodias juntas, não tinha tido muito o papel de musicar uma poesia, sabe? Ou então de dar uma melodia pra alguém e ela ver quais palavras encaixar, com uma cabeça mais da literatura. Foi um processo interessante de troca com várias pessoas e diversos processos artísticos pra depois colocar num caldeirão único”.

“A principal diferença dele pros outros é que ele teve bastante tempo pra ser maturado, ao mesmo tempo que tinha um objetivo mais claro, mesmo que ele tenha se transformado ao longo do caminho”, comenta Luiza. Sobre a dinâmica de produção, ela brinca ter sido “produtora dos produtores”: “Eu sabia que queria usar um tanto do trabalho do Charles [Tixier, com quem trabalhou em Oyá Tempo] e um tanto do Tim [Bernardes, de Luiza Lian], e eu não sabia como seria ter os dois juntos, porque eles têm formas muito diferentes de trabalhar. Quando a gente começou a gravar, no fim de 2016, eu já comecei a sentir como seria o processo. Ali era levantar as bases, e eu entendi que isso seria algo mais da produção do Tim, e que valeria mais eu pegar esse material bruto e jogar pro Charles transformar depois completamente”.

Mais do que citar referências para Azul Moderno em si, a artista cita os músicos que mais lhe inspiraram de maneira geral – Metá Metá, Céu, Anelis Assumpção e Arnaldo Antunes, entre outros. “Acho que é uma falha nossa, na hora de citar as referências, mencionar um monte de gringo e esquecer que foi ao show da Tulipa Ruiz e da Céu, que também ressignificaram muitas coisas e têm uma memória auditiva muito grande da música brasileira – do Caetano, Gal, Chico. Tenho pensado muito nessa relação colonizada que a gente tem”, comenta ela.

Mas Luiza está sendo diretamente influenciada pelos músicos com quem dialoga no estúdio, no palco e na cena como um todo. “Acho que as pessoas que me formaram mais musicalmente, com quem eu troco e com quem eu toco”, ela conta, “eu vou ser muito influenciada pelos músicos que estão ao meu redor”. Isso também garante que, no trânsito entre festivais, turnês e bastidores, ela esteja sempre sendo transformada criativamente. “Não quero empacar, ficar numa coisa só, de ‘encontrei um estilo’ – sei lá o que eu encontrei, ainda tô buscando (risos)”.

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ARTISTA: Luiza Lian
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.