Glue Trip é “uma grande mistura”

Lucas Moura falou ao site sobre o recente “Sea at Night”

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Glue Trip mistura referências da música Eletrônica com a música brasileira e até Krautrock” – não sou eu quem está dizendo isso, nem mesmo as aspas vêm da resenha do recém-lançado Sea at Night. Quem destrinchou o som do grupo paraibano usando essas palavras foi o próprio Lucas Moura, que, falando ao Monkeybuzz por telefone, explica que quem está no Brasil hoje acaba sendo influenciado pelo som Psicodélico que flui tão bem por aqui: “A psicodelia brasileira virou uma bandeira para unir as bandas que estão fazendo algo um som que não importa se é Rock ou é Eletrônico”.

Nesse cenário, o grupo de João Pessoa tem conseguido fazer por merecer seu destaque. Ao ouvir faixas como Waves e Friend Zone Forever, você logo saca que há algo ali de Tame Impala e de Unknown Mortal Orchestra – ambas citadas por Lucas como influências -, mas seu som vai além. “Quando comecei há uns anos, essas referências eram muito excitantes na hora de fazer música, dava gosto”, conta ele, “nossa primeira estética foi pegar essas bandas que estavam despontando e unir à música brasileira fazendo algo cosmopolita. A banda sempre foi uma grande mistura”.

As referências daqui do país não estão só no Funk Carioca ali no fim da já citada Friend Zone Forever, mas nas percussões e timbres psicodélicos que percorrem o álbum (ouça Honey que você vai entender). “Essa linguagem brasileira sai muito natural”, diz ele, “o que a gente mais escuta é a música brasileira da fase mais psicodélica dos anos 1960, 70”. “Cresci muito ligado a essa música brasileira de resistência – Chico Buarque, Gilberto Gil -, e isso foi uma coisa que me chamou muita atenção”, continua o músico, “quando você é mais novo, você não dá muito valor quando vê seus pais escutando, você vai ficando mais velho e vai tendo uma perspectiva de música diferente, vai sabendo mais da história do Brasil e vai vendo que eram bandas de resistência, eram pessoas ali num front contra o que estava acontecendo no Brasil”.

E isso nos traz de volta a 2018, quando toda essa mensagem faz-se novamente relevante. “A gente se identifica porque a gente vê o que o país se tornou, ninguém vai fechar os olhos pra isso”, conta Lucas, “no momento que a gente vive agora, é muito importante para os músicos e artistas estarem presentes. Tem que se posicionar, não pode ficar parado não”.

Gravado em casa Sea at Night teve uma produção “mais orgânica”, nas palavras do músico, “a gente gravou muita percussão, usou menos loops e gravou as baterias”. Além disso, há mais participações desta vez, o que ele diz ter sido “muito massa, porque a música não é mais algo individual. Você abre para as outras pessoas colocarem as linguagens delas”.

Isso é algo que Glue Trip deve repetir em seus próximos lançamentos. “Demorou muito pra esse disco sair, form dois anos para chegar a esse resultado final”, conta Lucas, “minha ideia é não demorar tanto para lançar o terceiro disco, já estou compondo algumas músicas. Algumas que não entraram nesse vão entrar nele também”.

Após passar por Belo Horizonte e Rio de Janeiro, a banda chega a São Paulo para show nesta quinta, 18, na promessa de uma apresentação cheia de energia. “A gente traduz essas músicas do Eletrônico para o orgânico”, ele comenta, “são sintetizadores, mas é uma pessoa tocando ali, não programações. A união dos dois discos se dá, além da capa, muito no ao vivo. No show, você consegue achar essa unidade”.

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ARTISTA: Glue Trip
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.